Acesse nosso conteúdo

Populate the side area with widgets, images, and more. Easily add social icons linking to your social media pages and make sure that they are always just one click away.

@2016 brpress, Todos os direitos reservados.

Ernesto Varela enquadra Paulo Maluf. Foto: Reprodução vídeoErnesto Varela enquadra Paulo Maluf. Foto: Reprodução vídeo

Volta, Varela!

(São Paulo, brpress) - Projeto Varela Upload traz intrépido repórter ao Brasil da Lava Jato, com debate aberto ao público nesta terça (06/12). Marcelo Tas conversou com Juliana Resende.

(São Paulo, brpress) – Irreverente mas com um semblante de bocó emoldurado por óculos vermelhos redondos. Era com essa moldura  que Ernesto Varela, o repórter encarnado por Marcelo Tas no começo de sua carreira, chegava junto nos políticos. Isso nos anos 80. A boa nova é que as saudades dele nestes tempos de Lava Jato acabaram. A exposição Varela Uploaded se encarrega de colocar o repórter no contexto atual e nesta terça (06/12), 20h, Tas faz debate aberto ao público – ambos no Itaú Cultural. 

Munido de uma providencial  cara de pau que o “jornalismo sério” não ousava ter, Varela encarava deputados, ministros e o que mais viesse pela frente, com ainda mais cinismo do que o habitual com que Vossas Excelências se dirigem ao povo brasileiro. Não, o CQC não tinha nada que chegasse perto desse Clark Kent tupiniquim.  

Parte da ausência de Varela será compensada com o projeto Varela Upload, que, além de uma exposição, vai colocar online as hilariantes reportagens realizadas pelo repórter Varela. Eram tempos revolucionários na mídia pré-internet, que permitiam experimentações na forma e no conteúdo. 

A MTV estava começando a operar no Brasil, a TV Gazeta abria as portas para o TV Mix e o próprio Varela – uma produção da Olhar Eletrônico, que tinha o diretor Fernando Meirelles, como um dos sócios, com Marcelo Machado, um dos nomes mais importantes da TV brasileira contemporânea, Renato Barbieri e Toniko Melo. Uma geração de descolados, enfim.

A exposição resgata as entrevistas e outros materiais inéditos, como cadernos de anotações; no encerramento será  realizado debate sobre as semelhanças entre as antigas reportagens com o momento atual do país. Qualquer semelhança não é mera coincidência. Com a palavra, o homem, o mito, o repórter Ernesto Varela (aka Marcelo Tristão Athayde de Souza – daí o acrônimo Tas): 

Você já pensou em ressuscitar Ernesto Varela, tendo em vista os fatos políticos que têm varrido o Brasil e o mundo?

Marcelo Tas – Dá uma vontade gigante. Aí eu fico quietinho num canto e espero passar (rs). Para fazer o Varela há que se ter algumas condições e tempo que não tenho no momento. Só o trabalho de recuperar o acervo desse repórter danado me consumiu intensamente pelo menos os últimos três anos.

A produtora Olhar Eletrônico foi uma inovação na linguagem jornalística televisiva. Depois dela, na sua opinião, quais foram as maiores e mais interessantes inovações na mídia?

MT – A Olhar Eletrônico inovou a linguagem do humor com uma câmera pesada e caríssima, acoplada a um gravador U-matic, ambos paleolíticos, cada um pesando cerca de 13 quilos. Tudo isso com um detalhe: não havia como publicar o que a gente produzia. Havia que se convencer emissoras de TV, que geralmente torciam o nariz para a nossa esquisitisse. Hoje, a principal ferramenta de inovação é o telefone, onde existe uma câmera de alta definição e capacidade de publicação dentro do pacote de dados. A publicação é livre, ou quase livre. Esta é a grande oportunidade que os deuses da comunicação reservaram para a geração digital. Nunca antes, a possibilidade de inovar esteve tão arreganhada diante dos nossos olhos e dedos.

Uma resposta à caretice do telejornalismo, Varela e outros “experimentos”, como TV Mix e mesmo a MTV, marcaram profundamente o imaginário e a linguagem dos jovens e profissionais de comunicação que viraram “gente” nos anos 80. No entanto, mesmo com o advento da internet e a democratização dos meios de produção e divulgação da informação e de broadcasting, não vemos nada tão ágil, inteligente e ousado sendo feito atualmente. Por quê?

MT –  Sempre tivemos dificuldade de enxergar uma inovação enquanto ela está acontecendo. Eu não concordo que não há nada inteligente e ousado em marcha. Vejo muita criatividade nos games, nos contadores de história do YouTube e especialmente na área técnica: carro sem motorista, realidade virtual, inteligência artificial, navegadores da geolocalização e do big data… Há uma molecada espalhada por esse mundão ampliando todos os dias essas novas fronteiras. Tenho muito interesse, atenção e respeito por essa turma [Tas não citou exemplos de inovação].

Varela funcionaria no YouTube ou outra rede social?

MT –  O Varela foi um YouTuber à lenha que agora vai, pela primeira vez, para o YouTube. Sou cobrado diariamente pelo meu público para liberar os videos do repórter nessas plataformas. Estou agora cumprindo a promessa.

Qual foi o maior legado de Varela para a mídia e para você, pessoalmente?

MT – O Varela foi a minha escola de aprendizado de jornalismo e humor com parceiros preciosos como Fernando Meirelles, Toniko Melo, Paulo Morelli, Henrique Goldman e Eder Santos. Creio que contribuímos deixando um legado e tanto para linguagem televisiva, como para revelar uma nova forma de juntar duas substâncias que geram uma mistura explosiva: humor e jornalismo.

(Juliana Resende/brpress) 

Veja álbum de fotos de Ernesto Varela no Pinterest e assista a Ernesto Varela enquadrando Paulo Maluf

MAIS BATE-PAPO AO VIVO  COM VARELA

Encerrando a exposição, no dia 6 de dezembro, a partir das 20h, será realizado um debate aberto ao público sobre os fatos recentes do Brasil como forma de comparação com as reportagens feitas por Varela, das quais serão exibidos trechos. 

O bate-papo conta com a presença de Marcelo Tas e os três profissionais que viveram Valdeci, incansável cameraman de Ernesto Varela: os cineastas Fernando Meirelles e Toniko Melo e o vídeo-artista Eder Santos. 

O debate terá ainda a presença do sociólogo Demetrio Magnolli e do comentarista e ex-jogador do Corinthians e da seleção brasileira Walter Casagrande Jr. 

Varela Upload – De 30 de novembro a 6 de dezembro 

Itaú Cultural – Av. Paulista, 149 (Estação Brigadeiro do Metrô) 

Classificação indicativa: Livre

Entrada gratuita; acesso para pessoas com deficiência e estacionamento grátis para bicicletas

Distribuição de ingressos para o debate com Marcelo Tas: 

Público preferencial: 2 horas antes do evento

Público não preferencial: 1 hora antes do evento

Transcrição em Libras 

Juliana Resende

Jornalista, sócia e CCO da brpress, Juliana Resende assina conteúdos para veículos no Brasil e exterior, e atua como produtora. É autora do livro-reportagem Operação Rio – Relatos de Uma Guerra Brasileira e coprodutora do documentário Agora Eu Quero Gritar.

Cadastre-se para comentar e ganhe 6 dias de acesso grátis!
CADASTRAR
Translate