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Papa Bento XVI pode ter credibilidade afetada pelos escândalos de abuso sexual de menores relacionados à sua ex-diocese e por vítimas que cantavam em coral dirigido por seu irmão.blogdobatman.files.wordpress.com Papa Bento XVI pode ter credibilidade afetada pelos escândalos de abuso sexual de menores relacionados à sua ex-diocese e por vítimas que cantavam em coral dirigido por seu irmão.blogdobatman.files.wordpress.com 

E se o Papa renunciar?

(Genebra, brpress) - "Tsunami" de denúncias de abusos de menores por padres, incluindo diocese alemã relacionada diretamente a Bento XVI e seu irmão, complicam situação da Igreja. Por Rui Martins.

(Genebra, brpress) – E se o Papa Bento XVI for obrigado a renunciar com esse “tsunami” que se chama pedofilia e abuso de crianças na Igreja? Segundo analistas, como John Allen, ouvido pela CNN, é muito difícil que isso aconteça – o único caso foi no século 12. Mas a credibilidade de Joseph Ratzinger certamente pode ser minada com a revelação de que, enquanto arcebispo da diocese de Munique, ele permitiu que um padre, identificado somente como H, transferido de Essen, exercesse serviços ecumênicos no começo dos anos 80, mesmo estando em “terapia” por abuso sexual de menores. A arquidiocese insiste que o Papa nunca chegou a tomar conhecimento pessoal do caso. Mas e o fato de duas vítimas, auto-identificadas, estarem diretamente relacionadas ao coral de meninos dirigido pelo padre George Ratzinger – irmão do Papa, de 1964 a 1994?

É difícil acreditar que João Paulo II, prestes a ser beatificado, ignorava as denúncias de ‘delicta graviora’ que chegassem ao Vaticano. E, na verdade, a culpa nem era tanto do polonês mas do seu auxiliar imediato Joseph Ratzinger, que decidira centralizar no Vaticano todas as confissões de padres pedófilos, tirando dos padres locais a possibilidade de conceder a absolvição e de levar a questão à justiça comum, a justiça de todos nós, deixando casos escabrosos chafurdarem no limbo da lei canônica.

Pecado

E esse é o grande pecado da Igreja, que nem mesmo infinitos  padre-nossos, ave-marias e salve-rainhas podem ser suficientes para obter o perdão da sociedade. O pecado de se considerar numa “outra” esfera legal, sujeita a uma “outra” justiça, como nos tempos passados da teocracia, quando a Igreja mandava no poder temporal, tribunais inclusive, porque se impunha e se acreditava ser a manifestação divina na Terra.

Assim, enquanto alguns dos 300 padres “julgados” formalmente pela Igreja de estarem envolvidos em abusos sexuais, de 2001 a 2010, em busca de um calmante para a má consciência, contavam para seu confessor, o máximo que podia acontecer era uma remoção da paróquia. Jamais uma entrega do padre à justiça como ocorre fora da recinto fechado dos confessionários.

Celibato

O escândalo dos padres pedófilos, num efeito dominó, que vem dos EUA para a Irlanda, da Holanda para a Alemanha, da Áustria agora para a Suíça, com denúncias em cadeia de centenas de homens e mulheres já na meia e terceira idades mas marcados pelo abuso de que foram vítimas quando crianças mostra a grande responsabilidade da Igreja ao criar o celibato.

Se o apóstolo Paulo foi o responsável por essa exigência, ao fazer o elogio do celibato e da dedicação plena a Deus, ele próprio dizia na sua epístola ser melhor casar para os que não pudessem fazer o mesmo. Na verdade, ao proibir o casamento e os filhos dele decorrentes, a Igreja quis se preservar de um contato com a sociedade e, ao mesmo tempo, preservar suas riquezas e seu poder.
Criou-se uma sociedade à parte do mundo, fechada só para homens, com versão feminina nos conventos, estéril em decorrência mas com outras fórmulas de sucessão.

Doutrina perversa

Seria de se prever as perversões decorrentes, desde o homossexualismo intramuros aos abusos de crianças, aos delírios e histerias nos conventos femininos com suas aparições compensatórias, logo qualificadas de visões e mensagens divinas, quando não intepretadas como manifestações do demônio com a purificação pelo fogo das fogueiras, como se fazia na Idade Média.

Lembro-me de testemunhos de padres desesperados, tentados pela carne ( na verdade nada mais que o instinto sexual natural do ser humano) que, no Canadá, chegavam a se emascular morrendo numa poça de sangue ou vivendo como castrados. No Brasil, a reação do clero não foi assim dramática. Nossa literatura está plena de padres com amantes e progenituras diversas, pois, ao perceberem ser impossível o celibato ente o Equador e os Trópicos, preferiram se adaptar sem os extremos dos canadenses.

Aonde quer chegar essa Igreja que insiste em negar a essência dos seres humanos, forçando jovens normais a sequer se masturbar e condenando casais a fazerem sexo sem preservativos e/ou sem pílula, para que o prazer seja acompanhado de fecundação sem possibilidade de aborto? Na impossibilidade de se tornar santos e de obter a impotência por graça divina, muitos representantes do clero se tornam desprezíveis por abusarem de crianças.

Anti-modernização

Joseph Ratzinger foi um dos que impediram a modernização da Igreja no Concílio do Vaticano II, convocado por João XXIII. O Vaticano preferiu retornar aos tempos da tortura e da Inquisição, quando Paulo VI enterrou o Concílo com sua encíclica Humanae Vitae. E, depois de um retrógrado João Paulo II, é a vez de um ultraconservador Bento XVI.

Conta o teólogo Hans Kung, marginalizado pelo Igreja, como os nossos padres defensores da extinta Teologia da Libertação, que existe uma semelhança entre a Primavera de Praga, o eclodir do socialismo democrático de Dubcek com o amordaçamento do Concílio do Vaticano II pela cúria romana do Vaticano. Sem tanques, sem mortes, mas com o aniquilamento de uma grande reforma, que teria evitado hoje o triste espetáculo de uma Igreja sexualmente doente.

(Rui Martins/Especial para brpress)
 
 

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