Ausência e volta de Chávez
(Londres, brpress) - fragilidade da saúde de Chávez coloca em questão a possibilidade de ele continuar exercendo a liderança do governo e da ALBA, e se poderá ser reeleito em dezembro de 2012.
(Londres, brpress) – Contrariando rumores de que poderia ficar em Cuba se tratando por até mais seis meses, o presidente Hugo Chávez está de volta à Venezuela. Se ele afirma ter tido “dias difíceis” na ilha de Castro, onde ficou por quase um mês depois de ser submetido a uma cirurgia para retirada de um tumor cancerígeno, nesta terça-feira (05/07) a dificuldade pode voltar, desta vez em casa.
Chávez planejava presidir as comemorações do bicentenário da nação, ao mesmo tempo que inauguraria, em seu país, o encontro que daria o nome e a estrutura final à Comunidade de Estados da América Latina e do Caribe (Celac), que acontece na Ilha Margarita, nesta terça e quarta (05 e 06/07). Devido à sua ausência, no entanto, a reunião foi adiada.
Castrista pluripartidário
Chávez preside a Venezuela desde 2 de fevereiro de 1999. Ele é o único presidente na história de seu país que chegou a governar por tanto tempo consecutivo, enquanto que em todo o Ocidente não há nenhum outro governante eleito que esteja no poder há 12 anos e 5 meses.
Seu governo transformou a Venezuela e todo o hemisfério. Criou um regime que se intitula “socialista”, que mantém o capitalismo e a democracia multipartidária, mas com uma forte influência do Estado e do governante do PSUV (Partido Socialista Unido da Venezuela).
Ele combinou parte do regime castrista com o das democracias pluripartidárias de mercado, do resto do continente. De Cuba, tomou a idéia do caudilho muito popular e “antiimperialista”, que promove uma “revolução socialista” e que faz com que o Estado se expanda e se legitime com nacionalizações e reformas sociais.
Diferentemente dos irmãos Castro, não desarticulou as Forças Armadas nem confiscou todas as empresas privadas. Suas estatizações e reformas não foram tão radicais como as que fez o general Velasco, no Peru (1968-75), ou o MNR na revolução boliviana pós-1952.
Esquerda
Várias das receitas de Chávez foram seguidas por vários países. Hoje, na maioria da América Latina, existem governos que se dizem, de uma forma ou de outra, de esquerda. O Equador e a Bolívia seguiram o exemplo venezuelano de eleger novas constituintes, que aprovaram cartas magnas nacionalistas que facultam eleições de seus respectivos presidentes, ainda que somente na Venezuela seja permitida a reeleição indefinida. O colombiano Uribe, Nêmesis de Chávez, também quis copiar seus intentos de conseguir um terceiro mandato, mas não o conseguiu.
Chávez foi capaz de criar seu próprio bloco: a Alternativa Bolivariana das Américas (ALBA). Este, que inicialmente foi fundado por Venezuela e Cuba, hoje integra a Bolívia, Equador, Nicarágua e as 3 Antilhas que são membros da Comunidade Britânica (Antigua e Bermuda; Dominicanas e São Vicente; e as Granadinas).
A fragilidade da saúde de Chávez coloca em questão a possibilidade de ele continuar exercendo a liderança do governo e da ALBA, e se poderá ser reeleito em dezembro de 2012. Fidel Castro assegurou que Chávez reassumirá ao comando, ainda que sua saúde o tenha obrigado a adiar o que poderia ter sido a principal reunião sul/centro americana da história, e sua prolongada ausência ainda deva ser utilizada pela oposição (inclusive dentro da esquerda continental) para questionar a qualidade imprescindível de sua natureza.