Acesse nosso conteúdo

Populate the side area with widgets, images, and more. Easily add social icons linking to your social media pages and make sure that they are always just one click away.

@2016 brpress, Todos os direitos reservados.

James McAvoy e Daniel Radcliffe em Victor Frankenstein. Foto: DivulgaçãoJames McAvoy e Daniel Radcliffe em Victor Frankenstein. Foto: Divulgação

Um Frankenstein para ser enterrado?

(brpress) - Não fosse a performance energética de James McAvoy, esse Victor Frankenstein nunca deveria ter sido trazido à vida. Por Juliana Resende.

(brpress) – Radical. Louco. Bêbado. Gênio. Cínico. Bonvivant. Generoso. Inovador. Rebelde. Megalomaníaco. Completamente apaixonado pela ciência a ponto de criar a vida sem qualquer crise de ética. Complexo de Deus? Se Ele existisse, quem sabe? Parece um coquetel excitante e é. Afinal, tratam-se de ingredientes de um clássico. Mas nem a performance energética (com uísque) de James McAvoy revive com louvor Victor Frankenstein em filme homônimo de Paul McGuigan, chegando agora às salas brasileiras.

Com uma direção de arte impecável e ainda assim com ares desenca(r)nados, o filme traz ainda Daniel Radcliffe (o eterno Harry Potter) como o devoto assistente do doutor, Igor. Mas McAvoy domina a cena e leva o filme nas costas (apesar de o corcunda, ou melhor, ex-corcunda, ser Igor). O destaque da produção são os diálogos sensacionais enfocando o acalorado embate entre ciência e religião que dominou o começo do século 19.

Ebulição

Há muito não se via um Frankenstein tão disposto a “mudar o mundo” e provar a todos que merece mais respeito – das instituições, do pai, da polícia, da Royal Society of Medicine, das mulheres e, finalmente, dos assistentes (isso para não falarmos dos monstros). Mesmo mais moderno, workaholic e ambicioso, o ’Frankenstein escocês’ de McAvoy fica longe de O Jovem Frankenstein de Mel Brooks, com Gene Wilder (de 1974). McAvoy bem que tenta fazer comédia, mas não se decide.

Fica difícil culpar o diretor, Paul McGuigan, que entregou episódios irretocáveis do seriado Sherlock. McAvoy é um grande ator e dá seu melhor. Mas isso não faz o filme acontecer. Nele, monstro não é bom nem nobre, como no livro original de Mary Shelley (que ela escreveu quando tinha apenas 19 anos, em 1817). Bom e nobre é um outro lado do egocêntrico, obcecado e, sim, um bocado punk doutor. É como se Dr. Jekyll and Mr. Hyde chutassem a porta do laboratório de Frankenstein.

Era da inovação

Esse filme só e fiel à obra de Shelley ao contextualizar a compulsão científica e o lado empreendedor de Victor num mundo que descobria avanços nunca antes imaginados na medicina, na biologia, na física, na química e na tecnologia à porta da Revolução Industrial. A humanidade seguia deslumbrada e apavorada ao mesmo tempo com Pasteur, Graham Bell, Morse, Edison, Tesla, Darwin, Curie e muitos outros. 

Nesse sentido, as frases do doutor parecem um editorial da revista Nature, geralmente proferidas em lugares e ocasiões totalmente inapropriados, como à mesa, entre damas, num baile (“Ora, todos sabem que não é mais necessário um útero para gerar uma criança – o espermatozóide pode fecundar um óvulo num balde!”) ou durante a visita do investigador carola da Scotland Yard, farejando algo de muito profano nos seus experimentos.

A crítica não quer saber de ressuscitar nem o médico nem o monstro (pelo menos com esse Victor Frankenstein a cargo dos putrefatos trabalhos). E segue monocórdica acreditando que, neste caso, o que está morto deve ser enterrado e nunca jamais trazido à vida. Melhor você tirar suas próprias conclusões.

(Juliana Resende/brpress)
 
Assista ao trailer de Victor Frankestein:

Juliana Resende

Jornalista, sócia e CCO da brpress, Juliana Resende assina conteúdos para veículos no Brasil e exterior, e atua como produtora. É autora do livro-reportagem Operação Rio – Relatos de Uma Guerra Brasileira e coprodutora do documentário Agora Eu Quero Gritar.

Cadastre-se para comentar e ganhe 6 dias de acesso grátis!
CADASTRAR
Translate