Encontrada relíquia do ‘cineasta da selva’
Encontrado filme histórico de Silvino Santos sobre a Amazônia, desaparecido por mais de um século.
(brpress) – Deu no Guardian: encontrado filme histórico sobre a Amazônia, desaparecido por mais de um século. A relíquia é de Silvino Santos, o “cineasta da selva” que revelamos numa capa exclusiva para o jornal A Crítica, em 1998. Descobrimos a obra precursora de Silvino Santos por meio do longa O Cineasta da Selva (1997), de Aurélio Michiles, que recentemente voltou ao tema amazônico com Segredos do Putumayo.
Michiles está animado com a redescoberta. “Quando realizei a cinebiografia sobre Silvino Santos foi quando um público fora da área acadêmica teve conhecimento sobre o fato de que esse que é o segundo filme de Silvino Santos foi roubado, levado para a Europa e sumiu . Felizmente agora encontrado”, festeja o diretor, que recrutou o ator José de Abreu para interpretar Silvino em seu filme.
Cinema mudo
Amazonas, Maior Rio do Mundo (1918) é considerado o Santo Graal da vida e exploração da floresta, e foi encontrado num arquivo na República Tcheca, por especialistas do Brasil e Itália, onde foi exibido no festival de cinema mudo de Pordenone e deve passar por aqui em breve.
“É basicamente um milagre”, disse Sávio Stoco, pesquisador especialista brasileiro em Santos que confirmou a descoberta. “Não tínhamos a menor esperança de que esse trabalho um dia fosse encontrado.”
‘Chapa branca’
Pioneiro no cinema documental em Terra Brasilis, no início do século 20, o português Silvino Santos trabalhava para os barões da borracha na Amazônia peruana e brasileira. Por isso, seus filmes têm uma pegada “chapa branca” para divulgação do potencial econômico da floresta, e uma visão colonial dos povos indígenas, sem enxergar os horrores que enfrentaram – reportados nos diários do dublê de diplomata britânico e ativista de direitos humanos Roger Casement.
“É claro que é um filme marcado pela perspectiva da época e pelos seus financiadores, que eram membros da elite comercial de Manaus”, diz Stoco. “[Silvino Santos] não podia falar sobre as atrocidades que estavam acontecendo na Amazônia”, diz o pesquisador, argumentando que o filme continua importante precisamente por sua perspectiva da Amazônia como “uma região a ser explorada” – uma visão que continua a impulsionar a devastação. da floresta tropical e de suas populações nativas hoje.
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