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We Will Rock You: um mundo não muito distante sem espaço para música e contestação. Foto: DivulgaçãoWe Will Rock You: um mundo não muito distante sem espaço para música e contestação. Foto: Divulgação

Pra cantar junto e celebrar o rock

(São Paulo, brpress) - We Will Rock You, com músicas do Queen, é celebração do ‘teen spirit’ que Galileu, vivido por Alírio Netto, encarna tão bem. Ele conversou com Juliana Resende.

(São Paulo, brpress) – Hoje é dia de rock, bebê! O bordão, imortalizado pela atriz Christiane Torlone meio sem querer durante uma entrevista, soa renovada nesta quarta-feira (13/07), Dia Mundial do Rock. E uma boa pedida para celebrar com o espírito adolescente do último tufão do gênero que varreu a Terra, no início dos anos 90 – o grunge – é assistir ao musical We Will Rock You, com músicas do Queen, em cartaz no Teatro Santander. We Will Rock You rocks!

O enredo da produção é simples como os três acordes de qualquer hino do punk rock – que este ano faz 40 anos de vida. Galileu é um cara diferente. Incomodado, meio louco. Ouve vozes e não se enquadra no mundo de 300 anos à frente do nosso tempo. Um mundo pasteurizado e controlado por uma empresa de software que estabelece comportamento, cultura e música padrão. A individualidade é um tabu e fortemente reprimida. O rock é uma lenda.

Expressão de rebeldia e válvula de escape para sair da “normalidade”, o rock morreu e foi enterrado numa pedra. Galileu é o único que pode resgatá-lo. Mas será que sua ingenuidade e as forças controladoras do exército corporativo a serviço da Killer Queen – uma mistura malévola e podadora de Medusa e Cuca, com um tremendo vozeirão e um senso de humor duvidoso – , vão deixar? 

O enredo do musical, escrito pelo comediante e autor inglês Ben Elton em parceria com os membros do Queen, Brian May e Roger Taylor, pode parecer Sessão da Tarde. Sim, é uma história para qualquer criança entender – e é bom que seja assim, já que 2016 não está tão distante da pasteurização e da falta de curiosidade incentivados pela mídia e pelo marketing. Quanto menos rebelde e mais sem causa, melhor. E esse padrão começa a se impor cedo.

Mas Galileu não está nessa. Ele sabe que uma “lenda” pode se tornar o motor de uma nova transformação. É um inconformado e acaba encontrando outros como ele. “A energia que move meu personagem é inspirada em Freddie Mercury”, conta o cantor Alírio Netto, em entrevista exclusiva à brpress. “May e Taylor se inspiraram nela – um cara inquieto, que, desde garoto, sabia que era diferente e queria sempre se superar. Fazer diferente”. 

A versão brasileira de We Will Rock You, que estreou pela primeira vez em 14 de maio de 2002, em Londres, e já passou por palcos dos cinco continentes, é divertida com adaptações hilariantes de diálogos, personagens e canções – todas originais do Queen. Para quem é fã da banda, o musical é uma oportunidade de “ver” a obra da Rainha do rock num contexto diferente, juvenil e criativo. 

A produção é bem cuidada, os cantores seguram a onda – o destaque fica para a ótima Andrezza Massei como Killer Queen – e são quase todos cobras criadas na indústria de musicais paulistana, e tudo é supervisionado pelo guitarrista e o baterista do Queen. São 18 atores-cantores-bailarinos em cena, dirigidos pela equipe brasileira, incumbida da adaptação, e o time internacional, responsável pelo controle de qualidade da franquia – que deve seguir para o Rio, depois de 31 de julho

O que muda no We Will Rock You brasileiro?

Alírio Netto – Algumas piadas, referências e nomes de personagens, como o bibliotecário Toca [o famoso “Toca Raul” que todo DJ de festa está sujeito a ouvir a certa altura], encarnado por Felipe de Carolis. Acho que a energia é diferente em cada montagem. E isso é muito legal, pois faz de cada montagem única.

Você chegou a conhecer Brian May e/ou Roger Taylor? Obteve algum feedback deles sobre o seu Galileu?

