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FOTO - Cena de Olhos Azuis: preconceito racial tratado com delicadeza.cosmo.uol.com.brFOTO – Cena de Olhos Azuis: preconceito racial tratado com delicadeza.cosmo.uol.com.br

Sensibilidade e preconceito

(brpress) - Olhos Azuis trata o preconceito racial com olhar nacional e uma delicadeza singular. Grata supresa. Por Rod Carvalho.

(brpress) – Excelente. Sensacional. Arrebatador. Esses adjetivos poderiam ser facilmente utilizados nessa crítica, não fosse por uma mera e única palavra: simplicidade. A base de tudo. A inspiração vinda de cada frame, certamente vai mexer com a sensibilidade do espectador. Olhos Azuis, o novo longa de José Joffily, é o que podemos chamar de surpresa inesperada.

Isso porque, a priori, parece que estamos diante de mais um filme americano de cunho independente, já que 95% dos diálogos são ditos em inglês. E, em seguida, pelo filme tratar de um tema já utilizado inúmeras vezes, tanto em produções estrangeiras como nas nacionais: o preconceito racial. Assim, somos surpreendidos. Não só por ser uma produção estritamente nacional, como o fato de o assunto abordado ser tratado com uma delicadeza singular.

Iguais e diferentes

Inspirado na tese da pedagoga americana Jane Ellitot, que organiza oficinas sui-generis, onde um grupo de americanos de olhos azuis são confrontados com uma minoria de olhos negros, Joffilly usou-a como pontapé inicial para retratar os dois tipos de preconceito: o que vem de fora pra dentro e o que vem de dentro pra fora. Sua intenção é mostrar que todas as pessoas são iguais e diferentes ao mesmo tempo. Não existe uma única verdade. Assim, o conflito é inevitável.

Marshall (David Rasche) é o chefe do Departamento de Imigração do aeroporto JFK, em Nova York. Comemorando seu último dia de trabalho, ele resolve se divertir complicando a entrada no país de vários latino-americanos. Entre eles está Nonato (Irandhir Santos), um brasileiro radicado nos EUA, dois poetas argentinos, uma bailarina cubana (Branca Messina) e um grupo de lutadores hondurenhos.

Intercalando com esse momento, vemos Marshall, dois anos depois, no Brasil, procurando uma menina de nome Luiza, com a ajuda de uma prostituta, Bia (Cristina Lago). Essa trama, aparentemente banal, ganha muita força com os criativos diálogos oriundos da magnífica cabeça pensante do roteirista Paulo Halm, e sua parceira, Melanie Dimantas.

Performance

Agora, o grande mérito mesmo vem da performance de todo o elenco. Desde os coadjuvantes aos protagonistas, as emoções passadas por cada personagem são de uma fidelidade sem igual. E mais ainda, Irandhir Santos e David Rasche colocam no chinelo qualquer professor de atuação. Brando ficaria extasiado se tivesse aula com eles.

Como nada é perfeito, poderia citar pequenos clichês de filmes do gênero com os quais alguns céticos de originalidade tendem a se incomodar. Mas, depois de tamanha amabilidade, isso se torna irrelevante.

(Rod Carvalho/Especial para brpress)

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