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Cena de O Último EnsaioCena de O Último Ensaio

Peru lembra Brasil no palco

(Salvador, brpress) - O Último Ensaio, encenado no Filte para comemorar 40 anos do grupo peruano Yuyachkani, abre fissura no realismo para rever passado recente do país andino. Lucianno Maza conferiu.

(Salvador, brpress) – É natural que países de colonização violenta e que sofreram com ditaduras até bem recentemente usem o teatro como espaço de reflexão sobre sua história. Essa temática sempre encontra ressonância em mostras latino-americanas, como agora no Festival Latino-Americano de Teatro da Bahia (Filte). Entre as companhias participantes da edição deste ano do evento destaca-se a peruana Yuyachkani, cuja peça O Último Ensaio, encenada numa mostra para comemorar seus 40 anos, abre uma fissura no realismo para transgredir o discurso formal tradicional e alcançar uma crítica histórica do passado recente do Peru.

    Na peça, um grupo ensaia uma homenagem musical para uma diva que alcançou o estrelato imitando o canto dos pássaros típicos da região. Enquanto esperam ansiosamente a velha estrela neste último ensaio, os integrantes se relacionam de forma ora afetiva e ora conflituosa, mostrando suas visões diversas sobre o país.

    Ironia

    Tudo se passa num antigo cine-teatro, que evoca as assombrações concretas do passado e impulsionam momentos que parecem divertidos pesadelos. É muito interessante a forma como o grupo ironiza o folclore que condiciona os povos de países dito exóticos, os mesmos que embora se esforcem em romper com esta imagem limitada e preconceituosa tida pelo estrangeiro, também se alimentam economicamente dela, valorizando-a e vendendo-a para o turismo e sua projeção mundo afora.
 
    Exatamente como acontece também no Brasil – especialmente em cidades como (bingo!) Salvador. Aqui funcionários de quase todos os lugares trabalham vestindo trajes “típicos” e pouco funcionais para preservar a fantasia dos turistas.

    Texto falado e escrito

    O autor Peter Elmore tece uma teia de fragmentos das micro-relações e da história macro, trabalhando nos níveis do presente do coletivo de artistas, do passado do país latino-americano e do sonho – este que se permite transitar pelos dois tempos, confundindo-os. O resultado é muito interessante e o texto surge nas ações dos atores e, em contra-ponto, nas projeções escritas que narram as histórias e a história com indicações e diálogos como rubricas de um roteiro de cinema ou teatro.

    O diretor Miguel Rubio Zapata realiza a montagem com força cênica e bom humor, valorizando a teatralidade para materializar de forma lúdica o texto e seus símbolos, alcançando grandes momentos. Dentre eles, a cena das máscaras de caveira é memorável.

    No trabalho tão bem executado em conjunto pelo grupo é difícil destacar algum dos ótimos atores, mas sobresaem-se Rebeca Ralli e Teresa Ralli, com Ana Correa, Amiel Cayo, Augusto Casafranca, Débora Correa e Julián Vargas completando muito bem o elenco.

(Lucianno Maza, do Caderno Teatral, a convite do Filte Bahia 2010/Especial para brpress)

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