Acesse nosso conteúdo

Populate the side area with widgets, images, and more. Easily add social icons linking to your social media pages and make sure that they are always just one click away.

@2016 brpress, Todos os direitos reservados.

Acompanhamento psicológico de vítimas

(Rio de Janeiro, brpress) - Psicanalista alerta para necessidade de evitar que elas apresentem transtorno de estresse pós-traumático – semelhante ao que acomete populações expostas a conflitos violentos.

(Rio de Janeiro, brpress) – A psicanalista Soraya Hissa de Carvalho alerta sobre a necessidade de ser feito, pelo menos nos próximos seis meses, o acompanhamento psicológico e psiquiátrico das vítimas das enchentes registradas recentemente no país. O objetivo é  evitar que elas apresentem o transtorno de estresse pós-traumático – semelhante ao que acomete populações expostas a conflitos violentos. A doença faz parte do grupo de transtornos de ansiedade.

    A especialista explicou, em entrevista à Agência Brasil, que existem três situações de estresse que podem ocorrer nesse tipo de tragédia. A primeira é o estresse imediato, ou reação aguda ao estresse, em que a pessoa fica como em estado de choque. Esse tipo de estresse é resolvido em poucos dias ou horas, “às vezes com ou sem medicamento”, disse.

Crônico

    O problema pode evoluir também para o estresse crônico, embora com recuperação posterior. “E pode surgir, até seis meses depois, o estresse pós-traumático que, de todos, talvez seja o mais perigoso, porque a pessoa fica em estado de latência e a partir daí pode modificar toda a personalidade. E não tem volta”, acrescentou.

    Por isso, a médica destacou a necessidade de que esses pacientes sejam ouvidos sobre o que está ocorrendo e examinados por um período mais longo. “Quem for fazer o diagnóstico deve estar atento a várias alterações”. Ela explicou que caso se trate de estresse pós-traumático, esse paciente pode estar em estado de torpor, agressividade, ou mesmo de medo de tornar a vivenciar o trauma e, no decorrer de seis meses, pode surgir o transtorno.

Mutirão de saúde mental?

    “Aí é que o paciente chega a uma situação que a gente tem que prevenir de todas as formas”. Essa pessoa deve ser ajudada para que não falte alimento, abrigo, agasalho, ou seja, tudo o que o ser humano precisa minimamente para sobreviver.  “E a turma que também olha a saúde mental deve estar atenta e dar apoio a ela nos próximos seis meses, para ver se terá alguma alteração de personalidade. E havendo, tem que ser tratada, para que consiga reverter o processo”.

    Soraya Hissa destacou ainda a importância de que paralelamente aos movimentos de reconstrução das cidades atingidas por tragédia, haja a preocupação de recuperar a auto-estima da população, reintegrando as pessoas à rotina de trabalho e às atividades do cotidiano.

    “É muito importante porque, a partir do momento em que a situação já está mais ou menos sob controle,  a pessoa tem que voltar [às atividades]. O ser humano precisa da rotina. Ele precisa saber que tem que levantar, trabalhar, que tem que colocar os primeiros tijolos da casa dele. Ou então tomar providências para buscar a própria  subsistência e daqueles que restaram da família”.

A psicanalista lembrou a importância da ajuda coletiva para as vítimas das tragédias, pois ajudam a diminuir o sofrimento daqueles que não têm para onde ir e nem sabem como recomeçar. “Todos aqueles que tiverem condições, por favor, ajudem. Porque a gente estará praticando um ato humano, de cidadania e de prevenção a doenças psiquiátricas que podem surgir no futuro. E em um futuro breve”, alertou.

    Como o poder público ainda não se manifestou no sentido de prover atendimento psicológico às vítimas de enchentes, fica a pergunta: como a sociedade civil poderia preencher também esta lacuna, de maneira eficaz e organizada?

(*) Com informações com Agência Brasil.

Cadastre-se para comentar e ganhe 6 dias de acesso grátis!
CADASTRAR
Translate