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Sobre a ‘orkutização’ do Facebook

(brpress) - Internet não tem hostess e quando se tenta criar algum sistema de seleção num espaço público por natureza como a rede, logo ele é superado (lembram do sistema de convites do Orkut?). Por Lucianno Maza.

Lucianno Maza*/Especial para brpress

(brpress) – Acho muito cafona e quase eugenista o discurso que alguns têm defendido de que “o Facebook está parecendo o Orkut”, ou da “orkutização” desta rede social. Claro que se referem à “maus usos” numa política de etiqueta virtual que reproduz sua etiqueta social. Não sou bárbaro, mas sinceramente acho que o excesso de civilidade gera autômatos: tanto os alienados culturalmente como os que seguem normas impostas por sabe-se lá que ordem social.

Quando depreciam os responsáveis pela tal “orkutização” (semelhante à “favelização”) estão implicitamente prospectando uma superioridade, como se estes usuários que migraram do Orkut para o Facebook fossem inferiores por seus hábitos nas redes sociais. Em geral, a crítica vem carregada de preconceito social e cultural. Não elogio a ignorância, mas ela – diferente da mediocridade – muitas vezes é imposta pelo contexto social onde essas pessoas estão inseridas. Nesse contexto, não saber escrever bem ou ter interesse limitado à certos assuntos e diversão (como aquele reality show execrado por tantos) são fruto da uma formação deficiente e nem todas as pessoas têm condições de romper com essa cultura tão facilmente.

Ao invés de promover uma reflexão em torno disso, vejo essas pessoas “superiores” – algumas muito caras à mim – esbravejarem como VIPs hypados que viram seu clube invadido por uma gentalha cibernética. O que eles ainda não compreenderam é que a internet não tem hostess, e, quando se tenta criar algum sistema de seleção num espaço público por natureza como a rede, logo ele é superado (lembram do sistema de convites do Orkut?).

Muito da graça da internet é justamente essa! Ao invés de pirraça quanto à isso, por que não entender como funciona esse livre acesso e se relacionar com ele?

Convência digital

Ok, ninguém é obrigado a conviver. No mundo virtual é possível não se relacionar com o que não nos interessa, ainda que, no fim das contas, quando um movimento ganha mais força, por uma trilha aberta ou outra, ele chegará até você. Se é possível então optar por clicar no “ignorar” e não aceitar ou adiar essa relação com o indesejável, por que tanta gente reclama?

Muitos são figuras públicas e talvez se sintam invadidas já que, seguindo as normas de conveniência de seus trabalhos, precisariam aceitar todos e preferiam que todos fossem seus semelhantes, não figuras que julgam inferiores. Não seria mais honesto simplesmente não aceitar o desconhecido? Acho mais coerente quem assume isso e só aceita seus amigos, por exemplo; ali a festa é privada.

Eu tenho uma certa exposição pública que me faz ser assediado por muitas solicitações de amizade. Em geral, opto por aceitar pessoas (não adicionando empresas que não conheço ou atesto) e lembro apenas de um caso de ter deletado alguém por seu discurso homofóbico, que não compactua com minha visão de mundo e nem com o que considero tolerável.

Nos casos dos joguinhos e outras “quinquilharias” que muitos alegam ter vindo na mudança dos usuários do Orkut para o Facebook, o segundo apresenta a opção de, permanecendo com aquela pessoa no seu quadro de conexões, não receber nada relacionado a jogo A ou B, facilitando assim a tolerância.

Volto a dizer: ninguém é obrigado aceitar todas as solicitações de amizade que surgem, nem interagir com o que não quer – até quando for possível. Então, use essa liberdade de escolha com propriedade e não como seleção dos “melhores” da rede, os que merecem dominar e estar sozinhos em todas as mídias sociais, mesmo sendo uma minoria. Esbravejar sobre a “orkutização” do Facebook não te faz hype, apenas ingênuo, porque de nada adiantará seus gritos e apelos.

O Facebook não é seu, não é meu, não é nem mais do Mark Zuckerberg: é da rede e nela entram todos os peixes.

(*)  Lucianno Maza é autor, diretor e crítico de teatro. Usuário intenso da internet desde 1999, possui blog pessoal desde 2002. Atualmente dedica-se ao site Caderno Teatral (sobre teatro) e ao blog Bons Costumes (sobre moda e assuntos variados). É colaborador de diversos veículos, tendo matérias publicadas no portal Yahoo! Brasil, por meio da agência de notícias  brpress, nos portais UOL e IG. Utiliza diversas redes sociais, mais intensamente Facebook e Twitter, tendo perfil no Orkut desde seu lançamento.

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