Jo Cox defendia refugiados e permanência do país na UE
(Londres, brpress) - Parlamentar Trabalhista assassinada trabalhou na ONG Oxfam, estava muito envolvida na questão dos refugiados sírios e era pró-continuidade do Reino Unido na União Europeia. Por Isaac Bigio.
(Londres, brpress) – A parlamentar britânica Trabalhista Jo Cox, que foi assassinada em Yorkshire, nesta quinta-feira (16/06), seis dias antes de seu 42o aniversário, trabalhou na ONG Oxfam, estava muito envolvida na questão dos refugiados sírios. Embora fosse contra a intervenção militar direta naquele país, ela fazia parte da ala dosTrabalhistas pró-Tony Blair, cujo apoio à Guerra do Iraque é considerada um erro irreparável por setores do partido.
Jo Cox era um nome em ascensão nos quadros do Labor (Partido Trabalhista) e mãe de dois filhos. Ela foi alvejada por tiros e facadas na rua, perto da biblioteca onde costumava realizar encontros com cidadãos locais, segundo a polícia. O crime ocorreu pouco antes de David Cameron estava prestes a se tornar o primeiro premier britânico a visitar Gibraltar em quase meio século. Esta viagem, bem como toda a campanha para o referendo sobre a União Europeia (UE), foram suspensos.
A parlamentar, eleita em 2015, era defensora da permanência do Reino Unido na União Europeia – status que será definido pelo referendo, dia 23/06.
“Britain First”
No Reino Unido, é proibido portar armas de qualquer tipo e, desde o fim dos conflitos separatistas na Irlanda do Norte parlamentares e outros políticos circulam sem proteção. Pelo que se sabe até agora, Cox foi esfaqueada e baleada por um homem que gritava o slogan “Britain First” (“Grã-Bretanha primeiro”), também nome de um partido islamofóbico de extrema direita – que afirmou condenar o ataque. Em maio, no entando, o Britain First ameaçou tomar “ação direta” nos lugares onde novo prefeito de Londres, Sadiq Khan, muçulmano, “vive, trabalha e reza”.
Ainda não se sabe se o homem suspeito do crime tem ligação com o partido xenófobo UKIP ou se trata-se de um ataque nacionalista fanático por causa da posição pró-UE de Cox e pró-direitos dos imigrantes. No entanto, o jornal The Guardian afirmou haver indícios de que o homem era defensor do “Brexit” – saída do Reino Unido da UE. Todos os grandes partidos britânicos, independente de suas posições e das posições de seus integrantes sobre o referendo decidiram permanecer em silêncio sobre isso e qualquer especulação sobre os motivos por trás do crime.
Ainda é difícil prever qual impacto o assassinado de Jo Cox terá sobre o maior plebiscito britânico realizado nesta geração. Foram suspensos inclusive debates televisivos sobre o tema, incluindo o que iria ao ar neste domingo, tendo David Cameron – também defensor da permanência do Reino Unido na UE – como estrela.
(Isaac Bigio*/Especial para brpress)
(*) Isaac Bigio vive em Londres e é pós-graduado em História e Política Econômica, Ensino Político e Administração Pública na América Latina pela London School of Economics. É um dos analistas políticos latino-americanos mais publicados do mundo ibero-americano.