(brpress*) – Quem disse que problemas da adolescência só servem pra fazer filmes babacas ou comédias de highschool? Eu Matei a Minha Mãe (J’ai Tué ma Mère, 2009, França) prova muito bem o contrário.

 O histórico da produção já é um diferencial. O canadense Xavier Dolan escreveu o roteiro aos 16 anos. Aos 20, dirigiu e produziu o filme – seu primeiro – e, além disso, atua no papel principal. Em entrevista ao jornal The Vancouver Sun, Dolan disse que seu sonho, ao fazer o filme, era ir a Cannes. Isso aconteceu e o cara ainda levou três dos quatro prêmios da Quinzaine des Réalisateurs, um programa paralelo de um dos maiores festivais de cinema do mundo.

Brigas divertidas

 A história é bem simples. Dolan interpreta Hubert, um menino de 16 anos que passa o tempo todo brigando com a mãe, interpretada por Anne Dorval. Hubert é gay e tem um namorado, mas a mãe não sabe. As brigas acontecem pelos mais diversos motivos: atrasos na vídeo locadora ou a má vontade da mãe em levar o filho à escola.

 Na verdade, o motivo não importa. O que importa é que as brigas são a melhor parte do filme, pois os diálogos são muito inteligentes e as interpretações de mãe e filho são sensacionais. Pra aliviar a tensão, Hubert conta com a ajuda do namorado e de uma professora, com quem o personagem também tem cenas ótimas e até engraçadas.

Arte e cinema

 A fotografia é uma atração à parte. Junto com Stéphanie Anne Weber Biron (diretora de fotografia), Dolan cria quadros perfeitos, dignos de filmes de arte. E essa é também a força do longa, a mistura entre filme narrativo e arte conceitual.

 Ah, não podemos deixar de lado a trilha sonora, que conta com bandas como Vive La Fête e Crystal Castles. O filme foi uma ótima surpresa nesse começo de ano. Vale muito a pena ver o trabalho de Dolan, que já está planejando seu terceiro longa.

Assista aqui [LINK http://www.youtube.com/watch?v=tDa0CkKjfsk]ao trailer de Eu Matei a Minha Mãe.

(Pedro Antunes, do Mycool.com.br/Especial para brpress)