‘Avó da performance’ rompe machismo da Royal Academy of Arts

Marina Abramović é a primeira mulher a ter uma exposição individual desde a fundação da instituição, há 225 anos, e também ocupa o Southbank Centre.

 (Londres, brpress) –  O Southbank Centre liberou o bate-papo com a artista sérvia Marina Abramović, que rolou no último domingo (01/10), mediado pela escritora Katya Tylevich, sobre o livro que ambas estão lançando Marina Abramović: A Visual Biography. A conversa está no canal do centro cultural londrino no YouTube. Leia também nossa entrevista com o diretor do filme Espaço Além – Marina Abramović e o Brasil (2015), Marco Del Fiol.

Auto-intitulada “avó da performance”, simplificando uma obra colossal, a inquieta criatura e ímpar criadora é a primeira mulher a ter uma exposição individual na Royal Academy of Arts, em Londres,  desde a fundação da instituição, em 1768. A mostra, aberta em 23/09, está em cartaz até janeiro de 2024.

‘Tomada performática’

Como para remediar esse lapso da RA, Marina segue aprontando em Londres e neste domingo (08/10), volta a dar o ar da graça na “tomada performática” do Queen Elizabeth Hall, parte do Southbank Centre. promovida pelo instituto criado por ela em 2007 para apoiar a nova geração de artistas de performances, que vão reproduzir ao vivo quatro dos trabalhos da artista.

A exposição na RA traz momentos-chave da carreira de Abramović, passando por escultura, vídeo, instalação e performance. Alguns trabalhos, como The House with the Ocean View, são altamente perturbadores: a artista morou em uma casa construída em uma galeria por 12 dias, após os ataques terroristas de 11 de setembro, em Nova York, convidando o público para compartilhar o simples ato de viver.

Sem água e comida

Aos 76 anos, ela foi à abertura da exposição em Londres de navio, de Nova York, onde vive,  por estar proibida de viajar de avião por prescrição médica. Nada que assuste uma artista que leva seu corpo ao limite – ou melhor, além dele. 

Na performance The Artist is Present,  em 2010, no MoMA, ficou três meses sentada sete horas por dia, sem comida ou água, com o olhar fixo, sem alterar sua expressão facial, em frente aos visitantes do museu. Ela tinha 60 anos e virou uma espécie de popstar da arte, alcançando um grande público que normalmente não se interessa por performances. 

Leão de Ouro e xamanismo

Paralelamente a ser uma artista consolidada – ganhou um Leão de Ouro na Bienal de Veneza, em 1997 –, Marina Abramović  foi radicalizando rumo ao autoconhecimento e experiências espirituais. E essa busca por inspiração e cura de seus sofrimentos pessoais é a linha condutora de Espaço Além. 

O documentário mostra a viagem de Marina Abramović ao Brasil profundo, acompanhando suas experiências religiosas país adentro. São parte das centenas de aventuras que viveu pelo mundo em nome da arte, relatadas autobiografia Walk Through Walls, que celebrou seus 50 anos de carreira, em 2016. 

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