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FOTO - Nando Prado em cena do musical Jekyll & Hyde - O Médico e O Monstro.Rafael Beck/DivulgaçãoFOTO – Nando Prado em cena do musical Jekyll & Hyde – O Médico e O Monstro.Rafael Beck/Divulgação

Acima do bem e do mal

(São Paulo, brpress) - Musical O Médico e O Monstro, em cartaz no Teatro Bradesco, desconstrói maniqueísmo ao defender que o bem e o mal habitam o mesmo ser. Por Lucianno Maza.

(São Paulo, brpress) – A grande qualidade do romance Strange Case of Dr Jekyll and Mr Hyde (no Brasil, O Médico e O Monstro), de 1886, escrito pelo escocês Robert Louis Stevenson, foi desconstruir parte do conceito de maniqueísmo ao defender que o bem e o mal habitam o mesmo ser, materializando-os na dupla personalidade do protagonista Henry Jekyll, um cientista que, na Londres do século XIX, intencionava libertar o homem de seu mal. A versão brasileira em forma de musical, de Claudio Botelho, em cartaz no Teatro Bradesco, também explora estes falsos limites.

O intento soa inicialmente como benéfica ideologia, mas pode ser encarado também como perverso pensamento de pureza e superioridade humana, ao julgar quem é bom e quem não é. Em suas experiências, o doutor acaba não castrando seu lado negativo, mas sim o liberando descontroladamente, com sede de vingança e subversão, na figura do taciturno assassino Edward Hyde, com quem travará uma luta até que apenas um – ou nenhum – sobreviva.

No musical Jekyll & Hyde – O Médico e O Monstro, que estreou no início dos anos 90 nos Estados Unidos, chegando com grande sucesso à Broadway, Leslie Bricusse adapta o romance de suspense e terror de forma um pouco ligeira demais.

Mulheres

A boa ideia do libreto são as personagens femininas que representam os desejos de Jekyll e Hyde: o bem, na figura da futura esposa Emma Carew, aristocrata elegante, complacente às necessidades do noivo; e o mal personificado na prostituta Lucy Harris, libertina e apaixonada, que habita o inconsciente obscuro do personagem principal, o qual é libertado e concretizado por seu alter-ego malévolo.

Com letras do autor, a ótima música de Frank Wildhorn tem batida muito interessante e estabelece o necessário clima soturno do espetáculo. Presença indispensável aos bons musicais encenados por aqui, a versão brasileira de Claudio Botelho apresenta a excelência de costume.

Ressalvas

Apesar de ser livre de fidelidade à montagem original, a produção optou por contratar o diretor americano Fred Hanson, que atua de forma protocolar sem erros – mas também sem qualquer ousadia. As cenas são bem realizadas, com exceção do dueto na festa de noivado de Jekyll e Emma, que, numa canção íntima de amor, canta grande parte do tempo voltados para a plateia.

Muito estranho, também, é que o nome do prostíbulo, Rato Rubro, surja em português e quando aparece uma placa da farmácia lê-se “pharmacy”, e que a ponte de ferro do cenário seja usada para interligar os cômodos de uma casa inverossímel.

Bom time

O elenco é encabeçado por Nando Prado, que tem inegável entrega como o perturbado cientista e a besta fera em que se transforma. O ator constrói uma garbosa imagem para o primeiro, e se prejudica com a forma um pouco caricata na qual forja o segundo – contraditoriamente, sua boa voz cresce nas músicas entoadas pelo lado assassino.

Destacando-se com louvor, Kacau Gomes, jovem atriz que está no teatro musical desde a retomada no Rio de Janeiro, tem agora sua grande chance de brilhar num papel de protagonista. E o faz muito bem, exibindo força tanto na interpretação quanto no canto de sua prostituta.

Outra jovem e tarimbada atriz, Kiara Sasso, famosa pelos papéis principais em espetáculos de franchising da Broadway (o que avaliza sua qualidade técnica) e em montagens da dupla do versionista e Charles Möeller (assegurando sua criatividade), lida muito bem com uma personagem menor, alcançando momentos sublimes na interpretação de suas canções.

Quanto aos numerosos e acertados coadjuvantes, chamam a atenção Cidália Castro, por sua belíssima voz e humor, e Blota Filho pelo bom aproveitamento de suas cenas.

Sessões: quintas, às 21h; sextas, às 21h30; sábados, às 17h e 21h30; domingos, às 18h.

Ingressos: R$ 40,00 a R$190,00.

Teatro Bradesco/Bourbon Shopping Pompéia – Rua Turiassu, 2100 – 3o andar; (11) 3670-4141

(Lucianno Maza, do Caderno Teatral / Especial para brpress)

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