‘Divertidos com músicas tristes’
(São Paulo, brpress) - Quatorze anos após a morte do grupo, filme Mamonas Pra Sempre - O Documentário traz bom humor e tragédia de Dinho e cia. de volta à cena. Por Thaís Azevedo.
(São Paulo, brpress) – “Eles eram muito divertidos, mas as músicas eram muito tristes”. Assim Rick Bonadio, produtor de várias bandas pop, como NX Zero, define a banda Utopia, de onde vieram Dinho, Bento, Júlio, Sérgio e Samuel, pouco mais tarde conhecidos como os Mamonas Assassinas. Juntamente com um colega de trabalho, ele foi o primeiro a perceber que os paulistas só teriam sucesso ao deixar a seriedade de lado. A Utopia serve como ponto de partida para Mamonas Pra Sempre – O Documentário, dirigido por Cláudio Kahns e exibido à imprensa na manhã desta terça-feira (02/03), data em que a morte do grupo completa 14 anos.
Para contar a história do quinteto, provavelmente o mais irreverente quando o assunto é rock nacional, Kahns buscou inspiração em charges, técnicas de animação e nas pessoas que conviveram diretamente com os Mamonas. O filme tem ritmo acelerado, dispensa depoimentos exaustivos e sempre, claro, é permeado pelos hits dos rapazes, entre eles Vira-Vira e Pelados em Santos. Na tela, cenas inéditas mostram o bom humor sem fim da trupe, que lançou apenas um álbum e vendeu mais de 2 milhões de cópias.
Campeões de audiência
Todos os anos, desde março de 1996, a TV brasileira relembra a trajetória dos músicos à exaustão. O motivo, além do carisma do grupo, é simples: os Mamonas, mesmo após o fim, levam a audiência dos programas às alturas.
É Bonadio quem conta: responsável por alguns dos maiores êxitos da Rede Globo, entre eles Big Brother Brasil, José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o Boni, quis assinar um contrato de exclusividade com o grupo. “Porque toda vez que eles iam no programa do Gugu [na época, ainda do SBT], a audiência do Faustão [concorrente nas tardes de domingo] despencava”, explica o produtor.
Zopello e festinhas
Além de depoimentos como o de Bonadio e de seu ex-sócio, Samy Elia, empresário da banda, o filme tem como trunfo curiosidades da vida privada dos moços.
Nesse contexto, o vocalista surge animando comícios políticos e Valéria Zopello relata o primeiro encontro com Dinho, seu futuro namorado famoso, e a briga nos bastidores da emissora de Silvio Santos, que rendeu olhos inchados de choro e mão machucada após um soco na parede.
Mais para a frente, Samy diz que procurava alegrar os garotos quando eles se estressavam: “Fazia umas festinhas”. O que rolava nos “eventos”? “Melhor não dizer”.
Levar os garotos de Guarulhos à telona, tanto tempo após o trágico acidente de avião que encerrou suas promissoras carreiras, parece fora de contexto, mas não para os milhares de fãs que a banda deixou. Para eles, fica a voz de Dinho ao final do filme: “Vamo voltar logo, senão o pessoal vai começar a vaiar a gente”.
Mamonas Pra Sempre – O Documentário será exibido ao público pela primeira vez no dia 18/03. O filme abre o 2º Festival Internacional do Documentário Musical, no Museu da Imagem e do Som (Mis), em São Paulo.
(Thaís Azevedo/Especial para brpress)