Amor? expurga violência em relacionamentos
(brpress) - Híbrido entre documentário e ficção – as histórias são reais e o protagonistas atores –, eis "um filme sobre eu, você e todos nós", segundo o diretor. Por Juliana Resende.
(brpress) – Foi Charles Baudelaire quem disse: “O mais irritante no amor é que se trata do tipo de crime que exige um cúmplice”. Essa é a premissa do filme Amor?, novo longa-metragem de João Jardim (de Janela da Alma e Pro Dia Nascer Feliz e Lixo Extraordinário, codireção), que estreia nesta sexta (15/04), em São Paulo e no Rio.
Híbrido entre documentário e ficção – as histórias são reais e o protagonistas atores –, Amor? é “um filme sobre eu, você e todos nós”. Mesmo que muitos não tenham vivido as histórias extremas que se passam na tela – sempre envolvendo algum tipo de violênca, física e psicológica –, é quase impossível não se identificar e se chocar com os personagens. A maioria expurga ou deseja expurgar a violência em seus relacionamentos, hétero e homossexuais.
Sem moralismo
A ausência de qualquer tom moralista e a generosidade – e por que não coragem? – dos que compartilharam tais histórias encenadas pelo diretor (uma iniciativa louvável da Avon, patrocinadora do filme, como parte de uma camapanha educativa contra a violência à mulher) com o público é o grande trunfo do filme.
Algumas das relações relatadas chegam a causar revolta e repulsa, mas, como a própria violência inserida no contexto amoroso, pode também atrair, fechando, assim, um perverso círculo vicioso. Temos a vítima e o perpetrador; o algoz e o carrasco; a cruz e a espada naquela cumplicidade doentia da qual falava Baudelaire. Mas nada no terreno nebuloso das relações com violência é tão maniqueísta assim.
Delicado e tedioso
As fronteiras são turvas e nebulosas neste terreno delicado, em que se pisa em ovos, em que o instinto parece mais forte que tudo, em que a dominação se dá pelo bem ou pelo mal. Jardim é feliz em tratar de um tema arenoso com a devida delicadeza – embora Amor? seja, em geral, entediante.
“Filmei relatos muito sinceros de pessoas que viveram situações que envolvem ciúmes, culpa, paixão e poder. Até pensei em mostrar os verdadeiros personagens na tela, mas, além da privacidade de cada um, havia a privacidade do parceiro de quem falavam”, conta Jardim. “Além disso, havia também questões legais. Poderíamos ou não expor estas pessoas à esta situação? Então, optei por convidar atores. Por isso, Amor? não é um documentário. Nem ficção. É impossível de classificá-lo.”
No elenco – bom – estão nomes como Lilia Cabral, Eduardo Moskovis, Leticia Collin, Cláudio Jaborandy, Silvia Lourenço, Fabiula Nascimento, Mariana Lima, Ângelo Antônio e Julia Lemmertz.
(Juliana Resende/brpress)