The Good Wife critica moral americana

(brpress) - Drama focado na vida da advogada Alicia Florrick aborda questões polêmicas e marca retorno de Julianna Margulies ao estrelato. Por Gabriel Bonis.

(brpress) – “A única razão pela qual alguém é expulso da procuradoria atualmente é por sexo”. A afirmação feita no segundo episódio de The Good Wife, novo drama da emissora americana CBS, resume bem o plano de fundo da série e alimenta a polêmica em ´torno dos temas abordados. Escândalos sexuais, propinas, chantagens, conspirações, jogos de interesses, egocentrismo, amoralidade, porte de armas e abuso do poder da mídia são apenas alguns assuntos dentre o amplo universo de provocações aos valores tradicionais  atuais da sociedade americana presentes na série.    

    Logo na abertura do drama – que marca a renuncia do promotor, Peter Florick, após escândalos envolvendo prostitutas e troca de favores por sexo – surge a primeira, e principal, analogia à realidade. A condução e montagem da cena tornam evidente a semelhança com o episódio envolvendo o governador de Nova York, Eliot Spitzer, em 2008.  A renúncia após ser pego com prostitutas, o discurso arrependido e a promessa de esforço em “recuperar” a confiança da família é uma releitura que tem agregado à ficção o suposto envolvimento com corrupção.

    “A boa esposa”

    Porém, em meio a escândalos, há talvez o aspecto mais intrigante – e que dá nome à série, “a boa esposa”: a postura de Alicia Florick (Julianna Margulies). Mesmo após todas as revelações, ela fica ao lado do marido no palanque e durante toda a temporada da série.  É inevitável não relacionar a personagem com Hillary Clinton, que, após o envolvimento do marido, então presidente dos EUA, com a estagiária da Casa Branca, Monica Lewinsky, manteve o casamento. Na verdade, em diversos momentos, a comparação com a ex-primeira dama americana é óbvia.  

    A série tenta mostrar ao espectador o lado ou motivos que levaram Alicia a não abandonar o marido, contrapondo em diversos momentos o estranhamento da sociedade em relação à postura da advogada.   Alheio a isso aparecem disputas de ego entre promotores, corrupção, alienação de Chefes de Justiça para proteger sentenças de juízes baseadas em interesse próprio, distorção de direitos constitucionais, entre outros problemas da realidade americana. 

    A crítica social está sempre presente nos episódios, infiltrada, subentendida nas situações cotidianas enfrentadas pelos personagens principais e também em alguns casos representados pelo escritório de advocacia Stern, Lockhart & Gardner.  Porém, tudo isto é abordado como plano de fundo. Em geral, as tramas envolvendo o trabalho da personagem principal, os casos do escritório, julgamentos e toda a encenação em volta do mundo do direito servem apenas como entretenimento para audiência faminta por tragédias e investigações policiais.

Premiada

    O papel de Alicia Florick em The Good Wife tirou Julianna Margulies de uma espécie de “semi-ostracismno” e a alçou novamente aos holofotes da televisão americana, com direito, inclusive, ao Globo de Ouro de Melhor Atriz em série dramática de 2010. 

     A atriz se tornou conhecida ao interpretar a enfermeira Carol Hathaway durante seis tempodas do drama ER – Pantão Médico, e por ser o par romântico de George Clooney na trama. A passagem pela série lhe rendeu um premio Emmy e quatro indicações ao Globo de Ouro.

    Porém, após sua personagem deixar a série, juntamente com Doug – interpretado por Clooney –  a atriz perdeu destaque na mídia e fez  alguns filmes de pouca repercução como Navio Fantasma (2002) e Serpentes a Bordo (2006). Além disso, participou de algumas séries, como Sopranos e Scrubs. 

Velhos tempos

    Em 2009, fez um participação especial no episódio Old Times, da última temporada de ER, como a personagem que lhe alçou ao estrelado na década de 90. No ano anterior, estava no elenco da série Canterbury’s Law – que também abordava o universo da advocacia – porém, a produção foi cancelada após a exibição de apenas seis episódios. 

   The Good Wife tem recebido boas críticas e já foi renovada para uma segunda temporada. A série vai ao ar nos EUA aos domingos e atinge índices em torno de 14 milhões de espectadores por episódio – marca excelente para o momento de crise de audiência vivido por algumas emissoras americanas.

(Gabriel Bonis/Especial para brpress)