Acesse nosso conteúdo

Populate the side area with widgets, images, and more. Easily add social icons linking to your social media pages and make sure that they are always just one click away.

@2016 brpress, Todos os direitos reservados.

Cena da peça Vida: grata surpresa no Festival de Teatro de Curitiba.DivulgaçãoCena da peça Vida: grata surpresa no Festival de Teatro de Curitiba.Divulgação

Vida: a sua, a deles, a nossa

(brpress) – Peça que transpõe barreiras do ficcional entre palco e público rouba cena do Festival de Curitiba. Lucianno Maza assistiu e recomenda.

(Curitiba, brpress) – Uma parte do teatro contemporâneo é considerada, por muitos, vazia. É o movimento que abdica das grandes questões, dos fatos dramáticos, da reflexão temática, para falar, de modo prosaico, sobre o nada. Nada este que, na verdade, é uma tentativa de falar de tudo, em especial das pequenas coisas, dos microcosmos.

 Algumas vezes, porém, assiste-se a um espetáculo que, partindo do nada, revela muito mais do que poderíamos esperar sobre a vida. A nova montagem da Companhia Brasileira de Teatro – uma das principais, não apenas do Festival de Teatro de Curitiba, mas do Brasil – se lança nesta direção, desde o título da peça: Vida, que, ao mesmo tempo abarca um infinito de possibilidades, mas não quer dizer objetivamente nada.

Influência de Leminski

 Apoiando-se na obra do poeta conterrâneo Paulo Leminski – mais em suas ideias e ambiente do que numa adaptação de seu trabalho –, o grupo criou uma situação onde integrantes de uma banda ensaiam um número para o jubileu da cidade onde moram. Numa sala sem janelas, os quatro músicos, que parecem amadores, desfiam suas angústias e anseios, aquilo que os incomoda e desejam. Seja um aniversário esquecido, uma vontade de ir para o espaço, querer ser o outro, ou manter-se na quietude do silêncio.

Códigos contemporâneos

 Rompendo com a estrutura ficcional de dramaturgia, os personagens, como na vida, não estão presos a uma única linha de raciocínio, ou a ações coerentes e premeditadas. Eles percorrem pensamentos labirínticos, falas e interrupções, ao mesmo tempo em que usam o passado da lembrança como tentativa de contato.

 Existe ali uma infinidade de recursos que vem se cristalizando na cena contemporânea, desde os personagens que se chamam pelo nome real de seus atores, até as referências pessoais a suas carreiras. Isso não necessariamente acrescenta ao excelente resultado do espetáculo, mas, de certa forma, é coerente à proposta do diretor e autor do texto (cuja dramaturgia divide com as atrizes), Márcio Abreu.

 Terminou?

 Esta opção fica evidente na interminável sequência de finais, já que o encenador provoca imagens e climas que parecem apontar para a resolução do espetáculo para, depois, seguir adiante. Exatamente como é a vida, com seus pequenos finais, mas na qual, sempre, vamos em frente.

 A qualidade dos diálogos está diretamente ligada ao trabalho de apropriação do elenco. Sem exceção, os quatro atores criam um conjunto maravilhoso, e têm total entendimento da linguagem que pesquisaram e levam para a cena. Giovana Soar, Nadja Naira, Ranieri Gonzalez e Rodrigo Ferrarini tornam interessante e atenta a experiência de acompanhar a vida de seus personagens – ou seria a vida deles mesmos, ou ainda, a nossa própria vida?

O espetáculo, que estreou no Festival de Curitiba, entra em cartaz na cidade em abril.

Ingressos: R$ 10,00.
 
Sessões: quintas, sextas, e sábados, às 20h; domingos, às 19h.

(Lucianno Maza, do Caderno Teatral, viajou a convite do Festival de Curitiba/Especial para brpress)

Teatro José Maria dos Santos – Rua Treze de Maio, 655; (41) 3322-7150

Cadastre-se para comentar e ganhe 6 dias de acesso grátis!
CADASTRAR
Translate