Para viajar com Wim Wenders
(São Paulo, brpress) - Um viciado em lugares. Assim é Wim Wenders, que está no Brasil, para a abertura de sua exposição de fotografias, Lugares, Estranhos e Quietos.
(São Paulo, brpress) – Um viciado em lugares. Assim é Wim Wenders. No Brasil, para a abertura de sua exposição de fotografias, Lugares, Estranhos e Quietos, nesta quarta (20/10), no Masp, dentro da 34a. Mostra Internacional de Cinema, o arteiro germânico, mais conhecido como cineasta, diretor dos clássicos Paris, Texas (1984) e Asas do Desejo (1987), e clipes da “fase alemã” do U2, conversou com a imprensa sobre fotos, filmes e viagens.
“Nasci com esse vício”, diz, sobre o fato de não viver sem viajar, o que considera um privilégio, e conhecer os tais lugares. Qualquer canto, de preferência deteriorado ou abandonado (“esses têm mais história”), está valendo e ganha atenção do mestre das câmeras. “Gosto de procurar os mais estranhos recôncavos do universo”, assume, partidário da seguinte teoria: “Quem procura acha o que quer – aquilo que imaginou que acharia”.
Wenders raramente se engana – ainda mais depois de uma vida dedicada à busca por landscaps (“coisa de menino que queria ser pintor”, explica, e daqueles tragicamente românticos, como o conterrâneo Caspar David Friedrich). Nas fotos de Wenders, são paisagens e os tais lugares que fazem o cenário quase sempre desolador e surreal (ou seria hiper-real?), como num Paris, Texas estático e global.
Com Wenders, viajamos para cafundós e signos tão distintos quando um cemitério na Armênia, o alto de um arranha-céu em São Paulo, um grafite de Os Gêmeos em Wuppertal, um parque dos dinossauros no Deserto de Mojave e uma cratera de meteorito na Austrália. Passamos também por uma roda gigante enferrujada e uma casa toda furada de balas num bairro judeu em Berlim. Depois, um banco vermelho.
Imagens-almas
As imagens surgem em ampliações como interrogações, calmas, inertes, gigantes, intrigantes, imponentes, lembrando que são obras do homem. Ao primeiro instante, do olhar apurado, poético e assombrado de um homem. “Acredito que essas são as verdadeiras almas das pessoas”, comenta, para depois se chamar de “antigo” por odiar ambientes criados artificialmente, em computador.
O mundo tem tanto canto interessante que Wenders não vê a necessidade de se criar outros. “Gosto dos lugares vazios. Quando tem gente, espero ir embora para fotografar. Passo a conhecer o local de maneira melhor durante a espera”, revela, óclinhos redondo, terninho estiloso, anéis delicados, o cabelo moderno para um sujeito de 65 anos. Afinal, ele é Wim Wenders, testemunha ocular da Queda do Muro.
Coadjuvante com seu olhar em tudo que recria por meio de suas câmeras – seja de cinema, de foto ou 3D, tecnologia pela qual se apaixonou e na qual filmou um documentário da bailarina Pina Bausch (1940-2009) –, Wenders é um dos grandes artistas destes tempos de reprodutibilidade e ideias fáceis. Privilégio é tê-lo entre nós como guia de viagens.
Em tempo: quatro filmes de Wim Wenders são exibidos na Mostra. São eles: Paris, Texas (1984), Asas do Desejo (1987), Até o Fim do Mundo (1991) e O Filme de Nick (1980).
Veja aqui [http://br.mostra.org/director/278] as sessões dos filmes do diretor que serão exibidos na Mostra.
Os ingressos variam entre R$ 7,00 (meia) e R$ 18,00.
Visitação: terça a domingo, das 11h às 18h; quinta, das 11h às 20h. Até 09/01/2011.
Para mais informações sobre a exposição, acesse: http://masp.art.br/masp2010/
(Juliana Resende/brpress)
MASP – Av. Paulista, 1578; (11) 3251-5644