

Donatello: esculpindo devoções e emoções
Seminal escultor renascentista tem primeira grande retrospectiva no Reino Unido, mergulhando em sua vida, trabalho e legado artístico.
(Londres, brpress) – Como Botticelli Reimagined, Donatello: Sculpting the Renaissance (Esculpindo o Renascimento) é mais uma daquelas exposições imperdíveis que o museu Victoria and Albert apresenta a partir de 11 de fevereiro. São 130 obras das quais 50 nunca antes vistas no Reino Unido. Trata-se de uma lenda renascentista que, influenciado por Michelangelo, uniu técnica e sentimento. Donatello é aclamado por revelar emoções nas expressões de suas estátuas.
Com esta genialidade de Donato di Niccolò di Betto Bardi, a Renascença coloca seu bloco (literalmente, no caso de mármore) na rua. É certo que o trabalho do escultor está muito mais para o sagrado do que para o profano. Mas não menos revolucionário – numa época crucial para a história da arte, na transição entre a Idade Média e a Idade Moderna, quando a primeira fase do Renascimento aconteceu na Itália.
“Donatello é a força motora do Renascimento italiano que perdura por séculos”, define a curadora-chefe de Sculpting the Renaissance, Peta Motture.
‘Influencer’
A exposição se concentra no século 15 e procura trazer uma visão inusitada da obra de Donatello (1386-1466), com suas inovações, colaborações e inspirações. Também explora o lado “influencer” dada a imensa influência exercida pelo escultor, que combinava os estilos medieval e clássico, nas gerações de artistas que o seguiram.
Esculpindo em mármore, bronze, madeira, cerâmica e estuque, empregando as mais variadas técnicas – inclusive as que aprendeu trabalhando como ourives, antes começar na escultura. Donatello produzia, basicamente, figuras religiosas em trabalhos comissionados pela Igreja e pelo governo. Famoso, circulava em altas rodas, sendo íntimo da influente família Médici, em Florença, onde o escultor nasceu, trabalhou e foi enterrado.
O homem nu
É desta cidade italiana que vêm as obras mais seminais de Donatello. A mais famosa é David em bronze negro – a primeira escultura de um homem nu de que se tem notícia. Provocativa, a estátua foi feita para ser vista por quem circulasse pelo átrio do palácio dos Médici. A figura também representava coragem política contra os tiranos.
Há também outro David, em mármore – que ele fez para o Duomo de Florença – que Donatello também ajudou a criar aplicando seus conhecimentos de arquitetura adquiridos em Roma. Além de sua coleção de arte renascentista – a maior fora da Itália –, o V&A também exibe o Attis-Amorino, em bronze, bem como o busto de São Rossore, considerado uma relíquia.
Madonnas
Quem nunca visitou a Basílica de Santo Antônio de Pádua poderá ver as imagens em bronze que Donatello esculpiu para seu altar. A exposição também reúne as célebres madonas – Chellini Madonna, do V&A, a Piot Madonna, do Louvre, e a Madonna da Humildade, do Museus Kunshistorisches, em Viena.
Além de tudo, o V&A ressalta um Donatello mestre em perspectiva – isso anos-luz antes das tão celebradas impressoras 3D. Em algumas obras reproduzindo cenas esculpidas numa pedra de mármore fina – como Ascensão com Cristo Entregando as Chaves para São Pedro (em tradução livre)–, os detalhes e a sutileza do relevo são impressionantes. Fruto da devoção do artista à beleza e à perfeição.
Até 11/06/23.
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