Conteúdo Premium

Achou as joias da coroa a que somente assinantes pagantes têm acesso. São histórias exclusivas e inspiradoras, um presente a quem nos apoia e incentiva.

@2016 brpress, Todos os direitos reservados.

Evan Rachel Wood e Larry David em Tudo Pode Dar Certorottentomatoes.comEvan Rachel Wood e Larry David em Tudo Pode Dar Certorottentomatoes.com

Woody Allen igual, mas diferente

(brpress) – Em longa que estreia no Brasil nesta sexta-feira (30/04), diretor ressurge das cinzas e volta a filmar em Nova York. Por Eliane Maciel.

(brpress) –A figura do cineasta nova-iorquino Woody Allen sempre foi emblemática em grupos de discussões – exatamente da forma mais pueril do ame-o ou odeio-o.Para alguns, sempre foi fácil amá-lo com toda a sua contemporaneidade na comédia e tragédias da vida humana, com suas piadas sexistas e fitas com cara vintage. Para outros, no entanto, era mais fácil deixar o ódio transparecer do que tentar entender o porquê do velhote fazer tanto sucesso, já que suas produções de mau-gosto sempre foram tão insipidamente sem-graças.

Há de se concordar que há muito tempo – independente de amá-lo ou odiá-lo – Woody Allen não produzia nada tão inspirador quanto alguns dos seus ditos maiores sucessos no cinema, como Melinda e Melinda, Match Point e O Sonho de Cassandra. Seus filmes mais recentes, Vicky Cristina Barcelona e Scoop – O Grande Furo, por exemplo, foram indigestos para a grande maioria do público e crítica, e comparando-se a tudo o que fizera até então em sua vida como diretor de cinema.

Modesto e relevante

Mas tudo o que Mr. Allen realizara deixará de ser referência restrita com seu projeto mais fresco nas telas dos cinemas brasileiros. Trata-se de Tudo Pode Dar Certo (Whatever Works, EUA, 2009). E não porque ele se superou, e sim porque se omitiu no seu brilhantismo.

Tudo Pode Dar Certo é feliz em seu conteúdo, fotografia, edição, trilha sonora e desenvolvimento da trama. Tudo isso sem contar com um elenco que faz tudo – aparentemente – sem o menor esforço. Evan Rachel Wood e Patricia Clarkson, que atuam como mãe e filha, promovem uma combinação de classe, comédia e inocência que deixa o filme bastante leve, dado o seu conteúdo mais racional do que passional. De qualquer forma, é o ator Larry David que absolutamente rouba as cenas e as atenções. E é exatamente por causa disso que fogos de artifício deveriam ser utilizados em mérito à produção do projeto. Um projeto que não tem nada de obra-prima, mas que inspira igual.

Larry David como Woody Allen

Larry David, como protagonista, atua com total voracidade e maestria, fazendo pensar que talvez a ideia de Woody Allen desde que começara a criar para o cinema, era ser o que Larry mostrou ser em um papel que poderia ter sido do cineasta – mas por pura sorte, não foi.

Jamais Mr. Allen conseguiria segurar um papel tão forte como o de Boris Yellnikoff, mesmo que existam tantas semelhanças entre a vida do personagem e a vida de seu criador.
Boris, um senhor genial, de QI altíssimo, suicida, neurótico e frustrado (habitual característica dos protagonistas criados por Woody Allen), ganha a vida na cidade de Nova York ensinando xadrez para crianças, com as quais não tem a menor paciência. Passa o resto do tempo isolado em casa, ouvindo música clássica e reclamando da aleatoriedade da vida para seus amigos, que facilmente admitem o gênio forte e temperamental do companheiro.

O mais interessante, durante a apresentação de Boris ao público, é a interatividade – sim, ele conversa realmente com a platéia, causando estranheza e risadas dos outros personagens ao redor.

Par inusitado

O coração amargo do Sr Yellnikoff só parece começar a se aquietar quando conhece Melody (Wood), uma interiorana do Mississipi, no florescer da adolescência, com semblante angelical. A garota, com toda a sua ingenuidade e franqueza, consegue conquistar, dentro do possível, e aos poucos, a graça do velho e, inusitadamente, formam um casal e oficializam matrimônio.

Conforme o casal enfrenta o desafio da convivência, a história de Tudo Pode Dar Certo sofre várias reviravoltas. E todos os personagens acabam envolvidos de uma forma inesperada, mas que aos olhos de quem assiste, parece perfeitamente natural. E toda a fragrância e cor do filme se dão exatamente por causar estes tipos de sensações com um Woody Allen somente atrás das câmeras, desenvolvendo um projeto simplista e sutil, mas cheio de graça.

Desta forma, há de se garantir que o ingresso desta sexta-feira (30/04), na estreia do longa, vale totalmente a pena. Com expectativas contidas, assistir ao filme será uma experiência bastante feliz e satisfatória. Felizes os que odeiam Woody Allen. (Eliane Maciel/Especial para brpress)

Cadastre-se para comentar e ganhe 6 dias de acesso grátis!
CADASTRAR
Translate