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Olivier PèreOlivier Père

Locarno superstar

(Genebra, brpress) - Diretor do Festival de Locarno, Olivier Père, conta a Rui Martins como tem conseguido títulos disputados e o porque da ausência do Brasil na seleção. Por Rui Martins.

(Genebra, brpress) – Segundo o presidente do Festival de Locarno, Marco Solari, circula um rumor no mundo dos festivais que o diretor do Festival de Veneza, Marco Mueller, ao chegar em alguns países para obter filmes, tem uma surpresa: “Olivier Père já passou antes por aqui”, lhe dizem. Ao que parece, o novo diretor do Festival de Cinema de Locarno é muito ativo e tem conseguido atrair produtores e cineastas que preferiam outros festivais.

Talvez por isso, esta edição do 64. Festival de Locarno, que acontece de 03 a 13 de agosto, vai ser recheada de astros de Hollywood e filmes com apelo internacional, além das tradidionais produções independentes. Enquanto a Piazza Grande se concentra no cinema entretenimento, as salas permanecem dedicadas ao cinema independente e ao cinema de autor.

O francês Olivier Père, ex-diretor da Semana da Crítica no Festival de Cannes, entra no segundo ano como diretor-artístico do Festival de Locarno e no encontro com a imprensa, em Berna, no qual anunciou os filmes programados, concedeu uma entrevista para a brpress. Confira:

Como assume esse seu segundo ano na direção do Festival de Locarno ?Olivier Père – O primeiro ano foi de aprendizagem e de experiência, no qual aprendi muita coisa, mesmo que eu já houvesse refletido sobre minha visão do festival e sobre as modificações que gostaria de trazer. Este ano, vai ser o da confirmação e de reafirmação de objetivos e de ambição. Tentamos nos concentrar no que se poderia melhorar o festival em comparação com o ano precedente, com o conteúdo mais rico em consequência das reformas feitas na competição, nas seções e na redução do número de filmes, e com a presença de grandes filmes, grandes autores e grandes estrelas.

Foi muito difícil fechar a programação?Olivier Père – Não, porque este ano foi muito rico na produção de filmes e também no cinema independente, isso no que se refere a todas as regiões, asiática, americana, européia e, igualmente, porque nos beneficiamos da boa reação da imprensa, extremamente positiva, relativa ao festival do ano passado, criando curiosidade, interesse e desejo não só na mídia, mas igualmente entre os profissionais, cineastas, atores, produtores e distribuidores para virem pela primeira vez ao festival, tornando mais fácil convencê-los. Criou-se assim uma relação de confiança, facilitando a aceitação de nosso convite para virem participar.

Não há filme brasileiro na competição. Qual o motivo?Olivier Père – É verdade. No ano passado havia até um filme na competição, mas este ano tivemos de renunciar a mostrar filmes brasileiros porque ou não estavam prontos ou os vistos pelo comitê de seleção não foram escolhidos. Depende de cada ano e este ano não foi favorável ao cinema brasileiro.

Ou será que Marco Mueller, de Veneza, passou antes pelo Brasil?Olivier Père – Pode ser (risos). Porém, ele viu os mesmos filmes que nós. Não sei se há filmes em outros festivais, sei que houve filmes brasileiros em Cannes. No ano passado, por exemplo, não havia filme argentino na competição e desta vez há dois.

Ou será pela má influência da televisão, como se diz com relação à produção brasileira…Olivier Père – É verdade, muitos produtores, observadores e cineastas se queixam da má influência da televisão brasileira sobre o cinema, não só no plano da produção como da estética. E é verdade que os financiadores estão mais propensos a financiar filmes comerciais para a televisão do que a apoiar o cinema de autor, o que é lamentável.

E da América Latina, o que temos, só a Argentina?Olivier Père – Não, há também o Chile, um filme de Sebastian Lelio, que é dos jovens cineastas chilenos. Da Argentina, há diversas coproduções, como Abrir Puertas y Ventanas, de Milagros Mumenthaler, feito com a Suíça, e na seção Cineastas do Presente, o filme El Estudiante, um muito bom primeiro filme de Santiago Mitre.

E filmes na língua portuguesa? No júri há um produtor português…Olivier Père – É verdade. O presidente do júri é o produtor português Paulo Branco e há um curta-metragem português na competição Cineastas do Presente: É na Terra Não é na Lua, de Gonçalo Tocha.Paulo Branco é um grande produtor, um aventureiro da produção, quase um personagem mítico, que já foi premiado em Locarno, alguém que tem feito muito pelo cinema independente europeu e pelo cinema de autor, relançando, por exemplo, obras do cineasta Manoel de Oliveira, de Raul Ruiz e de diversos cineastas franceses, e que está produzindo, no Canadá, o novo filme de David Cronenberg.Quanto ao cinema português considero um dos mais belos da Europa, onde existe um viveiro de jovens cineastas talentosos, de Miguel Gomes a João Pedro Rodrigues, e é também um cinema muito poético. Um cinema de observação do mundo com um olhar bastante poético sobre a vida, o que faz sua força, que lhe dá algumas vezes uma dimensão filosófica e metafísica, como em Oliveira e Monteiro.

(Rui Martins/Especial para brpress)

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