Minha Irmã e Eu evoca Thelma e Louise
Ingrid Guimarães e Tatá Werneck são as irmãs Mirian e Mirelly, que rivalizam em tudo até se unirem na busca pela mãe. Por Juliana Resende.
(São Paulo, brpress) – Nada melhor que fechar 2023 com humor, irreverência e leveza numa história bem brasileira mas sem desgraceira – a saga das irmãs goianas Mirian e Mirelly, que rivalizam até se unirem na busca pela mãe, que resolve dar um perdido. As manas são Ingrid Guimarães e Tatá Werneck no filme Minha Irmã e Eu, que estreia nos cinemas em 28/12.
Sob direção de Susana Garcia (Minha Mãe é Uma Peça 3, Minha Vida em Marte) que também assina o roteiro com Ingrid Guimarães, trata-se de uma comédia despretensiosa que tem tudo para arrastar multidões em busca de diversão, pipoca e de se reconhecer (ou identificar alguém da família). Afinal, essa é uma das principais graças do cinema popular nacional e, claro, todo mundo conhece “tipas” como Mirian e Mirelly.
Caretona e trambiqueira
Mirian (Ingrid) é uma dona de casa careta de meia idade, inteirona e interiorana típica de Rio Verde (GO), de onde nunca saiu: vive com e para a família, que inclui um marido que a chama de “bem”, um casal de filhos e a mãe (Arlete Salles, que dá uma respeitabilidade novelesca e peso dramático ao longa); Mirelly vive de aparências e rolos no Rio de Janeiro, para onde fugiu da pasmaceira e do provincianismo da agrolândia sertaneja.
A convivência entre ambas se desenvolve de modo frenético, a começar pela festa de aniversário de Márcia (Arlete) – no qual Mirelly é a estrela e vai com o vestido apertadíssimo providenciado pela irmã mais velha e mandona. Mirian implica com tudo em Mirelly – principalmente com o desprezo da irmã caçula pela moral e os bons costumes. “Sou uma mulher livre”, brada Mirelly, quando Mirian sugere que a mãe seja levada para morar com ela no Rio, para que possa “viver um pouco”.
Roadmovie com sotaque
Mirian e o resto da família acham que Mirelly nada em dinheiro, porque a doida ostenta uma vida superglamurosa nas redes sociais, com cenários emprestados das casas dos artistas-clientes e todo o charme do Rio. A festa acaba nada bem, Mirelly volta ao seu conjugado e, após o sumiço de dona Márcia, Mirian vai procurá-la na casa da irmã, dando início a um roadmovie com referências ao cultuado libelo feminista Thelma e Louise (1991) – e sotaque goiano original (Ingrid é de Goiânia).
A atriz homenageia sua terra e diz que, apesar de estar há 30 anos fora da cidade, pegou por osmose jeito quase mineirês de falar voltando a conviver com a mãe e as tias. Estas, diverte-se Ingrid, estavam apreensivas com o conteúdo do filme e o fato dele se passar em Goiânia.”Você não vai debochar não, né Ingrid?”. indagou a mãe da comediante. “Suas tias estão vendo o que você vai falar da nossa cidade…”, advertiu à filha.
Sem censura
“Pensamos em atingir vários públicos com a potência de duas comediantes [das maiores do Brasil, diga-se]”, explica Ingrid. “Pegamos leve para não ter censura 18 anos”, afirma. A cena de sexo casual de Mirian – uma mulher (mal) casada – com um vaqueiro bonitão é “uma ode à libertação femina”, festeja Ingrid, que a defendeu até o fim, dando uma banana para a tradicional família brasileira. “Eu no feno com [o ator] Leandro Lima!!!”, deleita-se a atriz, em entrevista no tapete vermelho da pré-estreia filme, em São Paulo (à qual Tatá deu bolo).
Falando em Tatá, é dela também um dos diálogos mais engraçados do filme, quando ela, se gabando de saber (e participar) da vida íntima dos artistas (para os quais ela é apenas petsitter) afirma, categoricamente, que “”o Tony Ramos é o chefe da suruba”. O ator, que nunca se despiu do papel de astro do bom-mocismo das novelas brasileiras, ainda não comentou a afirmação. E já que o negócio são famosos, Minha Irmã e Eu reúne Lázaro Ramos, Taís Araújo, Chitãozinho e Xororó e até Paulo Gustavo na TV. Aquaman que se cuide:)