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Kathry BigelowKathry Bigelow

Oscar 2010 marca nova era

(brpress) - 82a. premiação quebra paradigmas e traz surpresas, com vitória de Guerra ao Terror, que deu a estatueta de Melhor Direção à primeira mulher na história da premiação. Por Eliane Maciel.

(brpress) – Apesar de ser referência de glamour pelo o que as celebridades vestem ao atravessar o tapete vermelhor a cada ano, a Academia este ano não se concentrou tanto e somente no glamour. Ao invés, investiu bem mais em comédia e em quebras de paradigmas – apesar de ter mantido, para não desviar tanto do tradicional, uma certa dose da já costumeira politicagem. Tanto que o filme sobre o Iraque, Guerra ao Terror (The Hurt Locker, EUA, 2008) levou seis das nove estatuetas às quais foi indicado, incluindo Melhor Filme e Melhor Direção – batendo impiedosamente Avatar, que teve de se contentar com premiações em três das também nove categorias às quais concorria, todas relacionadas ao visual do filme.

    Afogando águas vivas

    Para começar, a apresentação de Steve Martin e Alec Baldwin trouxe para o palco da festa do Oscar deste ano uma atmosfera de piadas inteligentes, relevantes e divertidas (mesmo que nem sempre politicamente corretas). Incrível a perspicácia dos dois atores. Um dos momentos memoráveis foi quando Martin fez uma mímica de que tinha uma lata de veneno contra insetos em seu poder, aniquilando, sem dó, as espécies que mais se pareciam com águas-vivas flutuando no ar, ao redor dele (referências ao filme Avatar).

    Durante o divertido discurso de abertura com os dois comediantes, George Clooney, antes de ser “atacado”, fez questão de, através de um simples olhar, mostrar que não estava em um dia de muitos amigos. Já Meryl Streep foi a que mais sofreu com as piadinhas durante a cerimônia – mantendo sempre seu (aparentemente) bom-humor e elegância.  Steve e Alec fizeram questão de (re)lembrá-la de seu “eterno egoísmo” ao estar abocanhando, pela 16ª. vez, a indicação de melhor atriz. A estatueta, no final das contas, foi para Sandra Bullock,  em Um Sonho Possível (The Blind Side, EUA, 2009).

    Nem Kathryn Bigelow e James Cameron foram poupados – seja por terem sido concorrentes em nove categorias com seus respectivos filmes Guerra ao Terror  e Avatar (EUA, 2009), seja por terem sido, um dia, um casal. A dupla dinâmica de comediantes ainda sugeriu que, ao ser indicado, Cameron recebeu de sua ex-mulher, um presente de parabenização: uma cesta de café da manhã com um cronômetro (fazendo referência ao desarmamento de bombas, que é a ocupação do personagem central de seu filme).

Primeira mulher

    Na guerra entre os favoritos da noite, a derrota da megaprodução Avatar para um filme praticamente independente que só é possível ser assistido em vídeo, supreendeu, sem dúvida. Kathryn Bigelow – primeira mulher a conquistar a premiação nesta categoria na história do Oscar – também levou o principal prêmio da noite: Melhor Filme, além de Melhor Roteiro Original (do polêmico Mark Boal), Melhor Mixagem e Edição de Som e Melhor Montagem.

    Mark Boal quase fora banido da festa da Academia ou, pelo menos, de subir ao palco para receber o prêmio caso ganhasse (e ganhou com melhor roteiro original), por dois motivos: primeiro porque está sendo processado pelo sargento Jeffrey S. Sarver, por ele acreditar que o roteirista tenha se baseado na história de sua vida para escrever o filme, segundo Geoffrey Fieger, advogado do militar.

    E-mail

    Outro motivo que deixou o roteirista na corda-bamba foi o fato de ele ter enviado um email a colegas de profissão no qual pedia que votassem em Guerra ao Terror na categoria de Melhor Filme – contrariando algumas das várias regras da Academia no que se diz respeito aos indicados (por exemplo, que não está permitida qualquer forma de comunicação que tente promover um filme concretamente fazendo comparações negativas em relação a outros). O co-produtor de Guerra ao Terror mandou outro email aos membros da Academia pedindo desculpas.

