Nicolas Cage sem eixo
(brpress) – Ator completa 30 anos de carreira de altos e ultimamente muitos baixos, como Fúria Sobre Rodas, que estreia sexta (01/04). Por Vanessa Wohnrath.
(brpress) – Este ano, Nicolas Cage está completando 30 anos de uma carreira de altos e ultimamente muitos baixos, emplacando fracasso atrás de fracasso, como o recente Caça às Bruxas (Season of the Witch, 2011). A partir desta sexta, 1° de abril, ele estará em Fúria Sobre Rodas (Drive Angry, 2011) – mais um mico.
No filme, ele é Milton, um homem misterioso, decidido a salvar a neta, sequestrada para ser sacrificada num ritual de magia satânica. Ele conta com a ajuda de Piper (Amber Heard), uma ex-garçonete dura na queda.
Fúria Sobre Rodas é como os carros que aparecem em cena: têm potência, mas pifam no meio do caminho. A produção decepciona e acrescenta mais um ponto negativo na filmografia de Cage, que já está se tornando vergonhosa.
Excêntricos
Pertencente à mesma geração de Tom Cruise, Brad Pitt e Matt Dillon, Nicolas Cage, fugiu do estigma de galã e encarou personagens excêntricos que tornaram a sua marca em Hollywood. No primeiro filme, Picardias Estudantis (Fast Times at Ridgemont High, 1982), ele dividiu cena com outro conhecido nome, Sean Penn.
Nos anos 80, Cage também estrelou: O Selvagem da Motocicleta (Rumble Fish, 1983), sob a batuta do tio, Francis Ford Coppola, e ainda, Peggy Sue, Seu Passado à Espera (Peggy Sue Got Married, 1986); Arizona Nunca Mais (Raising Arizona, 1987) e Feitiço da Lua (Moonstruck, 1987).
Na década de 90, o ator foi o protagonista de Coração Selvagem (Wild at Heart, 1990), de David Lynch, e engatou em comédias românticas, como as divertidas Lua de Mel a Três (Honeymoon in Vegas, 1992) e Atraídos Pelo Destino (It Could Happen to You, 1994).
Oscar
No ano seguinte, ele se jogou no filme que mudaria sua carreira, o pesado Despedida em Las Vegas (Leaving Las Vegas, 1995). O drama lhe rendeu o Oscar de melhor ator. Nele, Cage vive um roteirista fracassado que vai para Las Vegas com o objetivo de beber até morrer.
A parir de 1996, o ator fez uma fantástica tríade de ação, começando com A Rocha (The Rock, 1996), depois, Com Air – A Rota da Fuga (Com Air, 1997) e fechando com o impecável A Outra Face (Face/Off, 1997).
Em 2003, Cage recebeu sua segunda indicação ao Oscar de melhor ator, por Adaptação (Adaptation, 2002). Na comédia, ele interpreta irmãos gêmeos roteiristas. Donald, o sem talento, acaba se sobressaindo ao bem sucedido, Charlie.
Astro em ruína?
Com O Sacrifício (The Wicker Man, 2006), talvez o pior filme de Cage, ele sucumbiu a produções muito ruins e virando sinônimo de canastrão. Isso se nota na sucessão de bombas: Motoqueiro Fantasma (Ghost Rider, 2007), O Vidente (Next, 2007), A Lenda do Tesouro Perdido: Livro dos Segredos (National Tresure: Book of Secrets (2007), Perigo em Bangkok (Bangkok Dangerous, 2008) e Presságio (Knowing, 2009).
Assim como a maioria de seus personagens, Cage também é um homem de excentricidades. Ele adora investir em imóveis, como ilhas e castelos, em carros e até em um túmulo em forma de pirâmide, localizado em New Orleans. Tantos mimos inusitados têm feito passá-lo por diversos episódios de endividamento.
Com o Leão americano ele tem uma pendência de US$ 14 milhões, que está sendo paga em suaves prestações. Para pagar outras dívidas, várias de suas propriedades foram leiloadas e um castelo na Alemanha foi vendido a preço de banana.
Síndrome de Luke Cage
O ator teve de se desfazer de boa parte de uma invejável coleção de carros. Além disso, seu estimável acervo de gibis foi vendido, que rendeu a Cage, US$ 1,6 milhão.
Para conseguir dinheiro e quitar o que deve, Cage tem aceitado os projetos que lhe aparecem à frente e, provavelmente, esteja aí a raiz para a carreira em derrocada. Os filmes que têm feito sugerem o desespero do ator em faturar o máximo que pode e, assim, voltar ao tempo das vacas gordas.
O rumo seguido pelo ator, cujo sobrenome artístico foi inspirado no personagem de HQs, Luke Cage, parece com a desse seu herói favorito. Este sempre aceita qualquer serviço – desde que seja bem pago. Será que Nicolas Cage adotou a filosofia “pagando bem, que mal tem?”. Espera-se que não. Os fãs agradecem e a carreira dele também.
(Vanessa Wohnrath/Especial para brpress)