Assassino em si

(brpress) - Com o violento The Killer Inside Me, diretor Michael Winterbottom causa polêmica e discussões nos Festivais de Berlim e Sundance. Por Eliane Maciel.

(brpress) – Com sua premiére no Festival de Sundance e a exibição em Berlim, no último final de semana, o filme The Killer Inside Me (EUA/Reino Unido), adaptação para o cinema do romance O Assassino em Mim, de Jim Thompson, de 1952, está tendo de se explicar. Na Berlinale, onde alguns jornalistas não conseguiram ver o filme até o final e deixaram a sala, o diretor inglês Michael Winterbottom foi questionado: por que tanta violência? Ele justificou, dizendo que a intenção era mesmo chocar: “Se você faz um filme onde a violência é entretenimento, aí ela deve ser questionada”.

O diretor tentou convencer a respeito da necessidade de expor sua violência (especialmente contra as mulheres) de forma tão explícita e atormentada no filme. Ele primeiramente deixou claro, numa entrevista coletiva em Berlim, que “ná a violência contra  mulheres e homens em livros, filmes e na sociedade em geral e é importante que, ao mostrar a violência na tela, ela pareça repugnante. A violência contra as mulheres sempre existiu e me parece um tema digno de ser tratado”.

Winterbottom alegou que, no caso da adaptação do livro de Thompson, era  necessário mostrar a violência, por vezes, de forma crua e direta, para ativar sua função reflexiva, além de servir como válvula catártica.

Boicote do elenco?

Outra polêmica levantada pela imprensa é que, pelo fato de somente o diretor e o produtor americano Andrew Eaton terem comparecido aos festivais para prestigiar o trabalho denota um “boicote” do elenco, descontente com o resultado final. O mote do burburinho foi o fato de Jessica Alba (que interpreta a prostituta Joyce Lockland), Kate Hudson e Casey Affleck, estrelas da produção, não terem ido aos festivais.

As ausências também foram justificadas pelo diretor como uma questão de orçamento: faltou grana para o elenco viajar na promoção do filme. The Killer Inside Me  foi rodado em Oklahoma, no Novo México e no Texas – mesmos lugares onde a história de Jim Thompson se passa – e enfoca a vida um jovem psicopata texano, Lou Ford (Casey), que é xerife em uma cidadezinha.

Aproveitando sua posição de poder, ele começa a matar para encobrir suas histórias de adultério e corrupção. O personagem possui uma urgência de ouvir óperas e de se livrar das memórias de traumas de sua infância regada a sexo e violência.

(Eliane Maciel/Especial para brpress)