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Fábrica de bombas humanas

(Londres, brpress) - Violência dentro da Rússia é resultado da violência imposta ao Cáucaso, fomentando "vinganças" como atentado perpetrado por viúvas de tchetchenos assassinados. Por Isaac Bigio.

Isaac Bigio*/Especial para brpress

(Londres, brpress) – Na última segunda-feira (29/03) duas mulheres se fizeram explodir em duas estações distintas do metrô de Moscou. Antes, em 2004, houve outras duas bombas neste mesmo sistema de transporte e também, neste mesmo ano, dois aviões comerciais foram sabotados e foi assassinado o então presidente tchetcheno, Ajmed Kadirov. Nesta quarta (31/03), o líder separatista Doku Umarov, que se autoproclama líder do Emirado do Cáucaso – um Estado islâmico separatista que inclui diversas repúblicas russas da região –, afirmou ter ordenado pessoalmente os atentados.

    A violência dentro da Rússia é resultado da violência que a Rússia impôs no Cáucaso. Nesta montanhosa região que separa a Europa da Ásia se instalaram dezenas de nacionalidades com línguas muito diferentes, que se originaram no trânsito de povos entre um e outro continente.

    Ex-URSS

    A desintegração da União Soviética, em 1991, foi o resultado de um processo que se iniciou com os movimentos nacionalistas na Armênia e, em seguida, com os choques entre esta e o Azerbaijão, no Cáucaso. Em 1991, as 15 repúblicas soviéticas se separaram e o Cáucaso ficou dividido entre quatro novas repúblicas (Rússia, Armênia, Geórgia e Azerbaijão) – todas elas com problemas étnicos com seus vizinhos ou dentro de seu próprio território.

    Armênios (de credo cristão local) e azerbaijãos ou azeris (muçulmanos de língua turca) guerrearam pela zona do alto Karabaj (povoada majoritariamente por armênios, mas encravada no Azerbaijão). Na Geórgia, a Rússia atentava às demandas autonomistas ou separatistas em três de suas regiões – duas das quais possuem hoje uma independência de fato, amparada pelas tropas do Kremlim.

    Tchetchênia

    No Cáucaso russo há hoje mais de uma dezena de regiões que têm o titulo de “repúblicas” e que contam com muita autonomia. Mas algumas delas almejam por maiores poderes e mesmo a independência. O caso mais conflitante é o da Tchetchênia, cuja população muçulmana tem uma língua e um credo diferentes dos eslavos, e que também sofreu deportações massivas na era de Stálin.

    A Tchetchênia tem uma das poucas capitais européias que foi literalmente arrasada nos últimos anos e os dezenas de milhares de mortos que esta guerra produziu alimentam o caldo de cultura para várias “vinganças”, como a produzida, presumivelmente, no metrô moscovita, por viúvas de tchetchenos assassinados.

    Enquanto não seja permitida a autodeterminação das nações do Cáucaso, esta região continuará exportando bombas humanas para a Rússia, assim como a ocupação anglo-americana no Iraque e no Afeganistão alenta o crescimento da Al Qaeda no Ocidente.

(*) Analista de política internacional, Isaac Bigio lecionou na London School of Economics e assina coluna no jornal peruano Diario Correo. Fale com ele pelo e-mail [email protected] ou pelo Blog do Leitor. Tradução: Angélica Resende/brpress.

Isaac Bigio

Isaac Bigio vive em Londres e é pós-graduado em História e Política Econômica, Ensino Político e Administração Pública na América Latina pela London School of Economics . Tradução de Angélica Campos/brpress.

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