Sonho bom enquanto durou
(Yokohama, brpress) - Santos parecia o touro em campo. E o Barcelona era a mais pura tradução do toureiro. Toureiro catalão! Mais: Teixeira X Blatter. Por Márcio Bernardes.
Márcio Bernardes*/Especial para brpress
(Yokohama, brpress) – Todos sonhamos. Esse direito inalienável, de ricos e pobres, altos e baixos, é uma experiência democrática e fascinante. Real e utópica.
Os brasileiros, especialmente os santistas, sonharam e entenderam que seria possível acontecer o milagre. Sem reconhecer que, para ganhar deste Barcelona, só com um milagre – o que devemos aceitar, não acontece todo dia.
Os santistas imaginaram que David poderia vencer Golias. Seria, de novo, uma doce exceção. Mas a história é implacável e os mais fortes invariavelmente vencem.
O Barcelona teve 71% de posse de bola, quando se considera 70% uma média excelente. Dominou o jogo e não se importou que tinha pela frente o campeão Sul-americano. Enfrentou o Santos com a naturalidade da beleza do seu futebol, que vem sendo cantado em prosa e verso nos últimos três anos.
Seleção de talentos
Messi comandou uma seleção de talentos e os jogadores santistas foram privilegiados espectadores de um jogo que encanta como encantavam antigas seleções brasileiras. É uma orquestra que não desafina em nenhum momento e que lembra perfeições como Caruso, Frank Sinatra, entre outros.
No estádio, sentíamos a impotência santista de sequer esboçar uma resistência. Neymar, a principal estrela da companhia, estava em campo assustado com tanta responsabilidade. O menino de apenas 19 anos mostrou que, apesar do talento, a vida também exige maturidade.
Miguel de Cervantes escreveu que a tourada era uma covardia com o touro, animal forte e poderoso, mas impotente para conseguir qualquer vitória. Tudo conspira a favor do toureiro.
O Santos parecia o touro em campo. E o Barcelona era a mais pura tradução do toureiro. Toureiro catalão!
Vai ter troco
O recado de Ricardo Teixeira teria chegado com todas as letras para Blatter: “Não mexa comigo que sei de todos os seus rolos”.
A impressão que ficou na reunião da Fifa, no último sábado (17/12), em Tóquio, é que o presidente da Fifa não se importou com a ameaça. E confirmou que o presidente da CBF está afastado da entidade, do comitê executivo da Fifa e do comitê organizador da Copa de 2014.
Os próximos lances são imprevisíveis, mas essa história pode não ter um final feliz. Até o governo brasileiro, mesmo que negue, pode estar indiretamente ligado a um possível e lamentável epílogo do cartola.
Pode ser também que seja uma estratégica saída de cena. As moscas continuariam as mesmas. Por isso, vai depender das próximas mudanças de peças e páginas nessa história que pode não ter um final feliz.
Tristeza não tem fim, felicidade sim!
(*) Comentarista veterano de esportes, com diversas Copas e quatro Olimpíadas no currículo, Márcio Bernardes é âncora da Rede Transamérica de Rádio, professor universitário e colunista da brpress. Fale com ele pelo email [email protected] , pelo Twitter @brpress e/ou Facebook.