Cirque du Soleil: viagem sensorial
(São Paulo, brpress) - Em cartaz no Parque Villa-Lobos, Quidam é um sonho vale o ingresso. Por Lucianno Maza.
(São Paulo, brpress) – Fundado nos anos 1980 por Guy Laliberté, o Cirque du Soleil é hoje uma das maiores instituições privadas de entretenimento do mundo, arrastando verdadeiras multidões para seus espetáculos ao redor do globo, tendo grande sucesso de vendas dos CDs e DVDs de suas produções, e influenciando as artes performáticas. Atualmente em cartaz no Parque Villa-Lobos, Quidam, de 1996, foi realizado por um dos diretores artísticos mais recorrentes na história do grupo: Franco Dragone.
O espetáculo parte da imaginação de uma menina triste e solitária, cansada de sua vida, que anseia por emoção e diversão, mas é ignorada por seus pais alienados. Num dia, ela recebe a visita de um misterioso transeunte anônimo, um homem sem cabeça, mas que carrega um chapéu – é Quidam, o personagem do título. Ao colocar o chapéu dele, a jovem é transportada para um universo fantástico, fascinante e assustador ao mesmo tempo, onde irá cruzar com figuras encantadas que parecem saídas de um sonho ou pesadelo.
Alice e Dorothy mais dark
Com um tom melancólico e onírico, a história, de certa forma, remete às jornadas das personagens Alice e Dorothy dos clássicos infantis Alice no País das Maravilhas e O Mágico de Oz. Esta linha dramatúrgica é sutil, mas estabelece bem o ambiente necessário para o show, cuja principal qualidade é criar uma trama surrealista com personagens humanos, ou próximo disso, dispensando as figuras animalescas, muito utilizadas pelo grupo.
A interessante música de Benoît Jutrás tem um forte caráter espetacular e é essencial para consolidar o clima mágico e sensorial. Com uma estética mais dark e um pouco menos de exuberância que outros trabalhos, o espetáculo causa certa estranheza à expectativa inicial que se tem da companhia, mas é realmente encantador.
Circo, afinal
É claro que não podemos nos esquecer que, apesar de todas as inovações, estamos num circo, e o foco principal são os números, dominados por acrobatas, equilibristas e malabaristas, sem deixar de lado os palhaços. E é neste ponto que reside a excelência absoluta da cia.: profissionais de técnica impressionante, num alto nível de perfeccionismo.
O conjunto é precioso, mas cabe destacar os números da roda alemã, com sua força e precisão, e o chamado Statue – Vis Versa, onde um casal, sem perder o contato com seus corpos, cria imagens impressionantes, num grande exercício de flexibilidade e concentração. Outro número de grande empatia com o público é o dos iôiôs chineses feito por quatro garotas.
Ótimos, os famosos palhaços do grupo surgem aqui em duas versões: primeiro no simpático mestre de cerimônias, que permeia a presentação, e depois no palhaço principal que faz com desenvoltura seus números tradicionais com a participação de pessoas da platéia.
Ao fim deste imperdível Quidam, a sensação que se tem é que o sonho vale o ingresso.
Sessões: quintas, e sextas, às 21h; sábados, às 17h e 21h; e domingos, às 16h e 21h. Até 04/04.
Ingressos: de R$ 190,00 a R$ 390,00.
Parque Villa-Lobos – Av. Professor Fonseca Rodrigues, 2001; (11) 4004-3100
(Lucianno Maza, do Caderno Teatral/Especial para brpress)