Acesse nosso conteúdo

Populate the side area with widgets, images, and more. Easily add social icons linking to your social media pages and make sure that they are always just one click away.

@2016 brpress, Todos os direitos reservados.

Felipe Lacerda: testemunha ocular da crise ambiental.DivulgaçãoFelipe Lacerda: testemunha ocular da crise ambiental.Divulgação

Olhar estereofônico de Felipe Lacerda

(brpress) – Destaque no festival É Tudo Verdade 2010, que acontece em São Paulo e no Rio, documentarista fala a Eliane Maciel sobre seu projeto Os Representantes.

(brpress) – Felipe Lacerda, documentarista brasileiro, já montou 27 longas, dentre eles Central do Brasil, de Walter Salles, e Se Eu Fosse Você, de Daniel Filho. Os trabalhos de Lacerda são bem distribuídos entre Brasil e outros países como Inglaterra, EUA, Japão e Costa Rica, onde atua como montador e consultor para filmes.

 Além João Moreira Salles (Nelson Freire), de José Padilha (com quem trabalhou no polêmico Ônibus 174), ele montou Secrets of the Tribe, que acaba de estrear em Sundance e abre a edição carioca do festival É Tudo Verdade deste ano. Felipe também roteirizou e montou Garapa, projeto pelo qual está indicado ao prêmio de melhor montagem pela Academia Brasileira de Cinema de 2010.

 Como se fosse pouco, o documentarista carioca de 40 anos, acabou de produzir seu primeiro longa-metragem, Os Representantes – um documentário ousado que, conforme seu próprio criador, não tem a menor intenção de ser “um dedo acusatório sobre esse ou aquele político, muito menos provocar denúncia e escândalo”.
 
 Crise ambiental

 Os Representantes (The Agents, Brasil, 2010), documentário de 73 minutos, fala sobre a maior crise ambiental da história da Amazônia. Leia-se o risco de a cadeia alimentar ser quebrada para sempre e todo o ecossistema entrar em colapso – ameaça que permanece até hoje.

 Apesar da relevância e da urgência da situação na região, Felipe Lacerda retrata que a mídia brasileira prestava muito mais atenção em tudo o que chegava pelas agências internacionais de notícias – um terremoto no Paquistão e o Furacão Katrina –, do que no problema que nossa floresta (e nosso país) estava enfrentando.

 Mudança de foco

O diretor, acompanhado do fotógrafo Alberto Bellezia, foi até o local que estava prestes a viver um de seus maiores infernos. Mas seu foco mudou, no decorrer das filmagens. Os Representantes é um filme que “se transformou no seu processo de gravação”, define o diretor.

 O que começou começou com uma investigação sobre as consequências humanas e ambientais da crise ecológica, terminou com o registro da prática política no Brasil do século 21.

 O longa acontece enquanto uma câmera independente acompanha o cotidiano da atividade de distribuição de ajuda humanitária pelas Forças Armadas e da atividade política um governador de estado e de um vereador de um minúsculo município. “Um filme que aconteceu ao ser gravado”, como afirma Felipe.

 Para saber um pouco mais sobre Felipe Lacerda e também sobre toda a trama de Os Representantes, acompanhe a entrevista com o cineasta.

Como você define seu trabalho em Os Representantes?
FL – É um filme de busca; eu fui até lá (Amazônia) alertado pela crise ambiental e a partir deste fio da meada eu encontrei o microcosmo da política brasileira. Ao apontar a câmera como eu fiz, eu encontrei coisas que passam todos os dias por nós, mas pelas quais não se importa mais, e perdem o sentido. Vendo um vereador atuar mais de perto, por exemplo, pude enxergar melhor as práticas politicas e passei a entender melhor a política do mundo inteiro,  política do Brasil. Nada é feito se a sociedade assim não quiser. Não é uma responsabilidade única do governo, ou de um político. E é isso que eu tento mostrar no filme.

Você disse que seu filme não é um dedo acusatório ou um desejo de denúncia. Mas, no fundo, não é exatamente isso o que você está fazendo, mesmo que de uma forma mais politicamente correta? Fale sobre isso.

FL –  Não. Não é. Digo isso porque em primeiro lugar eu acho que as pessoas que estão no meu filme são produtos do meio e a sociedade que os elege é tão responsável quanto cada um deles. Não quero que meu filme seja denominado assim, e não é por medo nem nada, é simplesmente porque meu filme não é assim, não tem esta intenção.

Qual a diferença entre trabalhar com Walter Salles, Daniel Filho, José Padilha e isoladamente com Felipe Lacerda?

Felipe Lacerda – Acho que sou mais exigente quando trabalho pra mim mesmo do que quando em parcerias como estas. Quando você tem que assumir seu próprio papel de “chefe” pode ser complicado, pois  é responsavel por tudo, pelos julgamentos, opiniões, orçamento.

Quais os maiores prazeres em trabalhar com o cinema de ficção, com o cinema documentário e com a TV (em comerciais e videclipes)?

FL – Eu gosto muito dessa variedade de formatos. Quando eu editava Nelson Freire (o filme) fazia A Partilha ao mesmo tempo – saia do filme super concentrado, aquela atmosfera de música erudita, e ia para a comédia de costumes. No dia seguinte, eu incorporava elementos de comunicaçao de público, também editando comerciais. Quando se faz este tipo de trabalho, seu olhar fica mais apurado; para mim, esta história de você ter que fazer uma coisa só nunca colou. Sou muito estereofônico, aprendo tudo muito rápido e me alimento de cada mídia. Gosto disso.

Como é ser indicado ao prêmio de melhor montagem pela Academia Brasileira de Cinema/2010 com Garapa?
FL – É sempre bacana ver seu trabalho reconhecido. Espero que o filme seja olhado em breve como um filme histórico, que não faz mais sentido… Mas tenho poucas esperanças de que isso realmente aconteça. A questão da fome no Brasil não é só alimento para toda a população. É uma questão política, contextual, educacional. Esse tipo de fome que sofremos não acaba com um prato de comida, ela demora gerações.

Os Representantes na Mostra Competitiva Nacional do Festival É Tudo Verdade será exibido nas seguintes sessões:

São Paulo
10/04 – Espaço Unibanco, às 21h;

11/04 no Espaço Unibanco, às 15h;

15/04 , no Unibanco Arteplex, às 17h e às 21h.

(Eliane Maciel/Especial para brpress)

Cadastre-se para comentar e ganhe 6 dias de acesso grátis!
CADASTRAR
Translate