Admiradores homenageiam Mandela
(Londres, brpress) - Enquanto flores, velas e cartões se multiplicam na estátua do líder sul-africano, prefeitura londrina cancela transmissão de funeral em telão na Trafalgar Square. Por Patrícia Dantas.
(Londres, brpress) – Durante toda a semana, as homenagens a Nelson Mandela continuam aocntecendo ao redor do mundo com muitos tributos e agradecimentos ao ex-presidente sul-africano, ícone na luta contra o segregacionismo racial falecido aos 95 anos na última quinta-feira (05/12). Em Londres – onde Mandela comemorou seu 90o. aniversário, em show histórico no Hyde Park, e onde as filhas mais novas do líder, Zindzi e Zenani, souberam da morte dele na pré-estreia do filme Mandela: Longo Caminho para a Liberdade – não poderia ser diferente. Mas a prefeitura desistiu de colocar um telão na Trafalgar Square, para que cerca de 50 mil pessoas assistissem ao funeral ao vivo neste domingo (15/12), direto do vilarejo de Qunu, situado na província sul-africana do Cabo Oriental, onde Mandela cresceu e desejava ser enterrado.
Ingleses, sul-africanos e descendentes de todas as etnias permanecem acendendo velas, depositando flores e mensagens de afeto em frente à estátua de Nelson Mandela na Praça do Parlamento. É o caso da funcionária de ONG Ayshea Farooq, 39 anos, que trouxe as três filhas ao local onde, em 2007, presenciou Nelson Mandela ao vivo e em cores para inaugurar sua estátua em frente às Casas do Parlamento britânico.
Exemplo para futuras gerações
“Estive aqui em 2007 com minha irmã para a inauguração da estátua. Foi um dia feliz no qual pude ver Nelson Mandela pessoalmente. Hoje trouxe minhas filhas para prestar a última homenagem a ele. É um momento histórico para esta nova geração”, diz Ayshea, esforçando-se para conter as lágrimas.
“Vivemos em um país rico e às vezes esquecemos que muitas pessoas estão sofrendo ao redor do mundo. Quero que minhas filhas entendam a importância que Mandela teve para a humanidade e espero que um dia elas possam fazer o mesmo com seus filhos”.
Para a irmã de Ayshea, a professora de história Yasmin Ahmed, de 27 anos, voltar à Praça do Parlamento após seis anos da inauguração da estátua em homenagem a Mandela tem um significado especial. “Vim aqui mostrar meu respeito a Mandela. Quando participei da inauguração, em 2007, não tinha ideia da proporção do que ele representava.”
Hoje, sendo professora de história em Oxford, a perpepção de Yasmin mudou. “Tirei algumas fotos para mostrar aos meus alunos e vou discutir na sala de aula quem foi e o que fez esse grande homem”, afirmou Yasmin.
Aula de história
A exemplo da família inglesa, o casal Nigel Hulme e Alisson Beetom Hilder se mostrou bastante emocionado ao comparecer à Praça do Parlamento para prestar tributo ao ex-preso político mais conhecido no mundo.
Nascido em Londres e educado na África do Sul, Nigel ressaltou a importância do legado de Nelson Mandela. “É uma grande perda. Mandela merece paz depois de tanta violência, assim como a África do Sul e todos seus cidadãos merecem paz. Ele uniu um país, somos uma grande família hoje graças a ele. Temos que continuar o trabalho dele para a África do Sul continuar em progresso e sobreviver”, compara.
Para o cidadão sul-africano, “todo ser humano precisa aprender uma lição de vida com Mandela”. Nigel continua: “Amor e reconciliação são valores cruciais para nossa existência; rancor e armas não levam a lugar nenhum”, acredita.
“Mandela nos ensinou a não julgar as pessoas pela cor da pele ou religião. Ele foi uma figura extraordinária, precisamos deixar de ter preconceito e ser mais tolerantes uns com os outros”, acrescentou Alisson.
Semana de comemorações
As homenagens a Nelson Mandela continuaram pelo menos até o último domingo (08/12) em frente à South Africa House, sede da diplomacia sul-africana no Reino Unido, localizada em Trafalgar Square, no centro de Londres.
Seguindo o primeiro dia de cerimônias oficiais em memória a Mandela na África do Sul, milhares de pessoas se reuniram para cantar, rezar e celebrar a vida de Madiba, como era conhecido em sua terra natal.
Quem chegou cedo ainda teve a oportunidade de assinar o livro de condolências disponível dentro da embaixada sul-africana, mostrando respeito e afeição pelo grande líder-símbolo da luta contra o Apartheid.
(Patrícia Dantas/Especial para brpress)