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Caleb Landry Jones em cena de AntiviralCaleb Landry Jones em cena de Antiviral

Cronenberg filho na trilha do pai

(Londres, brpress) – Brandon Cronenberg não precisou “matar” diretor de A Mosca para afirmar talento como discípulo do mestre do horror corporal, com Antiviral. Por Maysa Monção.

(Londres, brpress) –  Com uma pré-produção que durou três anos, de acordo com o próprio produtor Niv Fichman, Antiviral, estreia do filho de David Cronenberg (Cosmópolis, Um Método Perigoso, Crash e A Mosca), Brandon Cronenberg, na direção de longa-metragem, é um pixel microcósmico que interpreta agudamente a contemporaneidade. O enredo fala da obsessão por celebridades, que metonimicamente o diretor transforma em doença, e a busca pelo antídoto. O filme foi exibido no 56o. BFI London Film Festival, o Festival de Cinema de Londres, no último final de semana, onde a brpress conversou com Brandon Cronenberg.

    Os fãs das celebridades são infectados por vírus criados a partir de matrizes das doenças dos próprios ídolos e devem ser tratados na Clínica Lucas (mais uma ironia com a Lucas Film, produtora de George Lucas?), onde personagem principal, Syd March (Caleb Landry Jones), trabalha.  Ele resolve infectar-se com um vírus de uma popstar para vender no mercado negro, mas descobre que sua vida está em risco quando ela morre repentinamente.

    Também no elenco, a atriz Sarah Godon (Métodos Perigosos, Cosmópolis) diz que “gosta de pensar que o filme é uma história de amor”. Seria também o amor uma doença? Brandon afirma que a ideia inicial nasceu quando estava doente e que, para ele, “não é absolutamente implausível que alguém, por amor, queira se infectar do mal do ser amado”.

Tal pai, tal filho

    O filme, apesar de flertar com o macabro, nos presenteia com imagens absolutamente mesmerizantes. As obsessões estilísticas de Cronenberg filho são quase as mesmas do Cronenberg pai: unir corpo e máquina como uma unidade aterrorizante é uma delas. Mas, na construção deste processo estilístico, Brandon confessa: “Eu nunca precisei ‘matar’ meu pai para achar meu estilo. Definir-me em oposição ao meu pai seria bobagem”.

    Um espectador antenado percebe o cuidado do diretor de fotografia que remete à Teoria das Cores para o seu contracampo. Assim, a clínica é imaculadamente branca, asséptica e, à medida que Syd March vai piorando, as paredes se tornam vermelhas. Na sequência, ao procurar cura num sanatório dentro da floresta, os murais são verdes e vê-se em close os olhos verdes dilatados do ator.

As imagens distorcidas revelam um surto iminente. Como o próprio filme diz: “A imagem é a cara do vírus”.

Provocação

    No filme há claramente uma intenção de provocar mais do que os sentidos do espectador. A música funciona, o grotesco por vezes extrapola a tela nesta óbvia sátira do mundo das celebridades. Perguntado sobre a diferença entre um artista e uma celebridade, Brandon pensa um pouco e conclui: “As celebridades são famosas”.

(Maysa Monção/Especial para brpress)

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