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Vladimir Putin e Boris Johnson na Conferência sobre a Líbia. Foto: RussianPresidential Executive OfficeVladimir Putin e Boris Johnson na Conferência sobre a Líbia. Foto: RussianPresidential Executive Office

União Europeia teme Rússia

País usa os altos preços do gás para expandir política externa que pode se chocar com UE, com a controversa reeleição Putin. Por Issac Bigio.

Isaac Bigio*/Especial para brpress

(Londres, brpress) – No domingo (04/03), quando Putin estava prestes a ser eleito novamente, o Ministro de Relações Exteriores do trabalhismo britânico, David Milliband, escreveu que “a Rússia é um vizinho da Europa”. Esta ideia de que o gigante russo não faz parte de seu continente é algo muito comum entre os vários líderes europeus.

    O paradoxo é que a Rússia e os dois países onde mais se fala o idioma russo – Belarus e Ucrânia – conformam a metade dos 10 milhões de quilômetros quadrados que compõem a Europa. 

Estranho gigante

    Trata-se do único continente que não está rodeado de água e que realmente deveria ser considerado mais como uma península de outro. A Europa nunca estabeleceu claramente em que parte do território russo está o limite entre o continente e a Ásia.

    Além disso, após o surgimento da União Europeia, tende-se a considerar os países menos liberalizados e ocidentalizados do oriente europeu eslavo e muçulmano como se pertencessem a outro continente.

    No entanto, da “Europa” fazem parte a Guiana Francesa e as Malvinas na América do Sul, quase todas as ilhas do grande Atlântico e várias outras do Caribe, Índico e Pacífico, afastadas milhões de quilômetros quadrados no Pólo Sul.

Religião e política

    Certamente, o que define a Europa não é tanto um critério geográfico, mas politico, social e religioso. Este é o continente moldado por Roma (primeiro, a imperial, e em seguida a do Papa). Aquelas zonas que foram se afastando do catolicismo (e de suas dissidências protestantes de até quatro séculos) não são automaticamente consideradas como europeias.

A União Europeia somente aceita entre seus membros quatro dos 11 Estados cristãos ortodoxos e nenhum dos quatro países com maioria muçulmana da Europa.

Tende-se a excluir a Rússia da Europa pois seu território mais que triplica o da UE e centra-se na Ásia, ainda que o principal critério seja politico. Moscou se converteu no reduto da única igreja ortodoxa que rivalizou com o papado e que, além disso, ficou completamente subordinada ao imperador local (o oposto do que se passava com o catolicismo).

    Também teve uma monarquia absolutista, depois uma economia planificada sob um partido comunista único e, finalmente,  possui um capitalismo autocrático e nacionalista.

Evolução diferente

    Estes fatos marcaram uma evolução diferente à da UE, a qual é uma federacão de países com capitalismos liberais de bem-estar social e alternância no poder entre partidos de centro-direita e de centro-esquerda.

    Tanto a Rússia como a UE representam dois modelos de expansão do cristianismo branco. Enquanto a primeira conquistou o norte asiático, a segunda o fez pelo resto do globo, moldando o atual capitalismo democrático.

    A “dessovietização” da Rússia não conduziu a um liberalismo, mas a um novo modelo que usa os altos preços do gás para expandir uma política externa que há de se chocar com a UE, podendo fazer que, com a controversa reeleição de Vladimir Putin, se reeditem elementos da antiga Guerra Fria.

(*) Isaac Bigio vive em Londres e é pós-graduado em História e Política Econômica, Ensino Político e Administração Pública na América Latina pela London School of Economics.

(Tradução: Angélica Campos/brpress)

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Isaac Bigio

Isaac Bigio vive em Londres e é pós-graduado em História e Política Econômica, Ensino Político e Administração Pública na América Latina pela London School of Economics . Tradução de Angélica Campos/brpress.

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