Watergate aconteceria via internet?
(brpress) - Essa é a pergunta sem resposta aos 40 anos do caso investigado por Bob Woodward e Carl Bernstein, que derrobou Nixon. Por Claudia Castelo Branco.
a dizer que os jovens estudantes de jornalismo estão mais preocupados com as novas tecnologias do que com a informação. Pode ser, mas a provocação é válida e levanta várias questões. Como estas:
• O caso Watergate seria mais uma pauta política perdida no noticiário, mais um caso de corrupção dentre tantos?
• Indivíduos conectados podem cumprir esse papel de vigia com a mesma eficiência que a imprensa?
• Woodward e Bernstein receberiam DMs com denúncias falsas?
• Os suspeitos se defenderiam via Twitter?
Muita gente acha que aconteceria uma avalanche de informações e Nixon nunca teria renunciado se o escândalo acontecesse agora, mas sou otimista nesse sentido. As vantagens democráticas dessa cobertura seriam maiores e aconteceriam distintivamente fora do sistema de mercado.
A atenção no ambiente interconectado depende mais de ser interessante a um grupo engajado do que é no ambiente da mídia de massa, onde o interesse de um grande número de espectadores pouco engajados é preferível.
Testes empíricos demonstraram que quanto maior a comunidade de colaboradores maior será a qualidade do produto, ou seja, a quantidade pode gerar qualidade, a depender das regras e da coordenação do processo.
O mecanismo de revisão colaborativa da Wikipedia baseia-se em dar o status de revisor aos colaboradores mais antigos e participativos. Como são muitos, sua capacidade de revisão é grande. Nenhuma editora teria como conseguir o mesmo resultado internamente.
Os repórteres do Post dificilmente teriam conhecido um Garganta Profunda. Seriam vários gargantas, todos anônimos.
(Claudia Castelo Branco, do White Castle/Especial para brpress)