Por que Iraque derrotou Avatar

(brpress) - Guerra ao Terror homenageia conquistadores norte-americanos que desativam bombas plantadas pela resistência iraquiana. Por Isaac Bigio.

(brpress) – Os EUA não apenas possuem o maior arsenal militar da história, mas também a maior indústria de propaganda e cultural criada pela humanidade: Hollywood. Este bairro situa-se em Los Angeles, uma cidade criada inicialmente pelos conquistadores espanhóis, depois tomada dos mexicanos pelos conquistadores norte-americanos e que hoje é usada para conquistar as almas e os corações do resto da humanidade. E o acontecimento mais importante no calendário anual de Hollywood é a entrega do Oscar. Nesta  82a. edição, os prêmios de melhor direção e melhor filme foram conferidos a uma mulher, Katryn Bigelow, e a Guerra ao Terror, que presta homenagem aos conquistadores norte-americanos que desativam bombas plantadas pela resistência iraquiana.

Relação incômoda

Esta vitória deixou para trás o filme mais caro já produzido e de maior bilheteria: Avatar. A produção, no entanto, guarda uma relação incômoda com as corporações norte-americanas. Por um lado, procura desalentar a todos os inimigos destas (os que defendem a ecologia, os povos originários e a igualdade social e entre os sexos) afirmando que a sociedade perfeita não poderá ser encontrada neste mundo.

Avatar é obtida graças ao retorno ao culto mais primitivo de todos: o da mãe natureza. No entanto, o filme incomoda porque  fez com que muita gente que se opõe à exploração de minério e de petróleo pelas empresas transnacionais em suas terras se disfarcem com trajes de “avatares”  e busquem inspiração e apoio neste filme.

Poder

Os livros mais lidos de todos os tempos (como a Bíblia e o Alcorão) têm menos leitores do que os espectadores que assistem aos filmes norte-americanos – peças-chave criadas para assegurar os valores que esta megapotência impõe ao mundo todo.

Para desintegrar o bloco soviético, os EUA não precisaram lançar nenhuma bomba atômica pois, em parte, Hollywood os ajudou a ganhar a guerra que minou o “comunismo”. O cinema hollywoodiano pode transformar qualquer coisa em demônio ou anjo.
 
(Isaac Bigio/Especial para brpress; tradução Angélica Resende/brpress)