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Murilo Rosa vive um metalúrgico em No Olho da Rua. Vanessa Wohnrath/BR PressMurilo Rosa vive um metalúrgico em No Olho da Rua. Vanessa Wohnrath/BR Press

‘Não tem final feliz’

(brpress) - É o que diz Murilo Rosa sobre filme No Olho da Rua, que estreia nesta sexta (13/05), e sobre seus personagens que o público não costuma ver nas novelas. Por Vanessa Wohnrath.

(brpress) – Murilo Rosa, 40 anos, costumeiramente aparece na televisão interpretando personagens românticos na pele de um galã. Foi assim em seu último trabalho, a novela Araguaia, interpretando Solano, um domador de cavalos, que se divide entre o amor de duas mulheres. No cinema, no entanto, ele está fugindo dos personagens pelos quais o público o conhece na televisão. No longa Como Esquecer ele vive Hugo, um ator gay. Por essa produção, Rosa acaba de ganhar o prêmio de melhor ator coadjuvante, no 4° Los Angeles Brazilian Film Festival. Em No Olho da Rua, que chega aos cinemas de São Paulo e Rio nesta sexta (13/05), o ator vive um metalúrgico desempregado.

O longa marca a estreia do diretorRogério Corrêa em longa-metragem. Murilo Rosa interpreta Otoniel Badaró, um homem que trabalha há 20 anos como metalúrgico e é demitido em função da modernização pela qual a empresa está passando. Ele é casado e a mulher está grávida do segundo filho. Sem direito aos benefícios quando perde o emprego, Otoniel mergulha no desespero, preocupado em como conseguir dinheiro para sustentar a família.

Em entrevista exclusiva, Murilo Rosa conversou com a brpress sobre o filme No Olho da Rua, outros trabalhos e revelações do tipo: “Sempre tive vontade de fazer um filme sobre a periferia de São Paulo. Sempre adorei os filmes do Beto Brant e morria de inveja”, confessa o ator.

Confira a seguir, o bate-papo na íntegra.

Como esse projeto chegou até você?Murilo Rosa – Recebi este roteiro de forma muito carinhosa. O Rogério [Corrêa, diretor do filme] me mandou com um bilhete e um currículo dele… Eu sempre tive vontade de fazer um filme sobre a periferia de São Paulo. Sempre adorei os filmes do Beto Brant e morria de inveja. Queria participar desses filmes e, aí, quando li o roteiro de No Olho da Rua, vi que era uma oportunidade de tocar num assunto em que você não vê normalmente. Esse não é um filme comercial – é autoral, não tem final feliz.

Essa foi então a oportunidade que esperava?MR – É. O cinema está me mostrando esses caminhos. Eu adorei o roteiro. O Otoniel é uma versão realista do que é ser um metalúrgico. Mesmo que eles vivam bem, se criou uma ilusão muito grande em cima do metalúrgico por causa do ex-presidente do Brasil [Luiz Inácio Lula da Silva]. Esse é outro caminho e uma visão do que pode acontecer quando se demite um operário.

Você acredita que seu personagem possa ser comparado ao Lula, em função da profissão e por causa da caracterização com a barba grande?MR – Eu acho que não, são histórias opostas. O Otoniel é um metalúrgico que não virou presidente (risos). Quanto à barba, eu estava vindo de uma sequência de trabalhos e achei que a barba grande, esse descuido, seria interessante. O Otoniel não é um cara vaidoso.

No Olho da Rua mostra a derrocada de um operário e pai de família. Fale um pouco sobre o personagem.MR – O que justifica a demissão de um bom funcionário? O filme fala disso, da avalanche que se transforma a vida de um homem que precisa do emprego. O Otoniel vai tendo uma vida degrau abaixo, após a demissão. Ele não consegue se reerguer. Isso pode acontecer, de a pessoa perder a dignidade. Tem pessoas que ficam tentando e não conseguem. Isso é triste e o Oton é uma pessoa assim. Ele perde a mulher, porque ela não quer ficar do lado de um fracassado. A casa ele não pode pagar e, por mais absurdo que pareça, isso pode acontecer e ele se vê dormindo embaixo da ponte. A sequência dele dormindo embaixo da ponte, para mim, é uma das mais bonitas da minha carreira. Ela é feita num plano só, teve um ensaio rápido, mas é um take que acontece, não tem corte… É fantástico! Eu adoro esse momento. Gosto muito do filme.

No Olho da Rua será exibido no Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, nesta quarta-feira (11/05). Você está apreensivo quanto ao que os trabalhadores vão pensar do filme?MR – Juro que vou sem saber para onde estou indo (risos). Acabei de voltar do Festival de Los Angeles, estou aqui agora promovendo No Olho da Rua… Eu não tenho noção do que vai ser (risos).

Os personagens que interpreta no cinema são bem diferentes dos que faz na televisão. Você sente mais liberdade para explorar outras facetas no cinema?MR – Esse filme é a oportunidade de eu tocar num assunto em que as pessoas não estão acostumadas a me ver. O cinema é o espaço do ator. O teatro também é, mas o cinema hoje tem sido muito generoso comigo. O cinema está me dando uma oportunidade que o teatro me deu no início da carreira. Posso experimentar coisas, mergulhar em projetos mais ousados, arriscados.

Como você avalia sua carreira no cinema?MR – O meu grande prazer no cinema são essas várias vertentes. Saio de um filme em que sou o empresário, vou para um em que sou o metalúrgico, passo por outro em que faço um personagem gay, depois para um em que sou maestro e para outro em que sou abduzido. Não tenho um rostinho bonito, com olhos azuis – tenho uma cara que dá para fazer qualquer personagem.

Quais são os outros projetos em cinema para o futuro?MR – Tem o Área Q, do Gerson Santinitto. Esse é um projeto muito interessante e estava muito curioso para saber o resultado. O filme [uma co-produção entre Brasil e Estados Unidos, que tem ainda Tânia Khallil e Isaiah Washington, de Grey’s Anatomy, no elenco]conta a história de um jornalista americano, que vai até o Ceará investigar casos de abduções. Eu faço um camponês que, saindo para trabalhar, é abduzido. O assunto parece maluco, mas o filme é muito bonito, bem feito e a mensagem é muito interessante. Esse tipo de cinema, que sai daquela coisa obviamente comercial, me interessa.

Há algum projeto que você ainda vai filmar?MR – Tem Vazio Coração, do Alberto Araújo, que é a história de um cantor muito famoso no Brasil, mas não é baseada na história de ninguém. Mostra a relação dele com o pai. Eles não se falam há mais de sete anos e tem uma tragédia na vida deles que os separou. Agora vou mergulhar num outro processo…

(Vanessa Wohnrath/Especial para brpress)

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