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Mulher cozinha em campo de refugidos improvisado na fronteira sudoeste da Síria com a Jordânia. Foto: Syria Awareness Campaign

’Não queria estar na Jordânia’, diz refugiada

(Ramtha, brpress) - Safaa Alrifae deixou Daraa, onde combate se intensificou, antes do fechamento da fronteira jordaniana, que 280 mil deslocados sírios tentam cruzar. Por Juliana Resende.
Safaa Alrifae deixou Daraa, onde combate se intensificou, antes do fechamento da fronteira jordaniana, que 280 mil deslocados sírios tentam cruzar
Por Juliana Resende 

(Ramtha, brpress) – O clamor das Nações Unidas para que a Jordânia, que está entre os países vizinhos que mais recebeu refugiados, reabra sua fronteira com a Síria cresce proporcionalmente à intensificação dos conflitos no sul do país. O apelo da ONU está ecoando na indignação de organizações não governamentais como Genocide in Syria e Human Rights Watch (HRW). Segundo comunicado emitido por HRW em 04/07, até os próprios jordanianos estariam pressionando seu governo nas redes sociais para receber refugiados da cidade síria de Daraa.

É de lá que saiu a agente de saúde de Médicos Sem Fronteiras (MSF) Safaa Alrifae há três anos, quando os conflitos entre as forças do governo de Bashar Al-Assad, apoiado pela Rússia, e rebeldes provocaram fuga em massa de civis para a fronteira com a Jordânia e mais uma crise humanitária. Aos 40 anos, viúva e mãe de três filhos, Safaa foi convencida pela filha mais velha a cruzar a fronteira rumo à cidade de Ramtha, a 90km de Amã, capital da Jordânia, em 2013, para viver longe dos constantes bombardeiros e das violências da guerra civil síria que já matou mais de 500 mil, feriu mais de 1,5 milhão, deslocou internamente 6 milhões e externamente 5,6 milhões (segundo o Alto Comissariado para Refugiados das Nações Unidas), desde o início do conflito, em 2011.

Pior lá

“A situação no sul da Síria [onde fica Daraa, onde o conflito começou com protestos anti-governo] é muito dramática porque o Assad está tentando recuperar o controle desta região – uma das poucas ainda com forte resistência dos rebeldes, como a cidade de Idlib, ao norte, chamada de “caixa de morte”, diz Safaa. Cerca de 270 mil sírios estão na fronteira com a Jordânia, que está fechada desde junho de 2016.

Apesar da sorte de ser contratada para trabalhar ajudando pessoas que chegam à Jordânia, como ela, apresentando Transtorno de Estresse Pós-Traumático (PTSD, sigla em inglês para Post Traumatic Stress Disorder), quase sempre acompanhado de depressão e necessidade de tratamento médico, Safaa Alrifae diz que sempre pensa em voltar para a Síria, “porque não há muita gente ajudando lá dentro”.

“Eu não queria vir para a Jordânia”, continua Safaa, apesar de reconhecer ser a melhor opção devido à curta distância de Daraa a Ramtha, onde há muitos descendentes de sírios e onde Médicos Sem Fronteiras opera um projeto de assistência em saúde mental e física aos refugiados sírios que leva o nome da cidade jordaniana. “Não me sinto muito confortável aqui. Mas não é seguro na Síria – não só pela guerra, mas eu posso ser presa pelo regime [de Assad]”, argumenta.

Números do Hospital de MSF, em Ramtha(*)

– 2.700 feridos de guerra atendidos na emergência;

– 1.842 pacientes sírios;

– 3.700 cirurgias de alta complexidade;

– 8.500 sessões de fisioterapia;

– 5.900 atendimentos de suporte psicossocial

(*) Em quatro anos de funcionamento.

Fonte: MSF

 

Assista a vídeo de Médicos Sem Fronteias na Jordânia: 

 

Juliana Resende

Jornalista, sócia e CCO da brpress, Juliana Resende assina conteúdos para veículos no Brasil e exterior, e atua como produtora. É autora do livro-reportagem Operação Rio – Relatos de Uma Guerra Brasileira e coprodutora do documentário Agora Eu Quero Gritar.

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