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Cena de Burlesque: amontoado de clichês e interpretações embaraçosas.best-cine.comCena de Burlesque: amontoado de clichês e interpretações embaraçosas.best-cine.com

Nem Cabaret, nem Chicago, nem Moulin Rouge

(brpress) - Mesmo bebendo da fonte de três musicais cinematográficos, quase nada se salva em Burlesque. Por Caesar Moura.
(brpress) – Ao contrário do que os menos avisados tentam nos fazer crer, o teatro burlesco não começou como um show de striptease e nem foi inventado pelas Pussycat Dolls. O gênero surgiu a partir da Commedia Dell´Arte, tipo de reatro muito popular na Itália entre os séculos XV e XVII, com espetáculos de paródias e grandes comédias, baseados na improvisação. Só no século XIX, o teatro burlesco ganhou essa cara “mais sexual” ao ser influenciado pelo Vaudeville (espetáculos de saloon, “shows bizarros”) onde dançarinas, acrobatas, ventríloquos e músicos se misturavam num grande evento onde o corpo feminino era a grande atração.

 Era de se esperar então que Burlesque, filme de estreia da pop star Christina Aguilera, contracenando com a lenda viva Cher – que estreia no Brasil nesta sexta (11/02) –, fosse um grande lançamento, tivesse lindas mulheres, coreografias de tirar o fôlego, figurinos extravagantes e uma história de amor que também fosse sexy e divertida, certo? Errado. Pelo menos, para o diretor e roteirista Steve Antin (que conta em seu currículo equívocos como Glória, que terminou de afundar com a carreira de Sharon Stone, em 1999).
 
 Ali (Christina Aguilera) decide, do dia para a noite, sair da cidade pequena onde vive e partir para Los Angeles – não se sabe ao certo para quê. No primeiro dia por lá vira garçonete do night club Burlesque, administrado pela durona-de-bom-coração Tess (Cher). Fascinada pelo palco e pelos shows, Ali aspira virar a grande estrela do lugar. O que ela não sabe é que Tess está prestes a fechar as portas do inferninho, a menos, claro, que um milagre aconteça.
 
 Enquanto Rob Marshaw deu um show de criatividade e talento, usando de forma original essa mesma história (a da garota do interior que faz tudo pelo estrelato), no premiadíssimo Chicago (2002), Antin nos “presenteia” com um fiapo de roteiro com conflitos que não se definem, antagonismos que se encerram antes de se estabelecerem, e com personagens tão profundos quanto uma colher de chá.

Elenco de doer

 Cher, com décadas de showbiz nas costas e sabendo bem no que tinha se metido, tem uma atuação desinteressada e preguiçosa. O restante do elenco – incluindo Stanley Tucci (O Diabo Veste Prada), fazendo o eterno papel de gay-fada-madrinha – é tão ruim quanto tudo que os cerca. Mas nada é tão constrangedor quanto Christina Aguilera. A Ali da cantora anda como Aguilera, se veste como Aguilera, fala como Aguilera, canta como Aguilera e se maquia como Aguilera. Até os recalques de Christina estão lá, de alguma forma, presentes na personagem. Ali se recusa a ser apenas uma excelente cantora. Ali também quer ser linda e desejada, como Christina Aguilera, que, fora das telas, é uma Cyndi Lauper inconformada. 

 Ao contrário da Lauper dos anos 1980, que, mesmo sendo infinitamente mais talentosa que sua contemporânea Madonna, rapidamente percebeu que seu discurso feminista e seu visual punk não se adequariam ao esquema que se impunha na época (a ascensão dos vídeoclipes e, com isso, a erotização e glamourização da imagem, principalmente a feminina, área que Madonna dominava). Cyndi acabou optando por trilhar um caminho – digno e com apenas um ou outro tropeço – à margem do pop, enquanto Aguilera decidiu nos empurrar goela abaixo seu talento, mas jogando no campo onde Britney Spears e Beyoncé dominam: o da imagem.

 Ao invés de se impor pela técnica vocal e jogar no time das grandes intérpretes, Christina paga agora o preço de sua prepotência. A bela voz empalidece diante dos maneirismos e vícios vocais e destoa do look corista e vulgar, que padece pela falta de sensualidade e de um corpo realmente bonito para se justificar.
 
Trilha

 Em Burlesque, nem a trilha previsível, cuja produção-executiva é assinada por Christina Aguilera, se salva. Enquanto Cabaret (1972), Moulin Rouge (1999) e Chicago (2002) representaram em seu tempo renovação e deram fôlego novo aos musicais, esse Burlesque, mesmo se apropriando descaradamente de elementos visuais e do estilo de edição de cada um desses citados (a cena de Ali servindo os clientes enquanto cobiça estar no palco é quase um plágio da sequência inicial de Chicago), não passa de um amontoado de clichês e interpretações embaraçosas.
 
(Caesar Moura/do Farme40graus/Especial para brpress)

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