AN – Infelizmente ainda não os conheci pessoalmente. Isso seria um sonho, pois sou muito fã do Queen. Mas houve um pitaco interessante de Brian May diretamente para nós [os músicos do Queen assistiram aos ensaios em vídeo). Ele disse que, independente de as músicas terem sido imortalizadas na voz de Freddie Mercury, a gente tinha de busca – e encontrar – nossa própria identidade ao interpretá-las.

Você acha que o fato de ser roqueiro na vida real influenciou na sua escolha para viver Galileu?

AN – Sim. Canto em bandas de rock desde os 15 anos e, aos quase 40, posso dizer que sou um roqueiro convicto, apesar de cantar em vários gêneros – até mesmo ópera [Alírio estudou canto lírico e dá aulas de canto]. Amo música de todos os estilos. Mas me considero devoto do rock [sua banda Artemis, de heavy metal, tocou no Rock in Rio 2015, e ele lança um disco solo este mês]. 

O que você ouve em seu “iPlayer” atualmente?

AN – Voltei a ouvir muito Queen, para me inspirar com o musical – afinal, faço sete espetáculos por semana!  Tenho curtido muito a banda Adrenaline Mob, mais pesadinha [leia-se bem pesada] e o cantor italiano Nek, em quem me inspirei muito para gravar meu primeiro disco solo.

Galileu é, até hoje, seu maior desafio como cantor? 

AN – Sim. O mais difícil em We Will Rock You é a coreografia [Alírio viveu Jesus, na montagem mesicana de Jesus Cristo Superstar e Judas, na montagem brasileira do mesmo muscial]. O grande desafio é evitar a fadiga vocal e corporal. E também o estresse psicológico decorrente de tantas exigências. Tenho de cuidar muito da voz, do corpo e da cabeça, porque senão você pira.

O que você faz para manter a forma e o pique cênico?

AN – Sou viciado em corrida, tomo muita água, tento comer na hora certa e dormir o suficiente – a qualidade do sono é fundamental para manter o pique.

Não é um estilo de vida que combina muito com rock n’roll…

AN – Não mesmo! [risos]. Está mais para atleta. Mas é essa a minha rotina. E a sigo com muito gosto e dedicação. 

Isso quando você não está pedindo sua colega de elenco em casamento no palco… [Lívia Dabarian, a sarcástica Scaramouche, que acompanha Galileu]

AN – [risos] É verdade! Eu dei um jeito e acabei me declarando durante Love of my Life [um dos momentos mais bonitos do espetáculo]. 

E quais são seus planos para o Dia do Rock? Há espetáculo nesta quarta-feira (13/07)? 

AN – Não há show na quarta, mas certamente a produção vai aprontar algo na quinta. Eu vou participar de um mutirão de roqueiros que vão doar sangue no Hospital das Clínicas – estão todos convocados – e à noite participar de show do Rafael Bittencourt], guitarrista do Angra, no Manifest. 

(Juliana Resende*/brpress)

(*) A jornalista assistiu ao espetáculo a convite da VisitBritain, em São Paulo.

Teatro Santander Complexo JK (Shopping JK) -. Av. Presidente Juscelino Kubitschek, 2041, São Paulo

Sessões: Quintas e Sextas, às 21h; Sábados, às 17h e 21h; e Domingos, às 16h e 20h.

Capacidade: 1100 lugares

Acessibilidade: O teatro conta com 16 assentos para deficientes físicos e 10 para pessoas obesas.

Classificação etária: livre

Duração do musical: 2h15

Ingressos: De R$ 40 a R$ 300

Vendas: Ingresso Rápido (com taxa de conveniência) e na bilheteria do Teatro Santander, (sem taxa de conveniência), de Domingo a Quinta, das 12h às 20h, ou até inicio do espetáculo; Sexta e Sábado, das 12h às 22h. Telefone para vendas: (11) 4003 1022 (Entretix)   

Juliana Resende

Jornalista, sócia e CCO da brpress, Juliana Resende assina conteúdos para veículos no Brasil e exterior, e atua como produtora. É autora do livro-reportagem Operação Rio – Relatos de Uma Guerra Brasileira e coprodutora do documentário Agora Eu Quero Gritar.

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