
Crime organizado, polícia e políticos se misturam no Rio
Segundo o sociólogo José Cláudio Souza Alves, as milícias se tornaram, ainda nos anos 90, "o próprio estado".
(Rio de Janeiro, brpress) – Como a disputa entre grupos armados no Rio de Janeiro se conecta à execução de médicos num quiosque na Barra da Tijuca? Mais de 10 dias após o assassinato, pouco se sabe sobre a real motivação do crime, aparentemente cometido por milicianos, segundo a polícia.
Para o sociólogo José Cláudio Souza Alves, “não tem nenhuma coincidência trágica, não tem nenhum acaso”. Alves lembra que o Rio passa por um “rearranjo” de forças no crime organizado desde a execução do miliciano Ecko, em 2021.
Complexo de Israel
Naquele mesmo ano, traficantes que se dizem evangélicos se uniram a uma milícia para expandir o chamado Complexo de Israel, que engloba as favelas Vigário Geral, Parada de Lucas e Cidade Alta ao Quitungo. No Complexo de Israel, a prática de religiões afro-brasileiras é proibida e bandeiras do país em guerra com a Palestina são hasteadas para marcar território.
“O estado convive há muito tempo com esses grupos, obtendo deles inúmeros benefícios: é grana, é suborno, é controle territorial, é obtenção de votações”, afirma Alves.
Segundo o sociólogo, professor e ex-pró-reitor de Extensão da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), as milícias se tornaram, ainda nos anos 90, “o próprio estado“.
“Os paramilitares se elegem vereadores, prefeitos, deputados e exercem influência em vários outros políticos que ajudam a eleger”, ressalta Alves.
O próprio ex-presidente da República, Jair Bolsonaro,, em campanha eleitoral, elogiou os grupos armados em entrevista à rádio Jovem Pan. “Tem gente que é favorável à milícia, que é a maneira que eles têm de se ver livres da violência”, disse. Seu filho, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), foi acusado de envolvimento direto com milicianos, sendo chamado “investidor-anjo das milícias”,
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