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Nicole Kidman é Gertrude Bell em Rainha do Deserto: uma mulher à frente de seu tempo. Foto: DivulgaçãoNicole Kidman é Gertrude Bell em Rainha do Deserto: uma mulher à frente de seu tempo. Foto: Divulgação

Nicole Kidman vive heroína feminista

(Berlim, brpress) - Atriz fala sobre espiã e diplomata inglesa Gertrude Bell, tema de Rainha do Deserto, de Herzog. Por Rui Martins.

(Berlim, brpress) – Versão feminina de Lawrence da Arábia. Assim, a atriz Nicole Kidman foi apresentada a Gertrude Bell, espiã e diplomata inglesa um tanto à frente de seu tempo – e muito menos conhecida que o personagem do épico eternizado por Peter O’Toole, tema de Rainha do Deserto (Queen of the Desert, 2015), novo filme de Werner Herzog, exibido no Festival de Cinema de Berlim, em fevereiro de 2015.

Kidman falou sobre o filme na Berlinale, acompanhada por James Franco, com quem contracena, e de Herzog, um apaixonado pela história de Gertrude Bell, que definiu como “uma mulher extraordinária”. Por isso, decidiu contar a vida desta filha de boa e abastada família inglesa que não se conteve dentro das fronteiras e dos padrões estabelecidos para mulheres de sua época.

Intrépida

    Kidman – Embaixadora da Boa Vontade do Fundo de Desenvolvimento das Nações Unidas para a Mulher – encarna perfeitamente o espírito aventureiro de Bell, que foi cônsul em Teerã e Amã, no Cairo e Damasco, tornando-se depois única figura feminina de projeção no serviço secreto britânico, naquela região, cujas convulsões se prolongam até hoje. Isso ainda na época do Império Britânico, ao fim da Primeira Guerra Mundial e do Império Otomano, depois de cinco séculos de existência, numa era de nova demarcação das fronteiras do mundo árabe.

     As filmagens levaram a atriz ao extremo do Marrocos, a oito horas de viagem de Casablanca. “Era um lugar diferente e eu adoro o deserto”, derrete-se Nicole Kidman, que já mostrou do que uma mulher decidida e obstinada pode ser capaz, mesmo um lugares hostis e inóspitos, em Austrália (2008). Ao aceitar fazer Rainha do Deserto, Kidman contou que, ao saber que filmariam no deserto, só fez uma exigência: “Posso levar meus filhos?”.

    Herzog não colocou nem meia objeção, pois queria muito Nicole Kidman para o papel. Fã de aventuras e defensora de personagens fortes como a já citada Lady Sarah Ashley, a dançarina Satine, de Moulin Rouge (2001), e uma irretocável Virginia Wolf, em As Horas (2002), a atriz abraçou com unhas e dentes a oportunidade de dar vida a Bell e de passar uma temporada entre camelos e dunas de areia, “num lugar onde pude ter a experiência maravilhosa de dormir à luz das estrelas. Vou me lembrar durante toda a vida dessas maravilhosas filmagens”, diz.

Hardworker

    O próprio Herzog reforça o encantamento exercido pelo deserto sobre Nicole Kidman e “pela cultura árabe, hoje demonizada”: “Nicole trabalha bastante, é extremamente séria como atriz;  o filme repousa sobre ela, pois, exceto no começo, está em todas as cenas”. Ele lembrou de outro pedido da atriz: “Naquele calor, de repente, Nicole me pediu para tomar um banho. Arranjei uma banheira, enchemos com água e decidi incluir as cenas do banho de banheira no filme”. La Kidman não foi contra.

     Nem tudo no set foram flores e amores, como o romance de Bell e Henry Cadogan (James Franco). Ambos os atores comentaram sobre se depararem com jiadistas ou tribos bem menos amigáveis que os tuaregs. Franco confessa: “Eu me sentia seguro com Herzog”. O renomado cineasta, por sua vez, confessou arrepender-se de “nunca ter feito um filme de amor” antes. “Devia ter me aventurado nessa seara mais cedo”, brincou ele, aos 72 anos.

Coroada

     Herzog enfatiza ter sido arrebatado pelo lado mais intrépido da viajante, escritora, arqueóloga, exploradora e cartógrafa. Mas foi ao ler as cartas de amor, escritas por Gertrude Bell no calor de sua ação política, numa época em que Churchill era apenas ministro das Relações Exteriores, que Herzog sentiu-se obrigado a fazer o filme. “Fui eu quem lhe deu esse título de Rainha do Deserto”, suspira o diretor alemão.

    Werner Herzog contou ter escolhido Kidman e Franco para os papéis principais sem saber se ambos eram compatíveis. “Uma má escolha pode comprometer todo o filme. Felizmente, ambos não tiveram problemas entre si”. Isso tanto é verdade que Nicole, ao nomear qual sua cena predileta, refere-se ao momento em que ambos sobem uma longa escada de uma torre e, no alto, se deparam com um enorme abutre. “Ela grita e, logo depois, eles descem correndo as escadas, continuam correndo sobre a areia e, ao pararem subitamente, se abraçam e se beijam”.

    “Para fazer O Mágico de Oz eu treinei para ser mágico, por isso foi fácil fazer aquele simples passe de mágica para impressionar Gertrude Bell”, brinca James Franco. Mas Nicole Kidman parece impressionar-se mesmo é com Gertrude Bell. “Dar-lhe vida é diferente de viver uma Virginia Woolf, que exigiu semelhança até na voz e na maneira de falar. Precisava criar a personagem e torná-la crível, pois ninguém a conhece” – até Rainha do Deserto chegar aos cinemas.

(Rui Martins/Especial para brpress, com edição de Juliana Resende/brpress)

Juliana Resende

Jornalista, sócia e CCO da brpress, Juliana Resende assina conteúdos para veículos no Brasil e exterior, e atua como produtora. É autora do livro-reportagem Operação Rio – Relatos de Uma Guerra Brasileira e coprodutora do documentário Agora Eu Quero Gritar.

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