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Mia Wasikowska é AliceMia Wasikowska é Alice

Alice maravilha

(Londres, brpress) - Quando sobem os créditos de Alice no País das Maravilhas e a música-tema de Abril Lavigne enche a tela, descobre-se porque ambos casam tão bem. Por Juliana Resende.

(Londres, brpress) – Quando sobem os créditos de Alice no País das Maravilhas (Alice in Wonderland, EUA, 2010) e a música-tema Alice (Underground), especialmente composta por Abril Lavigne para o filme de Tim Burton, enche a tela, descobre-se por que ela casa tão bem com o filme. Alice é uma destemida jovem criada em 1865, por Lewis Carroll, mas nunca foi tão contemporânea, pós-moderna e dona de seu próprio destino, como as moças destes tempos cibernéticos.

    Alice se recusa a casar com o “sapo” aristocrata que lhe impõem. Prefere buracos escuros, gatos que sorriem, enfim uma vida de aventuras,  cujo sentido ela promete encontrar por si só, seja nos negócios – ela é empreendedora e sabe mandar – seja nas andanças por terras distantes ou mesmo (provavelmente) nas seis coisas impossíveis antes do café-da-manhã. A personagem, vivida com garra pela australiana estreante Mia Wasikowska, é altiva, corajosa, adora uma viagem nonsense e detesta conversa fiada.

    De cabeça pra baixo

    Nesse sentido Alice está mais para uma adolescente rebelde e talentosa – predicados que a cantora canadense Avril Lavigne personificou (ela já está com 25) tão bem – do que para uma mocinha casadoira do final século 19. “Estou de cabeça pra baixo / E nada pode me deter agora”, esgoela Avril, na canção. Enquanto isso, na tela, Alice quer assumir o controle dos acontecimentos intensos e aleatórios no País das Maravilhas. “É o meu sonho e eu decido o que vai acontecer – ou quando vou acordar”, declara.

    Ledo engano. A popularidade, atemporalidade e magia da história da Carroll é justamente a impotência do ser humano diante da realidade – e dos sonhos . Só nos resta crescer e vivê-los, tirando o melhor deles. Tim Burton parece ter levado esta máxima ao pé da direção de arte (que leva, literalmente, a maioria dos créditos), de seu novo filme. Em 3D – com direto a óculos–, o longa é exuberante, bem humorado e evidentemente pop.

    O personagens mais ricos em conteúdo são o Chapeleiro Maluco (Johnny Depp, sempre ótimo) e a Rainha de Copas, talvez o melhor papel da carreira de Helena Bonham Carter. Dentre os animais, a Lagarta e o Gato Sorriso são certamente os mais interessantes – e viajandões. Entres os mais fofos, o cão farejador bloodhound – que nada tem de fantástico – certamente ganha disparado. Burton optou por diminuir o número de personagens do livro.
   
     Mas Carroll teria gostado do filme – principalmente no quesito visual, já que a tiragem inicial de dois mil exemplares de 1865 de Aventuras de Alice no País das Maravilhas foi removida das prateleiras, devido a reclamações do ilustrador John Tenniel sobre a qualidade da impressão.

(Juliana Resende/brpress)

Juliana Resende

Jornalista, sócia e CCO da brpress, Juliana Resende assina conteúdos para veículos no Brasil e exterior, e atua como produtora. É autora do livro-reportagem Operação Rio – Relatos de Uma Guerra Brasileira e coprodutora do documentário Agora Eu Quero Gritar.

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