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Equipe do Teatro Para Alguém: teatro na internetEquipe do Teatro Para Alguém: teatro na internet

De pijama na plateia

(São Paulo, brpress) – Peças a um clique do mouse com a chegada do teatro brasileiro à internet graças a dois sites que apostam na transmissão virtual. Por Lucianno Maza.

(São Paulo, brpress) – Um clique no mouse e as cortinas se abrem: na tela do computador os atores se apresentam exclusivamente para você, que pode assistir ao espetáculo quando e onde quiser, em qualquer parte do mundo. Esta chegada do teatro brasileiro à internet acontece graças a dois sites que apostam na transmissão virtual.

    Primeiro surgiu o Teatro Para Alguém (www.teatroparaalguem.com.br), criado em 2008, e atualmente indicado ao Prêmio Shell de Teatro na categoria especial. Mais recentemente veio o Cennarium (www.cennarium.com), lançado no último Dia Internacional do Teatro (27/03), com o alarde de um investimento inicial de R$ 10 milhões.

    Em comum aos dois projetos, a preocupação social em democratizar o acesso às artes cênicas para 95% da população brasileira que, por diversos motivos, não frequenta o teatro convencional. Como principal diferença está a forma como cruzam as linguagens teatral e audiovisual.

    Enquanto o novo Cennarium se esmera na captação de espetáculos de sucesso em cartaz no eixo Rio-São Paulo, o Teatro Para Alguém investe em produções originais, criadas especialmente para a internet, incluindo exibições ao vivo.

Teatro em casa

    Renata Jesion, atriz e diretora, idealizou, ao lado de seu marido, o fotógrafo e iluminador Nelson Kao, o Teatro Para Alguém a partir de suas inquietações sobre a dificuldade de encontrar espaço para se apresentar. De carona, havia a busca por uma plateia maior para seus espetáculos. Assim, transformou a sala de sua casa em um palco-estúdio.

    Ela brinca: “Morando em uma cidade caótica como São Paulo, o simples fato de não ter que pagar trânsito todos os dias já justifica tudo”. E continua: “Existe também um certo charme fundamental no conceito do site, que é desenhado como uma casa, onde cada cômodo abriga uma programação”.

    O site, que recebe mais de dois mil acessos por dia, apresenta, ainda, a minissérie Corpo Estranho, de autoria de Lourenço Mutarelli e estrelada por atores como Paulo César Pereio, Helena Ignez e Mário Bortolotto. Um dos pontos principais do sucesso é a gratuidade do conteúdo, que agora está legendado em inglês e disponível no YouTube.

    Grátis

    “Não teria sentido fazer um site como este e cobrar ingressos para ser assistido, se queremos atingir todas as classes sociais, é óbvio que o Teatro Para Alguém sempre será gratuito”, garante Kao. Ele atua como diretor de fotografia do site que, sem patrocínio – problema muito comum no teatro convencional, também – paga um cachê simbólico para seus participantes.

    Enquanto isso, o Cennarium tenta criar o hábito do internauta pagar por seu serviço, cobrando, em média, R$ 10,00 para que ele assista a cada um dos 25 espetáculos disponíveis. Entre eles, La Musica, com Xuxa Lopes, e O Livro dos Monstros Sagrados, com Sandra Coverloni (premiada como Melhor Atriz em Cannes, pelo filme Linha de Passe), ambos já apresentados em teatros de São Paulo.

    Para Roberto de Lima, diretor do projeto, a qualidade profissional de filmagem, com a utilização de 5 a 12 câmeras, e o repasse aos grupos teatrais de 50% dos lucros obtidos com as exibições justificam a cobrança: “Ao assistir o que o Cennarium oferece, os brasileiros favorecem os grupos teatrais, que acabam tendo o site como mais uma fonte de renda – e o melhor: por tempo indeterminado”.

    A diferença no conteúdo e interface gráfica de ambos os sites são gritantes: Teatro para Alguém é totalmente independente, inteligente, irônico e o espectador antenado logo acha o que assistir (visite o Sótão!); Cennarium é sofisticado em termos visuais mas  pobre em conteúdo, trazendo somente sinopses dos espetáculos e entrevistas  paupérrimas em pesquisa, repertório e conteúdo,  conduzidas pela inexperiente e inexpressiva  apresentadora Magali Rocha.

    Novo canal

    Apesar de experimentos feitos por grupos como GAG Phila 7 – que integram representação real e virtual – já existirem, o Teatro Para Alguém inaugurou um novo canal entre artistas e público – uma relação que há muito tempo têm demonstrado sinais de vencimento e necessidade de reinvenção, basta observar o interesse decrescente das pessoas pelo evento teatral.

    Após exibirem mais de 60 vídeos – incluindo os episódios de sua minissérie –, a chegada de outros projetos na internet, como o Cennarium, já era prevista por eles: “Todo o conhecimento humano e toda produção artística tende a vir para a rede, porque ela nos traz possibilidades incríveis. Assim como existem milhares de grupos de teatro, daqui a pouco, existirão milhares de grupos na internet. Até o Antunes Filho inaugurou seu blog este ano” diz Jesion, que já foi dirigida pelo encenador, um dos totens do teatro brasileiro.

    Lima, do Cennarium, reconhece o trabalho do Teatro Para Alguém: “É uma iniciativa fantástica, muito bem feita por sinal”. Porém, mas aposta na pluralidade de seu site: “Lá acontece a exposição própria de uma companhia de teatro (a Companhia Auto-Mecânica e seus convidados), enquanto o Cennarium possibilita essa exposição para 25 companhias diferentes, sendo que esse número aumentará em breve, uma vez que já temos 40 peças captadas”.

    Para todos

    Certo mesmo é que, com Teatro Para Alguém e Cennarium, é o espectador, ou melhor, o internauta, quem ganha – principalmente habitantes de cidades sem nenhum teatro, podem agora escolher entre os dois endereços para acompanhar espetáculos de qualidade, com ótimos atores e cuidadosas produções para a internet, que permitem uma nova e atrativa experiência teatral.

Teatro Para Alguém: http://www.teatroparaalguem.com.br

Cennarium: http://www.cennarium.com

(Lucianno Maza, do Caderno Teatral/Especial para brpress; colaborou Juliana Resende/brpress)

Juliana Resende

Jornalista, sócia e CCO da brpress, Juliana Resende assina conteúdos para veículos no Brasil e exterior, e atua como produtora. É autora do livro-reportagem Operação Rio – Relatos de Uma Guerra Brasileira e coprodutora do documentário Agora Eu Quero Gritar.

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