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Woody Allen dá sua festa à francesa

(brpress) - Se em Paris É Uma Festa, Ernest Hemingway rendeu sua homenagem à capital francesa, sob a lente de Allen, Meia Noite em Paris é uma declaração de amor. Por Gabriel Demasi.
Se em Paris É Uma Festa, Ernest Hemingway rendeu sua homenagem à capital francesa, diretor faz declaração de amor em Meia Noite em Paris

(brpress) – Batem os sinos da igreja. É meia noite. Um Peugeot antigo aparece na rua e convida o homem sentado nos degraus da escada a adentrar o universo de seus sonhos: os anos 20 parisienses. Cole Porter, Gertrude Stein, Dali, Buñuel, Hemingway, T.S Elliot, Picasso, Zelda e Scott Fitzgerald, Man Ray… Todos estes artistas e intelectuais estão reunidos em uma festa. E é para esta festa que Woody Allen convida o espectador em Meia Noite em Paris (Midnight in Paris, 2011), seu novo filme que estreia no Brasil nesta sexta (17/06).

Allen apresenta a história de Gil Pender (Owen Wilson), um escritor californiano que viaja à Paris com sua futura esposa e seus sogros. Pender tem dificuldades para escrever seu romance e para aceitar que sua vida não é o que desejava. Ele sente nostalgia de um tempo que nem mesmo viveu. Até que descobre uma passagem para o que considera a “era de ouro”.

À meia noite ele deixa sua esposa no hotel para receber conselhos dos grandes mestres da literatura e se apaixonar por Adriana (Marion Cotillard), bela jovem francesa, amante de todo o círculo de surrealistas.

Alter-ego em cartão postal

Owen Wilson interpreta um personagem que é claramente o alter-ego do diretor que, em Meia Noite em Paris, não atua mais. Desajeitado, existencial, Wilson foi muito bem dirigido e atua com graça no papel do eterno sonhador.

Neste possível blockbuster, vemos a verve do realismo fantástico de A Rosa Púrpura do Cairo misturada à leveza da comédia romântica e da metalinguagem.Diferente do filme anterior, Vicky Cristina Barcelona, com seus mosaicos, cores quentes e música vibrante, desta vez Woody Allen escolheu o glamour de Paris para enaltecer, como se mostrasse a um amigo cartões postais ou fotos de uma viagem deslumbrante.

Ao longo de todo o filme, o diretor de fotografia iraniano Darius Khondji brinca com tons de bege e dourado – a aura da Cidade Luz – e encanta com longos planos-sequência, cenas sem corte em que a câmera acompanha o caminhar dos atores pelos bulevares e margens do Sena.

Madame Bruni-Sarkozy

Além das boas atuações de Rachel McAdams, Kathy Bates e Adrien Brody, Madame Bruni-Sarkozy também aparece na trama, em três cenas carregadas de sotaque frenchie. Porêm, poderia ser qualquer outra bela mulher francesa. Num golpe de marketing, Allen preferiu chamar a primeira-dama da França.

No roteiro do cineasta nova-iorquino ainda vemos sua sagacidade e seu excêntrico senso de humor, mas há uma visível alteração no ritmo. Aos 75 anos, Woody Allen trocou de marcha. Do fulgor de Penélope Cruz para o charme de Marion Cotillard – o que, convenhamos, não teve o menor problema!

Meia Noite em Paris não é um grande filme, mas retrata, com o primor de um mestre talvez já “açucarado” pela idade, uma belíssima cidade. Se em Paris É Uma Festa, Ernest Hemingway rendeu sua homenagem à capital francesa, sob a lente de Allen, Paris ganha mais uma declaração de amor.

(Gabriel Demasi/Especial para brpress)

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