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Gaby Amarantos: agente cultural do tecnobrega. DivulgaçãoGaby Amarantos: agente cultural do tecnobrega. Divulgação

Musa do tecnobrega

(Belém, brpress) - Para a ‘Beyoncé do Pará’, é uma questão de tempo para o estilo pegar para valer em tudo que seja pop no Brasil. Por Leandro Moreira.

(Belém, brpress) – “Rola uma energia diferente, que está nos graves e agudos das batidas e faz muitos subirem na mesa (literalmente) pra dançar e gritar enlouquecidamente quando toca sua música favorita, sem se importar com um possível ‘banho’ de cerveja”. As palavras sintetizam a definição da atmosfera presente em uma festa de tecnobrega – ritmo oriundo do Pará que promete botar o Brasil pra dançar e ditar moda neste verão – e vieram da maior estrela do gênero, a cantora paraense Gaby Amarantos.

O estilo chamativo da artista, que já ganhou o apelido de “Beyoncé do Pará”, deve roubar a cena no VMB 2011, que acontece nesta quinta (20/10), com transmissão para todo o país. Por volta do ano 2000, a paraense começou a carreira e logo caiu nas graças do público em Belém, berço do gênero, tornando-se uma popstar da música local. Atualmente, Gaby é a maior referência do Tecnobrega, recebendo grande reconhecimento por conta de sua banda, a Tecno Show. Ela é apontada por muitos como o próximo grande estouro do pop nacional.

Lições tecnobregas

O tecnobrega é um estilo musical popular – apesar de o elitismo do indie estar se “apropriando” dele. O colunista da Folha de S. Paulo, Ronaldo Lemos, até escreveu o livro Tecnobrega: O Pará Reinventando o Negócio da Música (Aeroplano, R$ 31,00), com Oona Castro.

O antropólogo Hermano Vianna assina o prefácio do livro, com este texto:

“Que a indústria fonográfica mundial está em crise, disso ninguém duvida. Todo mundo anda procurando o ‘novo modelo de negócios’. Escondido em Belém do Pará, o tecnobrega testa uma original economia há anos, na marra.

As músicas saem direto de estúdios da periferia e são distribuídas nos camelôs da cidade, animando gigantescas festas de aparelhagem, sem mais depender da grande mídia ou gravadoras. Um mundo paralelo, cujo funcionamento é finalmente revelado neste livro: estudo pioneiro sobre as novas indústrias culturais que comandam a vida musical mais popular no Brasil de hoje. Quem quiser pensar o futuro da música não pode ignorar as lições tecnobregas da Amazônia digital.”

Em resumo, trata-se de uma fusão da tradicional música brega com a música eletrônica – tendo, portanto, o experimentalismo de novas tecnologias de mixagem sonora como elemento fundamental e característico. O estilo também se destaca por ter se desenvolvido independentemente das grandes gravadoras, criando um mercado com formas alternativas de produção e distribuição.

Vanguardismo

Entre críticos e formadores de opinião, há um consenso de que o futuro da música pop no Brasil pode ser dominado pelo ritmo que veio do Norte. Um dos entusiastas do movimento é Nelson Motta, que já escreveu artigos comparando o vanguardismo do gênero ao da Bossa Nova, e declarou publicamente que a cena musical do Pará é uma das mais ricas do país.

Confira a entrevista exclusiva concedida pela diva do tecnobrega à brpress, sobre perspectivas para o futuro, o possível “boom” do gênero, a apresentação no VMB e a modernidade do movimento musical que ela mesma encabeça.

Você se sente a primeira da fila nesse processo iminente de popularização nacional do tecnobrega?

Gaby Amarantos – Sinto-me uma representante genuína por lutar pelo segmento desde o início. Abandonei a MPB, que é um formato consolidado e mais ‘fácil’ pra cantar tecnobrega, que mal tinha suas raízes quando comecei. Fui chamada de louca, mas agora que o estilo começa a ser compreendido, eu me destaco por ser uma das precursoras. Tudo resultado de muito trabalho e crença na causa.

Muitos têm dito que o tecnobrega está prestes a explodir no Brasil inteiro. O que você acha dessa possibilidade e da cena musical no Pará, apontada pelo Nelson Motta como a mais rica do país?

Gaby Amarantos – Pra mim, é um grande reconhecimento. É interessante e muito prazeroso saber que figuras como Nelson Motta, Hermano Vianna e Carlos Eduardo Miranda enxergam no tecnobrega a sua qualidade como movimento social, além de associar o gênero ao futuro da música brasileira. Parece dar respaldo pelas pessoas. Somos um movimento de periferia que tem uma característica amazônica de linguagem moderna, e é uma satisfação indescritível ver que estamos crescendo e aparecendo. fazendo o melhor que podemos para criar e experimentar música.

Você está em preparação para se apresentar no VMB. Qual a expectativa em cima desse show e da repercussão dele?

Gaby Amarantos – Encaro com naturalidade. Estou feliz e tranquila. Me faz muito bem incluir a música paraense no mapa da MTV, carregando com muito orgulho a energia e a vibração de um povo que se diverte de maneira livre e libertina.

Fale sobre as dificuldades do processo de tentar se destacar levantando a bandeira do tecnobrega. Afinal, brega é brega, né?

Gaby Amarantos – Nunca dou atenção às dificuldades. Tudo está indo muito bem, no tempo certo e de uma maneira oportuna. Assumi a missão de ser uma agente cultural da sonoridade brasileira produzida no Pará. Estamos chegando com firmeza e perseverança. Pode esperar!

Ainda há quem torça o nariz e diga que o tecnobrega não tem potencial pra ser mais do que o ‘axé que vem do Norte’. O que você acha disso?

Gaby Amarantos – Apesar de dispensar gastar energia com quem seja avesso ao tecnobrega, tenho a consciência de que não se pode agradar a todos e de que estamos traçando nosso próprio caminho, sem pretensões prepotentes. Somos uma nova opção no cardápio musical das pessoas e na forma de entretenimento. Adere quem se sentir à vontade.

Para você, qual o diferencial do tecnobrega?

Gaby Amarantos – A energia, claro! Quem vai a uma festa de tecnobrega jamais se esquece! É uma atmosfera genuína, única. É como se a vibração de graves e agudos das batidas fizesse o povo se empolgar ao ponto de ser normal subir na mesa (literalmente) pra dançar e gritar enlouquecidamente quando toca sua música favorita, sem se importar com um possível ‘banho’ de cerveja. É essa vibração eletrizante que eu nunca vi em lugar nenhum que o mundo precisa conhecer.

(Leandro Moreira/Especial para brpress)

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