Conteúdo Premium

Achou as joias da coroa a que somente assinantes pagantes têm acesso. São histórias exclusivas e inspiradoras, um presente a quem nos apoia e incentiva.

@2016 brpress, Todos os direitos reservados.

Arnaldo JaborArnaldo Jabor

A classe média vai ao paraíso

(Rio de Janeiro, brpress) - É essa parcela da população a protagonista do novo filme de Arnaldo Jabor, A Suprema Felicidade, segundo ele mesmo.

(Rio de Janeiro, brpress) – Arnaldo Jabor e o cinema brasileiro estão felizes com o lançamento de A Suprema Felicidade. Não por isso, a classe média brasileira também está feliz. Mas de suprema essa felicidade não tem nada – apenas a fina ironia do cineasta-apresentador-cronista.

    Jabor destilou um bocado desta “commoditie” em entrevista coletiva à imprensa, na manhã desta terça-feira (28/09), no Centro Cultural Ação da Cidadania, em função do lançamento de seu primeiro longa desde Eu Sei que Vou Te Amar, de 1986 – visto por mais de 4 milhões de pessoas.

    A Classe Média Vai ao Paraíso – parodiando o clássico italiano A Classe Operária Vai ao Paraíso, de Elio Petri (La Classe Operaia Va in Paradiso, Itália, 1971) – poderia ser um título mais adequado, já que essa parcela da população é a principal protagonista do filme. Jabor levou ao pé da câmera a frase de Nelson Rodrigues, “O homem é de classe média”, dando-lhe a devida importância. “Eu sou classe média”, disse.

     Jornalismo

    O filme começou a ser planejado desde 2007, bem depois da depressão econômica na indústria cinematográfica brasileira que  afastou o diretor das telas, em 1991. “Tinha feito um filme que deu 4,5 milhões de espectadores (Eu Sei que Vou te Amar) e não tinha dinheiro. Pensei: que profissão é essa em que você trabalha, faz sucesso, ganha prêmio, estoura na bilheteria e não tem dinheiro? Tinha de sustentar meus filhos”.

    Dedicou-se, então, ao jornalismo – e gostou. Gostou tanto que suas crônicas, publicadas em vários jornais brasileiros,  foram formando o argumento do filme. “A vida da classe média não é tão mediocre como pensava”, supreende-se Jabor. “Mas a base de tudo: produção da cultura e alicerce da política nos anos 50 e 60 (época em que A Suprema Felicidade se passa)”.

    Si mesmo

    O filme ele define como “uma revisão lírica, crítica e amarga daquele período”, esclarece o diretor, que se colocou muito no roteiro, também escrito por ele. “Porra, aconteceu coisa pra cacete na minha vida! Claro que não fui invadir a floresta para pegar jacaré, não”.

    Falar de si na infância também é falar do Rio e de um certo período, embora Jabor negue que seja autobiográfico  – tem esse conteúdo mas não é só isso. A Suprema Felicidade é seu Amarcord. “Uma obra musical, poética, dramática e sentimental ao mesmo tempo”, explica, citando o clássico A Educação Sentimental, de Flaubert, como referência.

    Falta de assunto

    Uma obra de arte se transforma em um documento social em si quando é boa. Se esse é o caso de A Suprema Felicidade, só o tempo – o senhor da história – vai dizer. Jabor admite que, atualmente, há uma ausência de clareza sobre o que falar e, consequentemente, filmar.

    “Hoje, mundo tá muito enigmático”, apregoa, levantando as sombrancelhas. Por isso talvez a opção de fazer um “filme de autor”, como fazia Fellini. “O que tem de Fellini é a estrutura dramática, não fiz enredinho”, avisa.

    Guarda de trânsito

    “Em cinema, não existe o personagem – existe o ator”, ensina Jabor. Ele fala sobre o elenco, defendendo a participação dos atores até no roteiro, numa clima de liberdade, questionamento e troca de ideias: “Diretor hoje virou guarda de trânsito: ‘Faz isso, faz assim’, para os atores.” Ele, obviamente, não queria isso. “Diretores tratam atores como objeto de cena (tipo um abajour) e não foi o que fiz”.

    Os atores contribuiram fortemente com a direção. Com ele na entrevista, os atores Mariana Lima e Jayme Matarazzo retribuíram a generosidade do diretor, dizendo que já eram fãs de Jabor, sobre o quão maravilhoso foi o trabalho de equipe, do ótimo clima das filmagens, etc etc.

    Nostálgico? O produtor Francisco Ramalho diz que não vê nostalgia no filme, mas “a alegria de se viver num certo periodo”. Ou seria a tal felicidade, ainda que não suprema? Para Jabor, não tem essa de final feliz. “Vamos combinar que não tem happy end, Infelizmente todos morreremos um dia, o que é uma chateação.”

    A Suprema Felicidade estreia em 29/10 em circuito comercial.

FOTO – Arnando Jabor, na coletiva de lançamento de seu filme, A Suprema Felicidade.
Divulgação

Cadastre-se para comentar e ganhe 6 dias de acesso grátis!
CADASTRAR
Translate