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Cena e Fuocoammare: homens ao mar. Foto: DivulgaçãoCena e Fuocoammare: homens ao mar. Foto: Divulgação

Berlim premia estranho filme de Gianfranco Rosi

(Berlim, brpress) - Fuocoammare, que mostra rotina de cidade italiana inalterada por imigrantes e naufrágios, ganha Urso de Ouro na Berlianale. Por Rui Martins.

(Berlim, brpress) – O Urso de Ouro do 66o.Festival Internacional de Cinema de Berlim foi para o filme italiano Fuocoammare (Fire at Sea, 2016). Ninguém se esquece que Gianfranco Rosi ganhou o Leão de Ouro de Veneza, há três anos, com Sacro Gra, o primeiro documentário a ganhar esse prêmio. Mas seu filme na competição internacional do Festival de Berlim é estranho.
   
    Filmado em Lampedusa, cidade italiana que se tornou conhecida por ali chegarem milhares de imigrantes africanos, em barcos vindos da Líbia, Fuocoammare parece conter dois documentários num só filme: um principal, mostrando a tragédia humana dessa imigração fugindo de violentos conflitos armados, e outro sobre como os habitantes de Lampedusa continuam vivendo sua vida normalmente, apesar da chegada de tantos imigrantes e da ocorrência quase diária de naufrágios e afogamentos,

    Fuocoammare inclui um garoto, Samuele, preocupado com fazer e usar um estilingue e em dar uma volta de barco com seu amigo. Aparece também um mergulhador e algumas cenas submarinas. Tanto o garoto como o mergulhador mostram, argumentou Rosi no encontro com a crítica, o cotidiano pacato em meio à chegada de imigrantes.

Mundos à parte?

    O problema para quem vê Fuocoammare é a sensação – senão a certeza – de haver uma heterogeneidade entre os imigrantes, o menino e o pescador de Lampedusa. Rosi, diante das perguntas de críticos um tanto surpresos, não se sentiu constrangido e explicou ter usado o menino Samuele e o mergulhador para mostrar como prosseguia a rotina normal na cidade de Lampedusa. A explicação pode ser bene trivial, mas não convence. Mesmo porque, tanto Samuele como o mergulhador não têm sequer um único ponto de contato com os imigrantes.

    Um outro fator trabalhou contra o filme de Gianfranco Rosi: a atualidade. Enquanto, montava seu filme com migrantes, na maioria jovens da África subsaariana, em busca de uma vida melhor na Europa, tragédias ainda maiores começaram a ser cotidianas, no trajeto das costas turcas para as costas gregas, de famílias inteiras afogadas no naufrágio de precários barcos pneumáticos. Mulheres, homens e crianças fugindo da guerra na Síria e de outras regiões instáveis do Oriente Médio, em busca de refúgio na Europa.

(Rui Martins*/Especial para brpress)

(*) Jornalista está no Festival de Cinema de Berlim, de  10 a 21/02,  como convidado do evento  A cobertura será disponibilizada pela BR Press. Informações: [email protected] .

    Assista ao trailer de Fuocoammare:

https://www.youtube.com/watch?v=f8Kc5wy0Rxg
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