Acesse nosso conteúdo

Populate the side area with widgets, images, and more. Easily add social icons linking to your social media pages and make sure that they are always just one click away.

@2016 brpress, Todos os direitos reservados.

Thomas HornThomas Horn

Tão Forte e Tão Perto emociona Berlim e pode ganhar Oscar

(Berlim, brpress) - Stephen Daldry faz 'novo Billy Elliot' com Thomas Horn na pele de órfão do 11 de Setembro; diretor e ator conversam com Rui Martins, no festival.

(Berlim, brpress) – Na queda das Torres Gêmeas em Nova York, muitas famílias foram indiretamente atingidas. O filme Tão Forte e Tão Perto (Extremely Loud & Incredibly Close, 2011), de Stephen Daldry (Billy Elliot), conta a separação entre um pai e um filho muito ligados e a difícil recuperação do órfão Oskar, cujo pai saltara do prédio em chamas. Esse drama tão violento de separação não deixa nenhum espectador insensível. A julgar pelo sucesso que fez no Festival de Berlim, tem grandes chances de ganha o Oscar de Melhor Filme, ao qual está concorrendo.

    Oskar é extremamente próximo ao pai atencioso, Thomas (vivido por Tom Hanks), com o qual mantinha uma excelente relação de amigo e companheiro nos tipos de jogos em que se envolviam. Tudo isso se desfez naquela manhã de 11 de Setembto, restando do pai apenas a voz nas gravações de telefone das chamadas feitas por ele antes de ruirem as Torres Gêmeas.

    A morte do pai desestabilizou totalmente o menino-adolescente, que se torna neurótico e apresenta sintomas de autismo. Porém, ao encontrar por acaso uma chave, que julga ter sido deixada pelo pai, dentro de um vaso ligado ao nome de família Black, Oskar vai começar uma busca incessante na cidade de Nova York, visitando todos os habitantes com o sobrenome Black.

Intensa emoção

    Nisso é ajudado por um velho mudo (Max von Sydow, também indicado ao Oscar como Melhor Ator Coadjuvante) desde os bombardeios da cidade de Dresden, na Alemanha, onde vivia na Segunda Gerra. O fato de o filme explorar com maestria a perda de um ente querido provoca intensa emoção na plateia.

    Uma grande revelação estava por vir, no encontro com a imprensa, pois o ator Thomas Horn, hoje com 13 anos, surpreendeu a todos mostrando-se ainda melhor no real que no cinema. Seguro, respondeu aos jornalistas, fez comentários inteligentes, mostrou ter um bom vocabulário e se revelou um pequeno gênio.

    Stephen Daldry tem o dom para filmes com adolescentes – e  seu sucesso com Billy Elliot  (Reino Unido, 2000) já provara isso. Max von Sydow comTo ator mudo lembra o filme também mudo O Artista e levanta uma indagação: virou moda?

    O Artista foi indicado a dez Oscar e levou, no último domingo (12/02),  sete prêmios Bafta (o “Oscar” britânico), além dos quatro que arrematou no Globo de Ouro. Tão Forte e Tão Perto, que conta ainda com Tom Hanks e Sandra Bullock no elenco,  deve estrear no Brasil em 2 de março. “Fiquei surpreso com as indicações ao Oscar. Achei que não era um filme fácil”, diz Stephen Daldry. Leia, a seguir, entrevistas com o diretor e os atores Thomas Horn e Max von Sydow.

Como conseguiu trabalhar com um menino ator, que exige um esforço tão grande?
Stephen Daldry – Não há uma receita particular quando trabalhamos com crianças. E com Thomas Horn tivemos uma grande chance. Foi uma benção. Ele foi nosso ator principal, fizemos muitos e muitos ensaios. Não existe nenhum remédio milagroso para isso. Trabalhamos com ele como teríamos trabalhado com um ator adulto. Thomas se preparou muito bem, estava seriamente preparado para o papel. Fiquei impressionado com a qualidade dele como ator.

Seu filme é sobre o 11 de Setembro. Como explicou o que aconteceu nessa data para esse menino?
Stephen Daldry – Baseei-me no livro de Jonathan Safran Foer, que conta a infelicidade de uma família que perdeu esse pai de relação tão chegada ao filho, mostrando como essa família tentou se refazer depois da catástrofe. E isso é narrado no filme, utilizando-se a parábola da chave, cuja fechadura ele procura o tempo todo.
Jonathan, no livro, fez uma espécie de ligação entre o bombardeio de Dresden, na Alemanha, durante a Segunda Guerra, com o ataque às Torres Gêmeas. Para o menino Oskar, foi difícil encontrar um sentido em tudo isso, mas esse personagem que ficou mudo durante o bombardeio procura transmitir seu sentimento.

Onde estava no 11 de Setembro?
Stephen Daldry – Estava em Londres com o que seria o produtor deste filme. Estava trabalhando na pós-produção de um outro filme.

Como Thomas Horn foi selecionado  para o filme?
Stephen Daldry – A primeira coisa a lembrar é que Thomas é diferente do personagem do filme, Oskar. Ele vem de uma família muito equilibrada. Quando fizemos o casting, logo pudemos constatar ser alguém muito inteligente. E também percebemos como poderia se projetar nas emoções e sair dessas emoções sem que isso lhe causasse dano ou fizesse mal à sua personalidade. Ele pode falar por ele mesmo…

Olá Thomas! Fale sobre seu papel de menino neurótico e um tanto autista, desesperado pela morte do pai.
Thomas Horn – O personagem me pareceu um verdadeiro desafio, foi o meu primeiro papel. Não posso fazer comparações. Posso, porém, dizer que houve muitos momentos nos quais não consegui me encarnar nesse personagem. O diretor me explicou bem o personagem, como ele age, porque age assim e o que pensa, para eu poder entender o papel.

Acha que seu persnagem é privilegiado no filme?
Thomas Horn – Poderia se dizer que tenho um papel privilegiado no filme, mas existe paralelamente outra história, a do avô, que é europeu, que parte, que retorna, cuja sequência fica em suspenso. É também história de uma família e é necessário que a família se refaça. O fim do filme é diferente do final do livro.

Onde você estava no 11 de Setembro?
Thomas Horn – Estava em São Franciso e provavelmente engatinhava no chão porque tinha três anos. Não me lembro, portanto, mas isso é talvez uma boa coisa. Para uma criança, ficar sob o peso desse tipo de tragédia não deve ser bom para seu desenvolvimento. Mas ao crescer fui me informando e quando fui a Nova York conheci pessoas que tinham perdido entes queridos e isso criou imediatamente um vínculo sentimental. Felizmente, a maioria das famílias que conheci já conseguiram refazer suas vidas.

Como foi trabalhar com Max von Sydow, Tom Hanks, Sandra Bullock ?
Thomas Horn – Eu me diverti bastante com eles, é genial trabalhar com gente assim. Havia cenas que eram bem fáceis de fazer, mesmo porque ensaimos bastante. Observei bastante como faziam os atores e procurei imitá-los. Mas é verdade que, no começo, fiquei bastane intimidado. Imagine! Eu estava trabalhando com eles! Era um sonho para mim… Trabalhar com o senhor von Sydow foi incrível. Todos sabem que se trata de um ator fenomenal, mas é também um ser humano muito gentil. Passamos juntos 25 dias.

Sr. Sydow, é dificil interpretar uma pessoa muda e ter de utilizar o rosto, as mãos para se comunicar?
Max von Sydow – Não, não vejo diferença, mesmo quando se é mudo. A diferença está no desafio e no interesse que desperta para se fazer o papel. O personagem se exprime pela caneta, escreve e o diálogo se faz. É um bom desafio.

Existe uma diferença ao trabalhar com um diretor que já fez teatro ou com um diretor que sempre fez cinema?
Max von Sydow – Não se pode nem comparar. Eu sou um ator que vem do teatro. Eu amo o teatro e trabalhar com alguém que vem do teatro é fascinante. E Daldry tem experiência com o teatro, portanto trabalhar com ele foi uma felicidade. Eu cheguei mesmo a me divertir nesse filme, sobretudo graças a Daldry e ao menino Horn.

Filme mudo parece voltar à moda, veja-se o caso de O Artista. Mas viver um personagem mudo não o restringiu como artista?
Max von Sydow – Para mim não houve nenhuma diferença; os seres humanos são os mesmos – falem ou não falem e são todos interessantes. Eu, particularmente, apreciei esse papel por ser para mim algo inédito, e a história, o roteiro e o livro me convenceram. É bom fazer sempre alguma coisa diferente, nunca antes feita. Quando se tem de viver mais ou menos o mesmo personagem, acaba por cansar um pouco.

Os suecos acham que o ator von Sydow os abandonou por ter sido sequestrado pela Europa ou EUA. É verdade?
Max von Sydow – Não, não fui sequestrado (risos). Eu simplesmene decidi fazer a minha carreira na França. Infelizmente, a Suécia tem uma cláusula incrível que nos impede de ter a dupla nacionalidade. Portanto, depois de viver tantos anos na França, eu decidi que teria a nacionalidade francesa. Falei com muitas autoridades, mas todas me confirmaram não ser possível a dupla nacionalidade e tive então de escolher. Ainda sobre a Suécia, sou um exilado profissional e no cinema viajo constantemente, emigro, é assim. Mas a Suécia é para mim um grande país e está no meu coração. Minha formação foi possível graças ao sistema de teatro municipal sueco, que me permtiu tornar-me ator com uma ótima escola, pois me permitiu trabalhar seriamente desde criança e ter uma diversidade de papéis, na tragédia, na comédia, no clássico, no teatro de todos os gêneros de peças. Não é possível aprender a profissão de ator sem prática e esse teatro municipal me deu essa prática. Faz tempo que um teatro sueco não me oferece essa oportunidade de retornar ao teatro.

No filme, você é avô. Mas com seus quatro filhos, na vida real, como se avalia como pai?
Max von Sydow – Fui o tipo de pai que todos nós queremos ser e que nem sempre chegamos a ser. Aspiramos à perfeição, mas às vezes é muito difícil a perfeição sobretudo na questão da educação, quando se é ator e se está sempre viajando, portanto não é evidente. Porém, graças a Deus, meus filhos não se queixaram muito.

Onde estava no dia 11 de Setembro?
Max von Sydow – Eu estava na estrada com minha mulher e meu celular tocou. Era uma amiga que dizia que eu devia voltar imediatamente a Paris e me colocar num lugar seguro porque a guerra tinha começado. E acentuava: “Sobretudo não pegue avião, retorne de carro”. E eu perguntei:  “Mas o que você  está me contando?”. “Antes de tudo”, ela disse,  “prometa-me não tomar avião para regressar a Paris; eles estão atacando os EUA, estão bombardeando Nova York”. Fomos ao hotel e ficamos diante da televisão durante aqueles dias. É verdade! É um dia do qual nunca poderei me esquecer. E acho que cada um de nós aqui presente se lembra bem desse dia.

(Rui Martins/Especial para brpress)

Cadastre-se para comentar e ganhe 6 dias de acesso grátis!
CADASTRAR
Translate