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Balão Baby Trump na First Avenue, em Minneapolis, EUA. Foto: Lorie Shaull

É um pássaro, um avião? Não, é Baby Trump

(Londres, brpress) - Boneco inflável gigante com a cara (e o cabelo) do presidente americano e o corpo de um bebê vai sobrevoar o céu londrino. Por Juliana Resende.

(Londres, brpress) – Nada pode (nem deve) abalar o fleumático humor inglês. Nem a derrota para a Croácia na semifinal da Copa, nem o Brexit, nem o novo ministro britânico para o Brexit, o eurocético, meio fascistóide e faixa preta em caratê Dominic Raab. Muito menos a visita de Donald Trump à capital britânica, neste final de semana. É quando Baby Trump, um boneco inflável gigante com a cara (e o cabelo) do presidente americano e o corpo de um bebê (com fralda alfinetada e dobrinhas) vai sobrevoar o céu de brigadeiro londrino. Di-ver-ti-do!

Londres sempre acha uma maneira criativa de rir de qualquer situação – quando isso não é possível, como nos atentados terroristas que esta repórter presenciou em 2017, seguido do incêndio devastador na Grenfell Tower (ah, que verão agitado!) também ninguém chora, levanta muito a voz ou se desespera como as mães da garotada morta por balas perdidas nas favelas do Rio. Ao sinal de ataque, no máximo, saem correndo com o copo na mão. Salvem as pints!

Bloco saindo

Donald Trump adiou em um ano sua primeira visita oficial a Londres. Jornalista gosta de ver o circo pegar fogo e esta que vos escreve estas mal traçadas jamais vai perdoar Dumpty Trumpty – o apelido fofo é uma analogia a Humpty Dumpty, personagem anglófono infantil que tem a forma de um ovo antropomórfico, com rosto, braços e pernas (sem topete) – por não ter concorrido como um dos highlights do verão do amor inglês em pé de igualdade com o festival Sgt. Pepper’s at 50, que celebrou os 50 anos do álbum dos Beatles. 

Sol, samba, batucada, protesto, passeata e caipirinha (sim, o London Caipirinha Fest acontece nos melhores pubs do ramo) vão receber Trump de braços abertos. Pena que o parça Boris Johnson tirou o time de campo. Deixou mais esse abacaxi (e não é que Trump tem mesmo cara e cor de abacaxi caindo de maduro!) para Theresa que-não-é-a-da-praia May segurar. Trump espeta, penica e não pede penico. Já chegou na Europa botando banca e dizendo o que quer sem ouvir o que não quer. Na reunião da OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte), cobrou mais cash do bloco. 

Tamo junto

Bloco? Broco? Block? Você ouviu certo. Será um verdadeiro carnaval a passagem de Dumpty Trumpty a Londres – algo muito apropriado para uma sexta-feira 13. Baby Trump teve tanta mídia que já está com o ego “do tamanho do de Trump”, segundo organizadores da revoada à altura de qualquer trumpismo.

O boneco, que tem um celular na mão (para as famigeradas twittadas do presidente), foi construído com crowdfunding e encontrou resistência para ter seu içamento liberado pelas autoridades londrinas.

O prefeito trabalhista londrino Sadid Khan, que execra as ideias de Trump e já bateu boca com ele no Twitter, relutou em sancionar o voo mas depois de receber milhares de assinaturas apoiando a decolagem, well…, se não pode vencê-los, junta-se a eles (com risinho de ironia no canto dos lábios).

“Alguns estão acusando Baby Trump de ser um protesto inapropriado e infantil – igualzinho ao próprio Trump”, disse um dos manifestantes à BBC. “Então, esse protesto é perfeito!”.

Apoiadores do presidente dos EUA – e são muitos na Inglaterra do UKIP e Nigel Farage – prometem derrubar Baby Trump a qualquer custo caso ele fique pirulitando por Picadilly Circus. Mas a Scotland Yard está de prontidão e com o topete mais em pé que o do ilustre convidado.

Nunca o verso do clássico London Calling, do Clash, que esta coluna orgulhosamente surrupia, foi tão apropriado: “Now war is declared and battle come down”. 

(Jornalista e CCO da brpress Juliana Resende empresta o nome do hino do Clash para uma coluna que só é escrita quando Londres chama)

#babytrump #brpressconteudo #trump

Juliana Resende

Jornalista, sócia e CCO da brpress, Juliana Resende assina conteúdos para veículos no Brasil e exterior, e atua como produtora. É autora do livro-reportagem Operação Rio – Relatos de Uma Guerra Brasileira e coprodutora do documentário Agora Eu Quero Gritar.

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