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Só 121 anos

(Londres, brpress) - Poder-se-ia esperar que o maior país latino-americano estivesse, como os vizinhos, perto de festejar seus dois primeiros séculos de vida republicana, mas gigante também foi o último a abolir a escravidão. Por Isaac Bigio.

Isaac Bigio*/Especial para brpress

(Londres, brpress) – Em 2010, as quatro maiores repúblicas hispânicas celebram seus 200 anos de vida, enquanto que o resto da América continental hispânica iniciou um período de 15 anos em que comemora ou comemorará o bicentenário de alguma vitória republicana em seu solo. Poder-se-ia esperar que o maior país latino-americano também estaria perto de festejar seus dois primeiros séculos de vida republicana, mas o Brasil apenas se tornou república em 15 de novembro de 1889. O gigante da América do Sul também foi o último país de língua ibérica em seu sub-continente a abolir a escravidão (o que aconteceu em 1888, várias décadas depois do resto). 

Estas datas podem confundir algumas pessoas, pois o Brasil adota como seu dia de independência o 7 de setembro de 1822, no qual o filho português (Pedro) do rei de Portugal (João VI) disse “eu fico” e criou seu próprio império no maior território português que existia (o da América do Sul). Pedro I morreu em 1834, na  mesma capital portuguesa em que nasceu em 1798 (Lisboa). Seu filho, Pedro II, foi o imperador do Brasil de 7 de abril de 1831 a 15 de novembro de 1889. Seu reinado de 58 anos e 22 dias foi o mais longo de que se tem noticia em qualquer império americano, antes ou depois de Colombo.

O Império do Brasil (1822-1889), que durou tanto quanto o dos incas, promoveu guerras e conquistou territórios de quase todos os seus vizinhos. A única guerra de independência que libertou um país hispânico sul-americano que não foi contra a Espanha – foi a do Uruguai contra o Brasil (1825-28). O Paraguai, por sua vez, foi massacrado em 1864-70, quando Pedro II comandou o extermínio de quase todos seus varões adultos.

Imagem limpa

Hoje, o Brasil conseguiu limpar sua imagem. Nenhum país andino comemora as grandes perdas territoriais para o Brasil, ainda que a Bolívia e o Peru continuem muito ressentidos porque o Chile lhes arrebatou áreas menores. Na América hispânica é comum relembrar as matanças dos conquistadores e as invasões dos EUA, mas pouco se fala da maior matança pós-colonial do hemisfério: a da guerra da Tríplice Aliança, contra o Paraguai.

O Brasil não apenas tem uma língua diferente que a do resto da América Latina, mas tem também uma história muito particular. Nunca foi colônia da Espanha e, além disso, chegou a ser o único país americano a liderar um império ultra-marinho (o português de 1808-1821). Enquanto o México e a Bolívia perderam territórios para todos os seus vizinhos, o Brasil os conquistou em toda a vizinhança. É o país sul-americano mais marcado pela escravidão: foi o último a aboli-la e é o que tem o maior número de  descendentes  africanos fora do continente negro.

Isaac Bigio

Isaac Bigio vive em Londres e é pós-graduado em História e Política Econômica, Ensino Político e Administração Pública na América Latina pela London School of Economics . Tradução de Angélica Campos/brpress.

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