    Preciosa

    Para quem acompanhou a cerimônia pela TNT (que estava com um atraso de aproximadamente 15 segundos em comparação à transmissão da Rede Globo) foi possível ver a entrevista que a atriz Mo’Nique concedeu ao canal, dizendo que na verdade, o filme em que atua – Preciosa (Precious, EUA, 2009), pelo qual ganhou, merecidamente por sua atuação brilhante, o Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante – foi feito com a intenção de poder compartilhar uma mensagem de esperança e amor a muitas pessoas que se sentem rejeitadas e deslocadas diante do sofrimento da vida. “Caso o filme tenha conseguido mudar uma vida somente, esse já seria  maior prêmio que todos que participaram dele poderiam ganhar”, disse Mo’Nique, que  também elogiou muito a protagonista Gabourey Sidibe.

    Ao receber seu prêmio, Mo’Nique foi bastante enfática ao agradecer à Academia por premiar o que era mais correto – “e não o que era mais popular”. Seu discurso foi conciso, porém tão intenso quanto a sua atuação. Preciosa ainda levou o Oscar de Melhor Roteiro Adaptado.

    Uma das mais visíveis mudanças determinadas pela Academia neste ano foi o fato de os vencedores serem anunciados com a frase “And the winner is… (E o vencedor é…)” ao invés do tradicional “And the Oscar goes to… (E o Oscar vai para…)” – o que foi religiosamente seguido por todas as celebridades que ocuparam o palco na apresentação de todos os contemplados – exceto Kate Winslet, que disse a frase- chavão.

    Dentre os momentos mais interessantes da noite, destacou-se a aparição do eterno garoto porém quase 100% sumido McCauley Culkin, na homenagem prestada a John Hughes (1950-2009), cineasta cultuado dos anos 80 e 90 com filmes clássicos como A Garota de Rosa-Choque, Curtindo a Vida Adoidado e Esqueceram de Mim, e a homenagem aos grandes clássicos de filmes de terror, como por exemplo O Exorcista, Poltergeist, O Iluminado, O Brinquedo Assassino, Drácula e Tubarão.

    E Farrah Fawcett?

    Uma grande falha que a Academia cometeu, com ou sem intenção, foi no momento em que Demi Moore subiu no palco do Kodak Theater para apresentar uma homenagem “in memoriam” a artistas consagrados que já partiram. Durante a apresentação, James Taylor tocava seu violão acústico. Até aí, tudo bem. Interessante até. Foram citados vários artistas, diretores e cineastas antigos, da época em que os filmes eram feitos em P&B, como Jennifer Jones e Roy Disney… Foram citados também Patrick Swayze, David Carradine, Brittany Murphy, Michael Jackson. Mas porque não incluiram Farrah Fawcett? Ela está até no site do Oscar, na galeria de ‘Tapetes Vermelhos’ do passado.
   
    Premiações e pessoas

    Dentre os acertos, há de serem louvadas as premiações de Christoph Waltz, como Melhor Ator Coadjuvante por Bastardos Inglórios, o francês Logorama, melhor animação curta-metragem, que conforme seu diretor François Allaux é “uma perseguição desenfreada com o uso indevido de três mil logomarcas/patrocinadores não-oficiais do mundo inteiro”, e a de Melhor Filme Estrangeiro, para o argentino O Segredo de Seus Olhos (sendo que o favorito era o alemão A Fita Branca).

    A imagem de Pedro Almodóvar e Quentin Tarantino juntos no palco, com trilha sonora de Fellini, também será memorável. Oprah Winfrey apresentando e tecendo elogios à atriz negra, obesa e estreante Gabourey Sidibe também emocionou. As emoções só não foram maiores porque a Academia adora um prêmio de consolação vez ou outra… Seja para um veterano que planeje o final de sua carreira com chave de ouro, como no caso de Jeff Bridges, que ganhou o Oscar de Melhor Ator por Coração Louco, seja uma bela mulher de 45 anos com sua primeiríssima indicação após atuar em 40 filmes, como foi o caso de Sandra Bullock.

    Mas, para a cerimônia toda fechar com chave de prata (ouro somente se tudo fizesse justiça à realidade), Steve Martin optou por parabenizar Kathryn Bigelow pelos dois maiores prêmios da noite e citar que, a partir de então, o tecnológico e caro Avatar “já era coisa do passado”.

(Eliane Maciel/Especial para brpress)

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