Hunter Thompson light
(brpress) - Quem esperanum filme denso, ainda que com humor, e muita, mas muita loucura, corre sério risco de se decepcionar com Diário de Jornalista Bêbado. Por Juliana Resende.
(brpress) – “Eu bebo sim, estou vivendo…”. Esse poderia ser, literalmente, o melô de Diário de Jornalista Bêbado (The Rum Diary, EUA, 2012), longa em que Johnny Depp passa quase todo o tempo sob o efeito de rum e otras cositas, encarnando na tela o jornalista e escritor Hunter S. Thompson (1937-2005), agora em cartaz no Brasil.
Mas o ator – também produtor do filme – sentiu o gosto amargo de uma ressaca-monstro foi com o faturamento do mesmo nos EUA: custou US$ 45 milhões e arrecadou pouco mais de US$ 13 milhões. Uma tremenda dor de cabeça. Depp culpa a inteligência “pobre” do público acostumado a blockbusters hollywoodianos. Mas Thompson, que passou a vida se empenhando em detonar o “sonho americano”, ficaria até feliz com este desempenho pífio.
Gonzo renegado
Acontece que quem está esperando um filme denso, ainda que com humor, e muita, mas muita loucura, corre sério risco de se decepcionar. Baseado no romance homônimo de uma das peças mais raras – e obscuras – do chamado “jornalismo gonzo”, o longa corre o risco de ser renegado como o livro o foi por anos e anos.
O motivo? Juliano Jubash, do site Resenha em 6, entrega: a história é bem mediana e o nível de bebedeiras alopradas é baixíssimo se comparado ao clássico Medo e Delírio ( Fear and Loathing in Las Vegas, 1998) – a primeira e ótima imersão de Depp no caldeirão alucinógeno “hunterthompsiniano”.
No filme, Depp até consegue escapar das atuações caricaturais que lembram sempre Jack Sparrow. O que não ajuda é o desenrolar da história, que começa e termina sem sair muito do lugar. É que Hunter S. Thompson é, de qualquer forma, muito mais barra pesada e bagaceira que as tintas propostas pela ensolarada obra do diretor Bruce Robinson.
Charmoso e sem noção
Num Porto Rico em convulsão, nos anos 50, mais para um puteiro, propriamente dito, dos EUA, Paul Kemp (Depp), um jornalista talentoso, charmoso e boêmio, porém cínico, sem noção e sem dinheiro, arruma um emprego no decadente San Juan Star, para escrever horóscopos e artigos rejeitados pelo alto teor de contestação.
Para piorar as coisas, ele se envolve com a noiva (Amber Heard) de um inescrupuloso assessor de imprensa (Aaron Eckhart). Richard Jenkins (Queime Depois de Ler) e Giovanni Ribisi (Encontros e Desencontros) também estão no elenco – são os colegas de Paul, muitas vezes mais divertidos que ele próprio.
Juliano Jubash vê a ruindade do filme como um bom motivo para ler o texto mais clássico do Gonzo: The Kentucky Derby is Decadent and Depraved (em inglês).
(Juliana Resende/brpress; colaborou Juliano Jubash, do Resenha em 6/Especial para brpress)
Assista ao trailer de Diário de um Jornalista Bêbado: